quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

PORQUE LULA - A EXEMPLO DO QUE FEZ CHICO BUARQUE - NÃO PODE DEIXAR DE PROCESSAR O DONDÔCO 'DASLUNIANO'JOÃO DÓRIA

TOMBINI, O PAI DO TOMBÃO DA SENHORA ROUSSEFF: UM DESASTRE CHAMADO BANCO CENTRAL




Luis Nassif
O dia em que se fizer o inventário da atuação do BC na gestão Alexandre Tombini, provavelmente se terá o retrato de uma das mais desastradas gestões da história pós-estabilização, só superada pela de Gustavo Loyolla e seus 45% de taxa básica ao ano.
Desde o primeiro governo Dilma, avaliações incorretas do BC sobre a economia comprometeram a política econômica e ajudaram a jogar a economia nesse buraco.

O erro fundamental foi a reversão da política monetária em fins de 2012, voltando a subir a Selic justo em um momento em que se iniciava um remanejamento dos investimentos - dos fundos de pensão e dos grandes gestores de fortunas - em direção à infraestrutura e a investimentos de longo prazo.
A reversão da Selic pegou todos no contrapé, especialmente os gestores de fortuna que, entusiasmados com o sucesso das políticas anticíclicas de 2008, convenceram seus clientes a apostar no longo prazo.
Sabe-se lá qual cenário foi soprado no pé de ouvido de Dilma para essa mudança de rota. Mas no início de 2013 fiz uma longa entrevista com ela para tentar entender seus motivos. A explicação que a convenceu foi a de que o FED (o Banco Central norte-americano) em breve iria começar a aumentar as taxas de juros, provocando uma fuga de capitais externos do Brasil. A alta da Selic, portanto, seria preventiva.
O grande operador de mercado é o que consegue intuir melhor a linha de médio prazo da economia real e identificar os chamados fatores de volatilidade. Tendo clara essa linha, vai dando bicadas nos pontos fora da curva, acentuados pelo superdimensionamento de eventos políticos ou econômicos, sabendo que mais cedo ou mais tarde o mercado volta para a linha principal..
O quantitative easing teve o mesmo papel para o mercado do “bug do milênio” para o setor de informática: aumentar a volatilidade através do pânico para faturar em cima do medo, ajudando a ampliar as oscilações.
Não havia nenhuma base séria para se acreditar em mudança radical no FED. Dada a fragilidade da economia mundial e norte-americana, as feridas ainda abertas dos mercados e do sistema bancário, e aos enormes impactos das decisões do FED na economia mundial, nenhum analista de fôlego apostaria em inflexões bruscas em sua política monetária. Mas o douto Banco Central do Brasil preferiu acreditar nas marolas do mercado.
Conclusão: a política monetária do BC brasileiro sofreu mudança brusca de rota, enquanto a política monetária do FED até hoje segue sem alterações.
Os cenários pós-eleições
No pós-eleição, repetiu-se o mesmo erro baseado em fantasias absurdas.
Para convencer Dilma a adotar políticas fiscais pró-cíclicas, que obviamente aprofundariam a recessão, o ex-Ministro da Fazenda Joaquim Levy apelou para estudos do Departamento Econômico do BC sustentando que seria necessário um sacrifício mínimo do mercado de trabalho para se derrotar a inflação.
Em março, na entrevista dada a blogs, Dilma dizia que “o pior já passou”. Qualquer analista, com um mínimo de experiência sobre os humores da economia interna, com um mínimo de informações sobre a economia real, e de experiência histórica, sabia que a crise mal tinha começado.
Depois do desastre consumado, o BC divulgou novos trabalhos retificando as projeções otimistas.
O terceiro erro foi a manutenção da política monetária, mesmo após a divulgação dos dados do PIB mostrando uma economia desabando.
A carta formal de explicações pelo fracasso no alcance das metas de inflação é um clássico contemporâneo dos cabeças de planilha. Como justificar elevação – ou mesmo manutenção da Selic nos atuais patamares – com a demanda desabando, o PIB caindo, o desemprego em vias de explodir?
O relatório se valia dos dados existentes (passado) para admitir a queda do PIB – mesmo porque eram fatos. Para justificar a política de elevação da Selic, valia-se de suposições, meras suposições - não alicerçadas em nenhum dado quantitativo, nenhum conjunto de fundamentos consistentes – de que a economia iria melhorar.
A convicção era tão precária que, mal saíram as projeções do FMI, Tombini jogou a toalha e endossou suas previsões de que a recessão continuaria. E na véspera da reunião do Copom! Como entender que uma instituição internacional, que tem por obrigação analisar a economia de TODOS os países do globo, tenha mais convicção sobre a economia brasileira do que o BC, com uma enorme equipe de PhDs dedicando-se exclusivamente a estudar o Brasil?
As razões dos erros do BC
Vários fatores explicam essa sucessão de erros.
O primeiro, o próprio enfraquecimento da discussão macroeconômica brasileira, com os economistas de mercado tornando-se o único referencial da mídia e do BC.
O segundo, no fato de se ter entregue o BC à corporação
Em princípio, nada contra. Em outros tempos, a Sumoc e, mais tarde, o BC, teve papel relevante em momentos cruciais da história conduzida pela nata do funcionalismo público brasileiro da época. Mas eram técnicos que transitavam por todos os setores da economia, até por sua ligação original com o Banco do Brasil.
O BC atual foi vítima de um conjunto de erros.
O mais relevante foi subordinar toda a análise econômica a uma única linha de pensamento, cm interlocução exclusiva com o mercado. Como resultado, tocavam a economia brasileira com o manual de funcionamento da economia norte-americana. O FED mantém nas suas agências estaduais e na central compartilhamento de informações com setores da economia real discussões entre economistas de linhas econômicas diversas sobre problemas reais.
O BC brasileiro regrediu, tornou-se vítima de um vício de gestão já superado em empresas modernas, de cada departamento definir metas para si independentemente dos resultados de sua ação sobre a companhia como um todo. O BC age como se os efeitos da política econômica sobre a dívida pública, o nível de atividade, a queda da arrecadação não fossem problemas dele.
Além disso, a insegurança de Tombini fê-lo focar todas as discussões exclusivamente no sistema de metas inflacionárias – que ele ajudou a desenvolver – em si. Seu conhecimento restringe-se à literatura econômica norte-americana. E a insegurança de Dilma fê-la espanar o recurso à dúvida. Porque a dúvida exige compreensão, para justificar a decisão.
A entropia do BC foi de tal ordem que seus PhDs sequer se deram conta de uma correlação óbvia, brandida por eles próprios:

