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sábado, 30 de março de 2013

O que está por trás das ameaças da Coreia do Norte?

As palavras do novo líder nortecoreano são para consumo interno, principalmente — mas ainda assim o quadro é preocupante.
Exercícios militares americanos e sulcoreanos na Península Coreana
Exercícios militares americanos e sulcoreanos na Península Coreana
O artigo abaixo foi publicado, originalmente, na BBC.
Mais de 40 mil soldados americanos e sulcoreanos estão conduzindo manobras militares na Península Coreana, como parte do exercício Foal Eagle.

Aviões de combate, bombardeiros e submarinos dos EUA se dirigiram à região, em um esforço para “melhorar a segurança e a preparação” da Coreia do Sul. 

Esses exercícios são considerados uma maneira visível pela qual Washington reafirma sua aliança com Seul.
 
A Coreia do Norte supostamente interpreta o propósito desses exercícios de maneira diferente, ao afirmar que poderiam servir para encobrir a preparação de um ataque surpresa. Em resposta, o país recorreu à sua ferramenta mais familiar: inflamadas ameaças de escalada do conflito.
 
A cobertura internacional das tensões com a Coreia do Norte cria a impressão de que suas ameaças recentes em resposta aos exercícios militares surgiram do nada.
Na verdade, há décadas  o país tem se oposto ruidosamente às manobras conjuntas entre americanos e sulcoreanos. A diferença dessas ameaças mais recentes é sua intensidade e especificidade.

Durante o mês passado,  a Coreia do Norte prometeu rasgar o armistício de 1953 entre as duas Coreias e fechar a linha direta na região da fronteira.
Logo depois, anunciou que havia aumentado o nível de preparação para o combate de suas forças de artilharia, com as bases americanas em Guam e no Havaí na mira. Ainda mais audacioso foi o anúncio de que se reserva o direito de uma guerra nuclear preventiva contra Washington e Seul.

Há poucas razões para suspeitar que as ameaças serão cumpridas, no entanto.  Uma razão é que o principal público para as palavras duras de Kim Jong-un é doméstico.
O jovem líder foi promovido rapidamente nas fileiras do Exército Popular da Coreia por seu falecido pai, apesar de ter feito pouco para merecer essas qualificações.
O jovem líder nortecoreano tem se reunido frequentemente com os militares
O jovem líder nortecoreano tem se reunido frequentemente com os militares
Enfrentar os inimigos da Coreia do Norte ajudará Kim Jong-un a consolidar seu poder militar e político.
Uma segunda causa para a calma temporária são as deficiências tecnológicas da Coreia do Norte nos campos nuclear e de mísseis.
Em sua maioria, os analistas concordam que é pouco provável que o país tenha dominado com êxito a tecnologia necessária para colocar uma ogiva nuclear em um míssil balístico e lançá-lo contra Washington.
No entanto, seus recentes testes nucleares e lançamento de míssil demonstram que a Coreia do Norte está ansiosa para avançar em sua capacidade nesse campo.

Se podemos repudiar as ameaças como bravatas destinadas principalmente ao público doméstico, é possível que as inseguranças subjacentes da Coreia do Norte sejam sinceras.
O temor de que exercícios militares possam ser usados para encobrir a preparação de um ataque surpresa contra a Coreia do Norte parece incompreensível de um ponto de vista ocidental.
Mas a Coreia do Norte, que pensa em termos militares primeiro e dá prioridade à auto-suficiência em seus assuntos, poderia receber com ceticismo a ideia de que os exercícios conjuntos sejam apenas sobre preparação para responder a um ataque ou uma demonstração benigna do compromisso da aliança entre Coreia do Sul e EUA.

O que possivelmente consolida a interpretação divergente da Coreia do Norte é o fato de que em 1950 ela própria usou exercícios com fins dissimulados.
Em junho de 1950, o país colocou em marcha um plano que encobria movimentação militar em grande escala em direção ao paralelo 38 sob o disfarce de exercícios de treinamento. Várias divisões se dirigiram para o sul, em direção a Seul, desencadeando a Guerra da Coreia.
Governos americanos anteriores reconheceram tacitamente que a lacuna no entendimento entre Washington e Pyongyang (capital da Coreia do Norte) sobre o propósito das manobras militares é ampla.
O ex-presidente americano Bill Clinton cancelou repetidas vezes exercícios  para aplacar as preocupações de Pyongyang e incentivar negociações sobre seu programa nuclear. Na verdade, o risco não é uma guerra em grande escala ou um ataque nuclear, mas um erro de cálculo.
A Coreia do Norte continua buscando novas formas de emitir ameaças, em parte em uma tentativa do regime de consolidar seu poder e em parte esperando que os EUA cancelem seus exercícios, como fez Clinton. Entretanto, os americanos mantêm os exercícios e voos de B-52 sobre a península coreana.
Esse padrão preocupante ocorre na ausência de um compromisso regular entre os EUA e a Coreia do Norte. Caso persista, o risco de um erro de cálculo de quaquer uma das partes vai aumentar.
A Coreia do Norte poderia interpretar mal uma ação futura dos EUA e determinar que existe uma ameaça iminente e existencial ao regime – e decidir agir preventivamente em relação a isso. Ou pode sentir que sua retórica não funciona mais e pode decidir que uma ação mais agressiva é necessária para fazer jus a suas palavras.