1. Seundo eles, não se pode reduzir os juros enquanto a parte fiscal não for equacionada.
2. Juros elevados derrubam a arrecadação, inviabilizando qualquer possibilidade de ajuste fiscal.
3. Sem ajuste fiscal, os juros têm que continuar aumentando.

E como é que se sai desse círculo vicioso? Simplesmente admitindo que, com o PIB despencando, com a demanda despencando, teria que rever a política monetária.
Precisou o alerta do FMI para o BC começar a despertar.

O SACO DE MÚSCULOS CARENTE DE NEURÔNIOS CALUNIADOR, DIZ QUE É ELE QUE DEVIA PROCESSAR LULA



do Facebook de Wanderlei Silva 

Brutamonte mentiroso após caluniar a família do Presidente Lula tenta agora de se fazer 
passar de vitima

do uol:
“Se alguém tem que processar alguém, eu é que tenho que processá-lo. Porque ele me enganou me
levando a votar nele na primeira campanha em que ele venceu. Eu achei que ele ia fazer o que estava 
falando. Acreditei que iria ser o ‘salvador da pátria’. Aquele cara que veio do nada e representa o 
povo, iria andar na retidão, alguém que sabe realmente o que é suar e o que é sofrer.”
Essa foi a reação do ex-lutador do UFC Wanderlei Silva, ao saber que o ex-presidente Luiz Inácio 
Lula da Silva havia se manifestado pelo Facebook afirmando que os advogados “avaliarão as 
eventuais medidas legais cabíveis”.


A postagem do ex-presidente ocorreu em relação a uma publicação compartilhada por Silva, na 
madrugada de terça-feira (19), exibindo a foto de um suposto filho seu abastecendo uma lancha que 
seria avaliada em R$ 20 milhões e colocando dúvidas sobre a origem do patrimônio da família do 
petista.
“Eu não posso afirmar com toda certeza que era ou não o filho dele e o valor da lancha. Não conheço 
nada de barcos, mas entendo de esforço do povo brasileiro. Essa voz de indignação está na garganta. 
Todo mundo está triste, revoltado, perdendo o emprego. Acabei de voltar ao Brasil e estou espantado 
com o Brasil”, disse o lutador (…).

O Oportunismo de Lula..... faz o pêndulo do PT se mover à esquerda; é a campanha eleitoral de 2016




por Luiz Carlos Azenha

O ex-presidente Lula viajou o Brasil várias vezes.
Ele conhece o país física e intuitivamente.
Tem o Nordeste no DNA. Cresceu com os deserdados de São Paulo.
Lutou com a elite operária do ABC industrial. Não há outro líder com a sensibilidade social de Lula.

Fernando Henrique Cardoso, o líder intelectual da oposição, é um sociólogo de elite. Que só montou num jegue e se declarou com “um pé na cozinha” durante campanhas eleitorais. A relação entre FHC e o povo brasileiro é de água e óleo. O povo sabe que FHC não é “dos seus”.
Lula, não. Ele usa muitas metáforas no discurso. Algumas não fazem o menor sentido, mas garantem que seu discurso chegue ao povão. Ele adora falar como o pai e a mãe que administram o Brasil como se fosse uma imensa família, quando não é. Pelo contrário: a História do Brasil é a história da insurreição e da supressão dos que lutam por direitos. Mas Lula, o conciliador, parece realmente
acreditar que o empresário Gerdau e o sindicalista Vicentinho podem conviver harmoniosamente.
Em outras palavras, Lula incorpora a ideia de que o pobre brasileiro “sabe o seu lugar”.
O ex-presidente diz que Dilma está à sua esquerda. Confere. Diz-se que Golbery, o fiador da abertura lenta, gradual e restrita da ditadura militar, preferia Lula aos comunistas. O irmão de Lula era comunista. Ele, nunca foi. Lula é um social democrata, cujo horizonte é dar casa própria e automóvel a todos. Num país de deserdados e de imensa desigualdade social, como o Brasil, isso é revolucionário. Lula fala sempre nos bagres e nos sapos como um estorvo ao desenvolvimento. Ele ainda não chegou ao ponto de reconhecer que sem os bagres e os sapos nós, seres humanos, não sobreviveremos nesta Terra.
Como diz Paulo Henrique Amorim, sempre um observador arguto de nossa realidade, os tucanos vivem na e da mídia. Tiram o oxigênio dos colunistas de jornais, emissoras de rádio e TV. Não têm qualquer afinidade com o povo brasileiro. Eleitoralmente, sobrevivem na negação do outro. São, assim, cópia fiel da UDN. Criam uma realidade paralela, a do eterno “mar de lama”, para se apresentarem como “alternativa” à corrupção — da qual, aliás, fazem parte intimamente. PHA diria: qual é a ideia política original dos tucanos, além de entregar o patrimônio público para financiar seus governos? Eles sobrevivem vendendo a soberania brasileira.
Lula, na entrevista aos blogueiros, admitiu hoje que o PT se tornou um partido igualzinho a todos os outros. Fato. Quando ele fala que alguns companheiros “erraram”, provavelmente está se referindo aos crimes cometidos por gente como o ex-líder do governo Dilma no Senado, Delcídio do Amaral, que armava para tirar uma testemunha-chave do Brasil.
Todos os escândalos tucanos sobreviveram ao PT no poder: sanguessugas, vampiros, mensalão, petrolão. Em torno deles, o famoso pacto das elites.
O ex-presidente tem razão quando diz que o PT é perseguido pela mídia desde que ele assumiu o poder, em 2002. Vi isso de dentro da redação da TV Globo. Eu estava presente — e abominei — quando colegas jornalistas aplaudiram Lula antes da entrevista que ele deu ao Jornal Nacional, depois que se elegeu. E abominei quando, na onda das primeiras denúncias do mensalão, a Globo entrou na onda de criminalizar o PT, o que já dura mais de 12 anos. Testemunhei pessoalmente: a Globo colocou todos os seus recursos materiais e profissionais para investigar o PT, quando não fez o mesmo com nenhum outro partido.
A postura da mídia como linha auxiliar da oposição, no entanto, não deve ser usada como desculpa para o “reformismo fraco” do PT. Desde que José Dirceu, com suas alianças a qualquer custo, levou Lula ao poder, o PT se tornou ferramenta da “modernização conservadora” do Brasil. Um partido da ordem, que proporcionou migalhas aos mais pobres enquanto os mais ricos enchiam as burras de dinheiro.
O governo de coalizão do PT só pode se dar ao luxo de ser social democrata na bonança.
Na crise, banca a lei antiterrorismo contra os movimentos sociais, a reforma da Previdência, os leilões do pré-sal, o desmanche da Petrobras e da Eletrobras.
Na entrevista aos blogueiros, Lula mais uma vez mexeu com o pêndulo. Como líder mais importante do PT, se disse contra a lei antiterrorismo, a venda da Gaspetro e da Transpetro e propôs uma política econômica distinta do austericídio de Dilma.
É como se fosse aquele jogo do bad cop (Dilma) e do good cop (Lula).
Lula prega o apoio a Dilma, mas se distingue dela com propostas à esquerda, para não perder o campo político essencial, onde se encontra a militância do partido.
É sempre assim, desde a campanha de 2002: à esquerda durante a campanha, à direita no governo, à esquerda às vésperas do próximo período eleitoral, à direita depois da composição do governo.
Um pêndulo que, apesar de hipnotizar alguns blogueiros, se move de forma oportunista.
Mantém, como cenoura no horizonte, as reformas que realmente importam: democratização da mídia, reforma tributária que obrigue os ricos a assumirem carga tributária hoje carregada pela classe média e os mais pobres, soberania nacional sobre setores estratégicos (energia, comunicações e recursos naturais), um banco central que não esteja a serviço eminentemente do sistema financeiro.
O PT continua acreditando que pode se perpetuar como o menos ruim dos partidos.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Chico não aceita desculpas e vai manter processo contra antiquário canalha