Um teste sobre a sinceridade dos temores norte-coreanos em relação às manobras militares será medir a retórica do regime quando os exercícios forem concluídos, em abril.
As saídas para a atual situação são limitadas. É pouco provável que conversações entre Washington e Pyongyang convençam a Coreia do Norte a renunciar a seu programa nuclear.
Mas o diálogo sobre a segurança na península coreana, incluindo a questão dos exercícios militares, poderia ajudar a evitar mais mal-entendidos e erros de cálculo. Poderia garantir que a Coreia do Norte ouça não apenas as fortes mensagens de segurança da aliança adaptadas para Seul.
Os EUA deveriam também ser cautelosos com qualquer esforço subsequente para reassegurar o compromisso com seus aliados, a fim de não exacerbar as potenciais inseguranças da Coreia do Norte.
Medidas como manter na região ativos militares com capacidade nuclear poderiam prolongar incessantemente o risco de erro de cálculo quando terminarem os exercícios Foal Eagle. 


Fonte: DCM 

Free ilustration by: militanciaviva

VOLTAR AO HOMEM

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(JB) - Este foi um ano, no Brasil e no mundo, contra o homem. Esta Sexta Feira  da Paixão, que lembra a morte de Cristo, deveria ser consagrada a todos os flagelados, torturados e mortos, sob o signo da ignomínia na história. 

Ano a ano, cresce a esperança de paz entre os verdadeiros cristãos, e ano a ano, essa esperança se desfaz, diante da brutalidade e da indiferença de uma sociedade devotada ao culto da violência.   
 Há poucos dias, um jogador de futebol que se destacara como goleiro de popular clube do Rio, confirmou, no tribunal, que um comparsa matara uma de suas eventuais amantes, esquartejara o corpo e atirara as partes a cães famintos. A notícia foi lida com aparente indiferença. Nenhuma das mais conhecidas personalidades públicas brasileiras manifestou sua indignação contra crime tão hediondo. 
Durante o processo, em que se investigava o desaparecimento da jovem, surgiram informações de sua vida irregular, como garota de programa e atriz de filmes pornográficos, como se tal comportamento devesse ser punido com a morte.
Eliza Samúdio
O horror a que essa jovem foi submetida, pelo fato de exigir do pai de seu filho que assumisse a responsabilidade devida, não espantou ninguém. E a ignomínia do expediente assumido pelos assassinos, de fazer com que os cães devorassem seus restos, a fim de oculta-los, tampouco trouxe indignação a uma sociedade tão preocupada com a sobrevivência de rãs e lagartos.
         
Confirma-se a previsão de grandes pensadores do passado, de que a tecnologia, ao nos oferecer instrumentos mágicos, nos devolveria à barbárie. Como estamos no Brasil, poucos se espantam (embora em número bem maior do que ocorreu com a morte da “namorada” do goleiro) com a escolha do “pastor” Marco Feliciano para presidir à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. 
'Pastor Feliciano

O estranho religioso, que deveria estar na cadeia pela ofensa feita à metade da população brasileira, negra e mestiça, aferra-se ao cargo, com a protérvia de afirmar que só sai dali morto.
        Flagrado em vídeo que o mostra em pleno ato de estelionato, ao exigir de um fiel a senha de seu cartão de crédito, o “pastor” não foi expelido  da Comissão, pela negligência ética e cumplicidade corporativa da Câmara.  Ele e o seu partido, que se intitula “cristão”, são uma blasfêmia e um insulto ao homem de Nazaré que nos dá a sua mão na difícil travessia da vida. Se a Câmara guardar um mínimo de ética deve ir além – e cassar o seu mandato. Vamos ver como agirá nesta segunda feira, que lembra a Ressurreição.
        Estamos perdendo a alma, no abismo profundo do egoísmo – ou, na melhor teologia, no abismo do inferno. Esse é o verdadeiro suicídio da Humanidade, que poucos percebem. Podemos refletir hoje, à margem das homilias dos sacerdotes e da bela liturgia da paixão, sobre estes dois tristes episódios de nosso país e nosso tempo, entre outros: o martírio de uma mulher infeliz, que sonhou com a segurança e a riqueza para seu filho, e a petulância de um falso religioso, impiedoso e hipócrita, misógino e racista, que responde a processo por estelionato no STF, infelizmente eleito por cidadãos de São Paulo - que se orgulha de ser o mais rico e mais civilizado dos estados brasileiros.

Postado por Mauro Santayana

 Free ilustration by: militanciaviva!