Chico Buarque e sua família decidiram manter o processo de danos morais que pretendem mover contra o antiquário e jornalista João Pedrosa, por um comentário dele numa rede social ofendendo-os.

De acordo com a assessoria do compositor, os Buarque de Holanda não encararam o pedido de desculpas de Pedrosa, divulgado pela Folha nesta segunda (18), como uma retratação.

Além do comentário pelo qual o antiquário se desculpou, os advogados de Chico pretendem anexar ao processo um outro post de Pedrosa, feito no Facebook. Neste, ele diz: “Marieta, tolinha, não entende de números, ou porque o marido dela se vendeu para o PT em troco da irmãzinha ser a pior ministra da cultura que o Brasil já teve chamada de 0 à esquerda pela revista ‘VEJA’ (sic).”

A família achou que o antiquário elencou uma série de desculpas para seu comportamento, sem retirar as acusações que fez. Para os advogados, Pedrosa tentou fazer parecer que agiu de rompante, mas seria reincidente nesse tipo de comportamento.

A Folha entrou em contato com João Pedrosa, que preferiu não comentar a decisão. “Se for para a justiça, é um assunto para meus advogados”, disse.

Chico Buarque vai processar ainda Guilherme Gaion Junqueira Motta Luiz, fazendeiro paulista que estava entre o grupo de jovens que hostilizou o cantor em dezembro, quando ele saía com um grupo de amigos de um restaurante no Rio de Janeiro.

O empresário postou, segundo a assessoria do compositor, um “meme” com a foto de Chico em seu Facebook depois do episódio dizendo: “Oi, eu sou o Chico e vivo dos seus impostos”.

(…) 