CÁMPORA, O BREVE



Continuo meu trabalho de resgate de personagens históricos esquecidos ou mais ou menos esquecidos. Hoje é a vez de Héctor Cámpora que, há exatos 40 anos, foi eleito presidente da Argentina, tendo governado por menos de dois meses. 
____________________Héctor Cámpora toma posse como presidente em 1973
Cámpora se candidatou por uma frente peronista, a Frente Justicialista de Libertação (FreJuLi) porque a ditadura do general Alejandro Augustín Lanusse proibira o general Juan Domingo Perón, exilado na Espanha desde 1955, de concorrer à Casa Rosada.Perón preparava sua volta triunfal. O slogan da campanha era: “Cámpora no governo; Perón no poder”.Perón o escolhera por sua lealdade, a qual vários companheiros ridicularizavam. Na época circulava em Buenos Aires uma piada; Perón se dirige a Cámpora: “Que horas são?”, pergunta. “A hora que o senhor quiser, meu general”, responde Cámpora.    Tudo correu bem até que Cámpora vestiu a faixa presidencial, em 25 de maio de 1973. Os problemas com Perón começaram na mesma noite, quando manifestantes Montoneros – a esquerda peronista – abriram as prisões e libertaram presos políticos que estavam condenados ou sendo julgados por tribunais militares. A iniciativa atropelou inclusive a anistia política que tinha sido acordada por Cámpora com as forças políticas argentinas, mas precisava de 48 horas para ser transformada em lei.   
Cámpora (esq.) e Perón
A incapacidade de Cámpora em controlar a situação irritou o velho caudilho, que do exílio madrilenho pôde ver os montoneros ocuparem edifícios públicos e privados. O general antecipou seu regresso e forçou Cámpora a renunciar 49 dias depois de ter assumido. O flerte de Cámpora com a esquerda fez com que ele caísse definitivamente em desgraça com Perón. Ele ficou completamente isolado dentro do peronismo.   
Nas novas eleições, em 23 de setembro de 1973, Juan Perón e sua mulher Isabelita, candidata a vice, tiveram 61% dos votos. Aquelas eleições não seriam da Juventude Peronista e dos Montoneros, mas de seus rivais, a direita peronista e os sindicatos. O tempo daqueles jovens e o do próprio Cámpora tinha passado. O rompimento final se deu no dia 1º de maio de 1974, quando, num comício no balcão da Casa Rosada, Perón chamou os militantes esquerdistas de “imberbes e estúpidos” e os expulsou da Praça de Mayo. Dois meses depois, o próprio Perón estava morto. E a Argentina, sob Isabelita e López Rega, iniciava a descida aos infernos.
Hoje, a esquerda peronista identificada com o governo Kirchner formou uma organização denominada La Cámpora, em homenagem ao velho líder falecido em 1980. A organização é chefiada pelo filho de Nestor e Cristina, Máximo Kirchner.

Ator da série Harry Potter morre após cirurgia

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foto
O ator britânico Richard Griffiths, mais conhecido por seus papéis em "Os Desajustados" e na série de filmes do Harry Potter, morreu aos 65 anos, após complicações decorrentes de uma cirurgia no coração, disse seu agente nesta sexta-feira.
 

Griffiths passou quase quatro décadas no rádio, cinema, televisão e no palco, e recebeu alguns dos maiores prêmios da indústria por seu papel na peça "The History Boys", de Alan Bennett.
O ator marcou as telas com o papel de Tio Monty no filme cult "Os Desajustados", de 1987. Mas os fãs mais jovens vão se lembrar dele por uma figura muito mais cruel --Vernon Dursley, o tio de rosto rosado do Harry Potter.

Daniel Radcliffe, que interpretou o menino bruxo e atuou ao lado de Griffiths na peça de teatro "Equus", afirmou que o artista veterano o encorajava e o treinava, ajudando-o a superar o nervosismo. 



Portal Yahoo

quarta-feira, 27 de março de 2013

CHIPRE - RESGATAR UM PARAISO FISCAL

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A pequena ilha no Mediterrâneo oriental é responsável por apenas 0,2% do PIB da União Europeia. Mas a arquitetura do novo plano de “resgate” para o Chipre faz renascer o medo sobre o futuro do euro. Como isso é possível? Adiantando conclusões, o plano de recuperação para o Chipre implica três grandes perigos.

A economia cipriota sofreu gravemente com a crise Europeia. Seus dois principais bancos sofreram fortes perdas pela reestruturação da dívida na Grécia e a recessão levou ao colapso a arrecadação. O presidente do Chipre, Nicos Anastasiades, voltou no fim de semana passado de Bruxelas com um pacote de recuperação.

 O acordo, para este pequeno país, apresentava grandes dificuldades. Primeiro, a dívida não inclui grandes portadores de bônus que pudessem ser candidatos em um esquema de reestruturação ao estilo grego. Segundo, qualquer corte no principal dos bônus soberanos significaria a quebra de bancos cipriotas que são os mais expostos. Por isso se optou por outro enfoque.

Em troca de uma injeção de 10 bilhões de euros, o governo em Nicósia se comprometeu em estabelecer um imposto sobre depósitos bancários. Segundo esse plano as contas de mais de cem mil euros deveriam pagar 9,9%, enquanto abaixo desse montante pagariam 6,75%. Esperava-se que o montante arrecadado alcançasse 5,8 bilhões de euros.