Fonte: DCM

Entrevista de Lula teve vários recados a Dilma

por Gisele Federicce 

Lula comentou, em uma das respostas, o quão difícil é eleger um sucessor. "É muito difícil eleger sucessor. Quando você tem um cara de oposição no governo, tudo fica mais fácil porque é só descer o cacete. Mas quando você elege um sucessor, você tem obrigação de ser parceiro, obrigação de ajudar nos bons momentos e nos maus momentos, se não você não é parceiro, se não você não é companheiro".
O ex-presidente admitiu um "equívoco político" do governo Dilma, "já admitido" por ela, que foi o fato de o PT ganhar as eleições com um discurso e depois tê-lo mudado. "A Dilma dizia que não mexeria no direito do trabalhador nem que a vaca tussa, que ajuste era coisa de tucano... e depois ela foi obrigada a fazer", lembrou. "Nós não ganhamos uma pessoa do mercado com isso", lamentou. "Não ganhamos ninguém e perdemos a nossa gente".
Segundo ele, "a Dilma tem um desafio agora. Em algum momento nesse mês vão ter que anunciar alguma coisa, até para explicar por que o [ex-ministro da Fazenda, Joaquim] Levy saiu, o que vai mudar". Lula cogitou que a presidente faça um pronunciamento "logo, logo" para anunciar o que virá nos próximos anos de seu governo.
Como que num lamento, Lula admitiu aos jornalistas que não venderia os ativos da Petrobras. "Eu, sinceramente, não venderia. Se o governo entendeu que essa era a saída, paciência. Eu não faria", disse. "Nós não podemos abrir mão do que é estratégico para o país", acrescentou, citando França e Alemanha como exemplos. "Aquilo que é estratégico está nas mãos deles. Não abrem mão, não".
Ao fazer críticas a notícias negativas divulgadas diariamente na imprensa tradicional, Lula sugeriu: "A Dilma tem que fazer a pauta desse país, toda semana criar um fato político. Se não será pautada pelos jornais, todo dia uma denúncia diferente". Para ele, "o governo não pode deixar que uma minoria paralise o País, paralise o governo".
Sobre medidas econômicas capazes de fazer o Brasil superar a crise, o ex-presidente defendeu uma "forte política de crédito" a fim de "colocar os pobres em cena outra vez" e movimentar o mercado interno, além de ações mais ousadas do governo. "Eu acredito que a Dilma será ousada daqui para a frente", afirmou. "E deve ser ousada".
Lula ressaltou que presidente "tem que conversar mais com a sociedade, se organizar mais com os partidos aliados". "Acho que o grande sinal que o governo tem que dar é esse: nós vamos retomar o crescimento desse país custe o que custar", disse. "Isso é necessário. É necessário porque se a gente não tomar iniciativa, há uma estimativa de que o PIB possa cair mais 3% em 2016", afirmou, em referência às previsões do FMI divulgadas nesta terça-feira 19.
Questionado sobre a atual política de juros, Lula opinou, poucas horas antes de o Copom, do Banco Central, anunciar sua posição sobre a taxa básica de juros, que "não há nenhuma necessidade de aumentar a taxa Selic nesse momento". Para o petista, "o governo está com a bola e tem que dizer qual o ritmo do jogo". O antecessor de Dilma defendeu investimentos em infraestrutura, mesmo que seja necessário se endividar.
"Não tem problema você aumentar a dívida em alguma coisa se for para construir um ativo novo para gerar emprego novo, para gerar renda, para gerar desenvolvimento. Não tem nenhum problema", avaliou. Sobre desemprego, elogiou que a presidente tenha terminado o primeiro mandato com o menor índice da história do País. "Ela tem que saber que é primazia dela chegar a 4,8% [anual] e que tem que ser dela a retomada do crescimento", finalizou, como que num pedido.

PREMIO NOBEL STIGLITZ DIZ QUE BC BRASILEIRO ESTRANGULA A ECONOMIA

Poucas leituras sobre a situação da economia brasileira e sobre a crise mundial são tão claras elímpidas quanto a da entrevista – apesar do entrevistador “teimar” com o discurso “mercadista” – do Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz ao Estadão. O Nassif a publica, e lá pode ser lida na íntegra. O que diz ele, tentando resumir ainda mais o que está resumido e claro em suas declarações:
A crise brasileira é feita da derrubada vertiginosa do preço das commodities (minério de ferro e soja, especialmente) e do ambiente político criado pela Lava Jato.
Nossa inflação é de custos, não de demanda e, neste caso, juros altos não são solução, mas problema.
” Nesse caso, a forma pela qual a alta dos juros reduz a inflação é matando a economia. Se você conseguir desemprego o suficiente, os salários são deprimidos, e você segura a inflação. Mas isso é matar a economia.

A crise mundial, diz Stiglitz, tem quatro fundamentos:

1) a desigualdade, que restringe consumo, porque um pequeno grupo, por mais consumista que possa ser, não iguala em volume a massa de excluídos que não consomem ou cortam seu consumo;
2) As duas maiores economias do mundo, EUA e China, estão mudando de modelo. O primeiro, sai da indústria para os serviços; a segunda, da exportação para o mercado interno. Metamorfoses levam tempo e reduzem o metabolismo;
3) As políticas econômicas de austeridade fiscal levaram o terceiro bloco econômico, depois dos dois acima, a Zona do Euro, a uma situação de “bagunça” econômica, que deixou a Europa estagnada e lá, como nos EUA, os cortes orçamentários se refletiram na não-recuperação do emprego, especialmente do setor público;
4) A queda nos preços das commodities e de determinados produtos, como o aço, não extingue seus resultados entre vendedor e comprador. Reduz gastos, reduz ganhos mas isso também reduz a circulação da riqueza no comércio e, claro, a riqueza vai – cada vez mais – para o setor financeiro.