Ao escrever estas linhas foi anunciado que o parlamento cipriota rejeitou o imposto projetado e com isso se desintegrou o plano de resgate. Mas independentemente do curso que tomem os acontecimentos (com um novo plano de resgate), o drama cipriota revelou vários ângulos desagradáveis sobre a crise Europeia e sobre a natureza da união monetária.
A base da economia cipriota está precisamente nos serviços financeiros: o tamanho do setor bancário é 8,35 vezes o PIB da ilha. Para ser mais claro, há anos o Chipre se converteu em um gigantesco paraíso fiscal no qual se podem abrir contas bancárias com rapidez, discrição e baixo custo. A minimização de custos fiscais é acompanhada da possibilidade de penetrar na esfera do euro. Por isso há mais de 1.400 empresas russas registradas no Chipre, incluídas algumas das maiores, como Gazprom, Norilsk e Lukoil.As operações de lavagem de dinheiro também são facilitadas, uma vez que o Chipre é um espaço preferencial para a máfia russa. O governo russo, com Vladimir Putin à frente, deixou claro sua contrariedade a respeito do que considera um imposto confiscatório. Calcula-se que os depósitos realizados por pessoas e empresas russas na ilha ultrapassam os 30 bilhões de dólares, aproximadamente 40% dos depósitos. Diz-se que, na verdade, que o Chipre tem sido há anos o cavalo de Troia que a máfia russa usou para penetrar na zona do euro. Não por nada, há pouco Moscou outorgou ao Chipre um crédito de 2,5 bilhões de euros e já está envolvido com as empresas que descobriram grandes reservas de gás natural na Zona Econômica Exclusiva do Chipre.
Naturalmente, o acordo com a troika (Banco Central Europeu – BCE, Fundo Monetário Internacional – FMI e Comissão Europeia. N. do T.), ia acompanhado das demais condições que estiveram afundando a Grécia, a Itália, a Espanha, Portugal e Irlanda. A austeridade fiscal (4,5% do PIB) e a contração salarial aprofundaram a recessão. Mas o imposto sobre os depósitos é o que mais chama a atenção e revela a podridão que é o projeto neoliberal de união monetária na Europa.
A troika mostrou suas cartas e deve estar furiosa. Ensaiaram-se muitas opções na crise Europeia, mas até agora haviam evitado impor um gravame sobre depósitos bancários porque estas medidas são consideradas confiscatórias. E é verdade que algo disso tem esta disposição. Mas, como os bancos cipriotas estão reciclando recursos enviados pelas grandes companhias (e a máfia) russas, a troika decidiu que desta vez os depositantes poderiam suportar o custo do ‘resgate’. Ao fazê-lo mostraram que até os depositantes ocupam um lugar secundário em suas prioridades.
A rejeição do parlamento cipriota ao plano de resgate servirá para manter contentes os grandes ‘investidores’ russos na ilha. Parece que o objeto de resgate de todos, incluindo os parlamentares, é o status de paraíso fiscal. A troika não só castiga povos inteiros para salvar os bancos, mas também está comprometida com o resgate de paraísos fiscais, ainda que tenha que trair alguns de seus princípios (se é que alguma vez os teve). 



Do site Sin Permisso, com tradução da Carta Maior

A pequena ilha no Mediterrâneo oriental é responsável por apenas 0,2% do PIB da União Europeia. Mas a arquitetura do novo plano de “resgate” para o Chipre faz renascer o medo sobre o futuro do euro. Como isso é possível? Adiantando conclusões, o plano de recuperação para o Chipre implica três grandes perigos.

Primeiro, destrói as expectativas que se tinham sobre a união bancária proposta para a Zona Euro. Além dos problemas de supervisão sobre os bancos, a crise cipriota revela que, se os banqueiros são sagrados, os depósitos não. Segundo, reaviva os temores de efeitos de contágio sobre outros países na Zona Euro, entre eles a Itália e a Espanha, desta vez no comportamento dos depositantes. Terceiro, abre um novo flanco no teatro da crise Europeia ao envolver a Rússia.

A economia cipriota sofreu gravemente com a crise Europeia. Seus dois principais bancos sofreram fortes perdas pela reestruturação da dívida na Grécia e a recessão levou ao colapso a arrecadação. O presidente do Chipre, Nicos Anastasiades, voltou no fim de semana passado de Bruxelas com um pacote de recuperação. O acordo, para este pequeno país, apresentava grandes dificuldades. Primeiro, a dívida não inclui grandes portadores de bônus que pudessem ser candidatos em um esquema de reestruturação ao estilo grego. Segundo, qualquer corte no principal dos bônus soberanos significaria a quebra de bancos cipriotas que são os mais expostos. Por isso se optou por outro enfoque.

Em troca de uma injeção de 10 bilhões de euros, o governo em Nicósia se comprometeu em estabelecer um imposto sobre depósitos bancários. Segundo esse plano as contas de mais de cem mil euros deveriam pagar 9,9%, enquanto abaixo desse montante pagariam 6,75%. Esperava-se que o montante arrecadado alcançasse 5,8 bilhões de euros.

Ao escrever estas linhas foi anunciado que o parlamento cipriota rejeitou o imposto projetado e com isso se desintegrou o plano de resgate. Mas independentemente do curso que tomem os acontecimentos (com um novo plano de resgate), o drama cipriota revelou vários ângulos desagradáveis sobre a crise Europeia e sobre a natureza da união monetária.

A base da economia cipriota está precisamente nos serviços financeiros: o tamanho do setor bancário é 8,35 vezes o PIB da ilha. Para ser mais claro, há anos o Chipre se converteu em um gigantesco paraíso fiscal no qual se podem abrir contas bancárias com rapidez, discrição e baixo custo. A minimização de custos fiscais é acompanhada da possibilidade de penetrar na esfera do euro. Por isso há mais de 1.400 empresas russas registradas no Chipre, incluídas algumas das maiores, como Gazprom, Norilsk e Lukoil.

As operações de lavagem de dinheiro também são facilitadas, uma vez que o Chipre é um espaço preferencial para a máfia russa. O governo russo, com Vladimir Putin à frente, deixou claro sua contrariedade a respeito do que considera um imposto confiscatório. Calcula-se que os depósitos realizados por pessoas e empresas russas na ilha ultrapassam os 30 bilhões de dólares, aproximadamente 40% dos depósitos. Diz-se que, na verdade, que o Chipre tem sido há anos o cavalo de Troia que a máfia russa usou para penetrar na zona do euro. Não por nada, há pouco Moscou outorgou ao Chipre um crédito de 2,5 bilhões de euros e já está envolvido com as empresas que descobriram grandes reservas de gás natural na Zona Econômica Exclusiva do Chipre.

Naturalmente, o acordo com a troika (Banco Central Europeu – BCE, Fundo Monetário Internacional – FMI e Comissão Europeia. N. do T.), ia acompanhado das demais condições que estiveram afundando a Grécia, a Itália, a Espanha, Portugal e Irlanda. A austeridade fiscal (4,5% do PIB) e a contração salarial aprofundaram a recessão. Mas o imposto sobre os depósitos é o que mais chama a atenção e revela a podridão que é o projeto neoliberal de união monetária na Europa.

A troika mostrou suas cartas e deve estar furiosa. Ensaiaram-se muitas opções na crise Europeia, mas até agora haviam evitado impor um gravame sobre depósitos bancários porque estas medidas são consideradas confiscatórias. E é verdade que algo disso tem esta disposição. Mas, como os bancos cipriotas estão reciclando recursos enviados pelas grandes companhias (e a máfia) russas, a troika decidiu que desta vez os depositantes poderiam suportar o custo do ‘resgate’. Ao fazê-lo mostraram que até os depositantes ocupam um lugar secundário em suas prioridades.

A rejeição do parlamento cipriota ao plano de resgate servirá para manter contentes os grandes ‘investidores’ russos na ilha. Parece que o objeto de resgate de todos, incluindo os parlamentares, é o status de paraíso fiscal. A troika não só castiga povos inteiros para salvar os bancos, mas também está comprometida com o resgate de paraísos fiscais, ainda que tenha que trair alguns de seus princípios (se é que alguma vez os teve)Primeiro, destrói as expectativas que se tinham sobre a união bancária proposta para a Zona Euro. Além dos problemas de supervisão sobre os bancos, a crise cipriota revela que, se os banqueiros são sagrados, os depósitos não. Segundo, reaviva os temores de efeitos de contágio sobre outros países na Zona Euro, entre eles a Itália e a Espanha, desta vez no comportamento dos depositantes. Terceiro, abre um novo flanco no teatro da crise Europeia ao envolver a Rússia.

Chávez por García Márquez

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O escritor colombiano Gabriel García Márquez conheceu o líder venezuelano em Havana, ao redor de diferentes compromissos com Fidel Castro.
Desde 5 de março, abundam no planeta midiático as notícias, os artigos e as análises sobre o panorama político da Venezuela. Textos que provavelmente estavam prontos e engavetados, à espera do anúncio da morte de Hugo Chávez. 
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                                               Gabriel Gárcia Márquez
Também não faltam as tentativas de biografar a trajetória do presidente para chegar ao poder, de imaginar o chavismo sem Chávez e de resgatar fatos históricos que talvez lancem uma luz sobre o futuro do país. 
Grande parte desse esforço é válido, mas uma pergunta continua ecoando sem resposta: quem era Chávez?
É importante ressaltar: nem todas as perguntas foram feitas para ser simplesmente respondidas.
Embora seguir os rastros de 100% delas seja sem dúvida o que há de mais relevante na nossa existência aqui, neste mesmo planeta onde somos varridos por uma enxurrada de notícias que serão rapidamente esquecidas, como água de chuva.
Passeando pela internet em busca de um esforço mais humano e portanto talvez mais perene de perfilar o Hugo, eis que me encontro com um texto em espanhol que anda circulando muito ultimamente, com o título original de “O enigma dos dois Chávez”.
Data de 1999, quando Chávez foi eleito democraticamente presidente pela primeira vez, e seu autor é alguém sabe bem como se inventam os grandes personagens: o escritor colombiano Gabriel García Márquez.
García Márquez e Chávez se conheceram em Havana, ao redor de diferentes compromissos de um e de outro com Fidel Castro. Subiram juntos a um avião da Força Aérea Venezuelana para viajar a Caracas, e aproveitaram as horas mortas para falar da vida.
Como bem se sabe, um político talentoso sabe falar, e um bom escritor sabe ouvir. O que era um bate-papo virou “uma boa experiência de repórter em repouso”, conforme escreveu García Márquez, e, para nós, um par de linhas capazes de invocar a sensação de que Chávez era uma pessoa e não somente o primeiro dos chavistas.
Era inevitável para o colombiano não pensar em 4 de fevereiro de 1992, e ele trouxe para o papo a ocasião em que Chávez liderou um levante cívico-militar contra o governo venezuelano daquele então. Já naquele tempo, comenta García Márquez, difundia-se “a imagem de déspota através dos meios”, e ele se sentia influenciado por ela, ainda que quisesse ampliá-la.
“Chávez se rendeu, com a condição de que o deixassem dirigir-se, ele também, ao povo por televisão (...).
O jovem coronel venezuelano, com boina de paraquedista e sua admirável facilidade de palavra assumiu a responsabilidade do movimento”, escreve García Márquez sobre o discurso da derrota que muitos acreditam ter sido, na verdade, o primeiro passo da campanha que embalou sua eleição menos de nove anos depois.
O texto, de maneira geral, se vale se um par de episódios marcantes na vida de Chávez - o levante de 1992, a fundação do movimento bolivariano no qual se associou com colegas militares, o impacto que teve a morte de Salvador Allende para seu despertar político, sua tentativa de resgatar o legado ao bisavô, suposto guerreiro em prol de causas inspiradas também por Simón Bolívar - para contar entre uma linha e outra amenidades que desenham um ser humano.
Descobrimos, talvez já sabendo de um ou outro detalhe, que Chávez foi filho de professores de primária, que vendeu doces e frutas no semáforo, era leonino (“signo do poder”), recitava de memória poemas de Neruda e de Walt Whitman, foi pintor de quadros, músico de serenatas, jogador de beisebol e sempre um pouco obcecado em cada tarefa que se impunha.
De que serve tudo isso? Politicamente, de nada. Mas aí resgatamos a ideia de uma esquecida condição humana e lembramos que quem não resistiu a um câncer no último 5 de março foi uma pessoa. 
A viagem de García Márquez no avião a Caracas se deu justamente a isso: descobrir o homem, sem ter que eliminar o personagem. “Me estremeceu a inspiração de ter viajado e conversado a gosto com dois homens opostos. Um a quem a sorte inveterada oferecia a oportunidade de salvar seu país. E o outro, um ilusionista, que podia passar à história como um déspota mais”, conclui o escritor.
Análise de Conjuntura

Julia Gabriele, 11 anos, execrada publicamente nas redes sociais (por causa de sua… sobrancelha)


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O Cyberbullying de uma garota, o lado perverso da internet e o que seus filhos têm a ver com isso?

Julia Gabriele é uma menina de 11 anos que, como todas as meninas de 11 anos, está no Facebook.
Há alguns dias, uma foto dela foi compartilhada (ou “roubartilhada”, como diz meu amigo Caco de Paula) por uma das milhares de páginas de “humor” do FB.
O autor fazia uma piada com as sobrancelhas grossas de Julia — um meme. Rapidamente, o retrato conseguiu mais de 5 mil compartilhamentos. Seguiram-se comentários tenebrosos. Não demorou para o perfil de Julia ser invadido por gente postando fotos de pinças e tesouras, entre outros dando dicas de como ela deveria cuidar de seus pelos faciais.
Julia é uma nova vítima do cyberbullying, a prática da difamação e de humilhação da internet. Se fosse há 20 anos, provavelmente ela seria ridicularizada na sala de aula. Hoje, com as redes sociais, as salas de aula têm milhões de valentões anônimos.
A culpa é da internet? Sim e não. A web amplifica o pior e o melhor das pessoas. Nunca houve tanto acesso ao conhecimento e à informação. Mas ela criou monstros sem rosto, que acham que são impunes. Não são. Podem ser processados. O próprio Facebook permite que o bullying seja denunciado. Uma das páginas humorísticas já foi retirada do ar. Outras continuam lá, como a de um certo “Ted Putão”, inspirado no urso de pelúcia que protagonizou uma comédia de Seth McFarlane. Ted Putão, seja lá quem for, tem 388 mil likes e define o que faz como “humor controversial (sic)”. Publicou que “pelo menos ela ficou famosa, vai para o programa da Eliana e vai raspar a sombrancelha! É nóis fazendo os nego feliz, eita orgulho desses putões HAUHAUAHUA” (Você conhece alguém pela capacidade de escrever HUAHAUHAUHAU ou KKKKKKKK).

“Pelo menos ela ficou famosa e vai raspar a sombrancelha!” Ass.: Ted Putão


Julia, obviamente, sentiu o golpe. “Todas as pessoas estão rindo de mim, pessoas da minha cidade, pessoas que conheço, aqui na internet, estou chorando o dia inteiro por causa de vcs”, escreveu.
Ontem circulou um boato de que havia se suicidado, o que não era verdade (uma americana de 13 anos se matou o ano passado por causa desse tipo de coisa; a família de outra ganhou 1 milhão de dólares na justiça). Gente que se compadeceu da história de Julia acabou criando tributos no Facebook.
O estrago, porém, está feito. Agora, no Twitter, Julia está sendo trolada, a pegação no pé da era digital. É um massacre. Maldade, estupidez, sadismo, fofoca, o horror, o horror – tudo isso com erros de português dignos do Enem por cima. (Para ser justo, a indignação também chegou ali).
Julia não é a primeira e não será a última a passar por isso. “Ficou bastante claro que nossa tecnologia superou nossa humanidade”, disse Einstein. Ao ver seus filhos grudados em telas em sua casa, no restaurante ou no carro, lembre-se de que eles podem estar vendo vídeos de bandas das quais você gosta, conversando com os amigos da escola, lendo o Diário – ou assistindo a execração pública de uma criança. Por via das dúvidas, dê um livro para eles ou leve-os para passear de bicicleta. Ainda que eles se machuquem, é mais saudável.


 Kiko Nogueira no DCM

Brics anunciam criação de banco de desenvolvimento próprio


Chefes de estado anunciam banco próprio do Brics. Mais de 50 bilhões de dólares vão ser investidos.

O grupo de países emergentes conhecido como Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) aprovou nesta quarta-feira (27/03), em Durban, na África do Sul, a criação de um banco de desenvolvimento comum. 
 
O anúncio foi feito nesta manhã pelo presidente sul-africano, Jacob Zuma, no último dia da reunião de cúpula entre os cinco membros.

"Decidimos criar um novo banco de desenvolvimento", declarou Zuma na sessão plenária da 5ª Cúpula anual das cinco principais economias emergentes do mundo.
A nova instituição bancária terá os mesmos moldes do Banco Mundial. Cada país que integra o bloco deverá destinar pelo menos 10 bilhões de dólares para formar o capital inicial da instituição, que deve chegar a 50 bilhões de dólares. O banco centrará as ações no financiamento de projetos de infraestrutura.
Outra proposta acordada foi a criação de um fundo, estimado em 100 bilhões de dólares, para ajudar países emergentes com problemas financeiros.
Após anunciar nesta terça-feira(26) um acordo comercial com a China de cerca 60 bilhões de dólares, a presidente Dilma Rousseff disse que a criação do "Banco do Brics" vai colaborar para o desenvolvimento da região e dos demais países emergentes.
“É um banco talhado para as nossas necessidades. Temos de estreitar laços e criar mecanismos de apoio mútuos”, destacou a presidente. “É um mecanismo de estabilidade que pode criar linhas recíprocas de crédito, fortalecendo a solidez do mercado internacional.”
A ideia é que a nova instituição bancária seja uma espécie de alternativa ao Banco Mundial e ao FMI (Fundo Monetário Internacional). Dilma destacou também a importância de manter uma posição de otimismo, mesmo diante das dificuldades causadas pela crise econômica internacional, que atinge principalmente os 17 países da zona do euro.
“Devemos ter o otimismo e o dinamismo, reiterar a confiança e manter uma atitude contra o pessimismo e a inércia que atingem outras regiões. Vamos responder a essa crise com vigor”, disse a presidenta que também elogiou a criação de um fundo para ajudar os países emergentes.
Na reunião de hoje entre os chefes de estado, ela ratificou que o principal desafio do Brics, agora, é superar as dificuldades econômicas e sociais para atingir o mesmo nível dos países desenvolvidos. Dilma reiterou que a crise econômica, que afeta principalmente os europeus, não pode contagiar o Brics e os países emergentes.
“Não podemos permitir que os problemas dos países avançados criem obstáculos para os nossos países. Nosso desafio é encontrar um caminho mais vigoroso”, ressaltou. 
 
 
Dol

JN - O DIA QUE WILLIAN BONNER FICOU COM CARA DE TACHO

Foi desastrosa e hilária para a já maculada imagem da Rede Globo a maneira como Willian Bonner deu a noticia sobre a suspensão da violenta ação que o Batalhão de Choque da Polícia Militar executava na desocupação de uma área na zona leste de São Paulo,ontem (26). Quase gaguejando Bonner enrolou a língua dando uma verdadeira 'volta olimpica' para revelar a solução humanista oferecida pelo prefeito Fernando Haddad que interviu em favor do povo declarando a área de utilidade pública para fins de apropriação.

Disse Bonner: " depois do governador Geraldo Alkimin falar com o prefeito", este decidiu desapropriar a área objeto do conflito. A clara tentativa do apresentador,possivelmente seguindo orientação do seu chefe, Alí Kamel, foi desqualificar a feliz intervenção de Haddad que, afinal, apenas fazia valer naquele momento uma das mais velhas bandeiras da esquerda brasileira e do PT, representada no direito a moradia,acesso que, na outra ponta e sustentado pelo vitorioso programa Minha Casa Minha Vida,marca viva da gestão de Lula e Dilma. A cara de tacho de Bonner ao tentar mascarar o acerto do novo modelo de administração implantado por Haddad, virou motivo de chacota geral na rede.

Por: Eduardo Bueres

BBB13 tem a pior audiência de todas - povão cansou da porcaria global


BBB 13: audiência de 24 pontos, contra 47 do BBB 5
BBB 13: audiência de 24 pontos, contra 47 do BBB 5
De acordo com o jornal “Agora São Paulo e com o site RDI, do portal iG, o reality show “Big Brother Brasil 13″ deve fechar a edição com a pior audiência da história franquia no País.
Até a quinta-feira, 21, o programa comandado pelo apresentador Pedro Bial estava com uma média geral que batia na casa dos 24 pontos na Grande São Paulo, onde cada ponto equivale a 62 mil domicílios.
De acordo com esses números, a edição registra o pior índice entre todos já exibidos da atração, que já havia batido seu recorde negativo na décima segunda edição com 25 pontos. A melhor edição em termos de audiência foi o “BBB 5″, que contou com o hoje deputado Jean Wyllys e a atriz Grazi Massafera e registrou média de 47 pontos.
Embora esteja no mesmo bonde da TV brasileira no quesito queda de audiência, o número de patrocinadores e anunciantes do programa só cresceu. Tanto é verdade, que o BBB 13 apresentou pelo menos o triplo de merchandising em comparação ao BBB 12.
De acordo com os números da empresa que monitora inserções comerciais para o mercado, a Controle da Concorrência, do dia 8 de janeiro (data de estreia) ao dia 3 de fevereiro, o "BBB 13" exibiu merchandising 309 vezes, ante 106 do "BBB 12" no mesmo período.
Em menos de um mês de exibição o reality já contava com 11 anunciantes diferentes apostando nesse tipo de ação. As informações que circulam no mercado é que cada ação isolada de merchandising dentro casa do "BBB" custa em média R$ 3 milhões.  



Fonte Tribuna da Bahia

Santarém: Cacique Crisomar da Terra Indígena Maró é encontrado morto

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Por Fabio Pena
O cacique Manoel Crisomar dos Santos Costa, 60 anos, da Aldeia São José 3 na região da Gleba Nova Olinda, no Rio Maró, em Santarém/ PA foi encontrado morto hoje, dia 26/03 em igarapé nas proximidades de sua aldeia. Ele estava desaparecido desde o último sábado, dia 23, quando, segundo familiares, saiu para visitar parentes que moravam em outro lado do lago da comunidade.

Com a demora em sua volta, seus parentes iniciaram as buscas para encontrá-lo. Após horas percorrendo a região da comunidade, a canoa que ele usava habitualmente foi avistada, e um pouco mais à frente, estava o corpo do cacique.
Popularmente conhecido como Tracajá, Manoel Crisomar foi uma liderança forte que lutava pela união da comunidade, pela preservação de suas tradições e da floresta em que vivia. Foi lutador incansável pela criação da Terra Indígena Maró, que já passou pelo processo de identificação (reconhecimento da etnia Arapium) e delimitação da área a ser demarcada, na região conhecida como Gleba Nova Olinda.

Em função da luta das comunidades pela criação da terra indígena, a região vive momentos de tensão e conflitos que envolvem lideranças comunitárias e empresas interessados na exploração da madeira na região. Algumas lideranças foram ameaçadas, como Odair Borari, da Aldeia Novo Lugar, que anda com escolta policial.

Não se sabe as causas da morte, mas por se tratar de uma região conflituosa, e por envolver um liderança indígena, o Ministério Público Federal solicitou que a Polícia Federal investigasse as causas da morte. Uma equipe da PF e do Instituto Médico Legal deve seguir amanhã para a comunidade para apurar os fatos.

Uma equipe do Projeto Saúde & Alegria e outras organizações sociais de Santarém também segue amanhã para São José para prestar solidariedade à família e à comunidade e acompanhar a apuração.

Fonte: Rede Mocoronga

UMA EPOPÉIA SOVIÉTICA

Guerrilheiras soviéticas

Há 70 anos ocorreu na Ucrânia uma das maiores expedições punitivas realizadas pelos nazistas durante a II Guerra Mundial. O episódio, estranhamente esquecido, ficaria conhecido como Massacre de Koriukivka, vilarejo da Ucrânia onde as tropas SS assassinaram 6.700 habitantes e queimaram suas casas, em represália às ações dos partisans soviéticos liderados por Oleksiy Federovych Fedorov (1901-1989). A ironia é que os invasores alemães tinham sido inicialmente bem recebidos por parte dos ucranianos oprimidos pelo stalinismo, mas a política de terra arrasada dos nazistas fez crescer rapidamente o apoio à resistência. O vilarejo de Koriukivka foi libertado pelo Exército Vermelho dias depois, em 19 de março. Para se ter uma ideia da tragédia em Koriukivka, o massacre da cidade de Lídice (Tchecoslováquia) no ano anterior, em represália ao assassinato do general SS Reinhard Heydrich, custou a vida de 340 pessoas (1.500 em toda a Tchecoslováquia). Já no episódio das Fossas Ardeatinas, que teve lugar em 24 de março de 1944 em Roma, 335 italianos foram mortos pelos nazistas em represália ao assassinato 33 soldados alemães pelos partigiani.

Oleksiy Fedorov
Já Oleksiy Fedorov se tornaria um dos maiores ícones da resistência soviética. Ele havia lutado em 1920 na Guerra Civil russa nas fileiras do Exército Vermelho e entrado para o Partido Comunista em 1927. Quando a Alemanha Nazista invadiu a União Soviética, ele se tornou um dos principais organizadores da resistência armada. Entre 1941-1942 Fedorov comandou unidades guerrilheiras que mataram cerca de mil soldados alemães. Suas unidades guerrilheiras ainda participaram da libertação de outras regiões da União Soviética. Durante a operação na Central Ferroviária de Kovel, em 1943, seus partisans destruíram cerca de 500 vagões de suprimentos alemães, com munição, combustível e equipamentos. Por sua atuação na resistência antinazista, Fedorov recebeu o título de Heroi da União Soviética e a Ordem de Lênin.