Leia o texto, é uma oportunidade espetacular de ver que economistas de verdade não são os que falam empolado, nem jornalistas que repetem as bobagens do mercado para que você não entenda o mundo.

‘O BC no Brasil estrangula a economia’


Como o sr. vê os atuais problemas do Brasil?

A característica distintiva do Brasil é que a política monetária estrangula a economia. Vocês têm uma das mais altas taxas de juros no mundo. Se o Brasil reagisse à queda no preço das exportações com medidas contracíclicas, o País talvez pudesse ter evitado a intensidade da atual crise. Outra questão é que, sempre que ocorrem escândalos de corrupção da magnitude do que acontece agora no Brasil, a economia é jogada para baixo. Isso cria uma espécie de paralisia. O sistema legal no Brasil está colocando muita gente na prisão. Não estou dizendo que não deveriam fazer isso, mas a política monetária deveria reconhecer que este é um período em que haverá restrição de gastos, particularmente no setor público, em que as pessoas serão mais cautelosas em tomar decisões, em que a construção civil vai se contrair.

Mas a inflação está muito mais elevada que o teto de tolerância
do sistema de metas.
e modelo que diz que, se a inflação está alta, você sobe os juros é uma teoria que foi desacreditada. É preciso saber qual é a fonte da inflação. Se for excesso de demanda, aí você sobe juros, porque tem de moderar a demanda. Mas se for um impulso dos custos, você tem de ser cuidadoso. Nesse caso, a forma pela qual a alta dos juros reduz a inflação é matando a economia. Se você conseguir desemprego o suficiente, os salários são deprimidos, e você segura a inflação. Mas isso é matar a economia. Não é bom ter inflação em disparada, mas também não é bom matar a economia. E eu acho que eles (o BC brasileiro) perderam esse equilíbrio.

No Brasil, muita gente acha que a culpa é da política fiscal, e
não do Banco Central.
Quando a economia se desacelera, as receitas tributárias caem e ocorrem déficits. Se a economia for estimulada, a receita sobe. Dessa forma, a política monetária pode ajudar a política fiscal.

Então o problema no Brasil é a política monetária?

Na verdade, vocês têm dois problemas: o colapso do preço das exportações e o escândalo de corrupção. O que eu disse é que a política monetária deveria se contrapor a esses fatores, mas, em vez disso, ela está agravando o problema.

Como o sr. vê a economia global hoje?

Meu diagnóstico não é nada complicado: há falta de demanda agregada global. Mesmo antes da crise, o que sustentava a economia americana era uma bolha artificial. Se não fosse por ela, a economia teria sido fraca.

Por que a demanda global está fraca?

Olhando em volta do mundo, há quatro razões básicas. A primeira é a desigualdade. As pessoas no topo não gastam tanto (como parte da sua renda) quanto as pessoas na base. Então, à medida que a desigualdade cresce, a demanda se enfraquece. Em segundo lugar, há transformações estruturais acontecendo em quase todos os países. Nos EUA, a transição da indústria manufatureira para os serviços. Na China, das exportações para a demanda interna. Mas os mercados são duros em conduzir essas transições. Tem sempre gente que fica para trás, o que contribui para a desigualdade.
Os setores que ficam para trás não podem demandar bens. Em terceiro lugar, a zona do euro está uma bagunça, com políticas econômicas que contribuíram para reduzir o crescimento.

O sr. se refere à austeridade?

Sim, até nos EUA temos uma forma moderada de austeridade, pela pressão política dos Republicanos. Nós temos meio milhão de empregos menos no setor público do que tínhamos em 2008, antes da crise, e, se houvesse uma expansão normal da economia, seriam dois milhões mais.
Então temos austeridade nos EUA.

E qual seria o quarto fator para a demanda global
enfraquecida?

Sempre que há uma perturbação como a queda do preço do petróleo. Todo mundo esperava que o preço mais baixo estimularia a demanda, mas se esqueceram de que se trata de redistribuição. Os vendedores perdem e os compradores ganham. Se os vendedores diminuem seus gastos em exatamente o mesmo volume que os compradores aumentam, não há nenhuma mudança. Mas há assimetrias. Muitas vezes os que perdem têm de contrair o seu gasto, dólar por dólar, e aqueles que ganham economizam, pois não sabem se o ganho é temporário ou de longo prazo. E os desdobramentos podem ser ainda piores em termos de investimento – uma das fontes de crescimento
nos EUA e outros países vinha sendo o investimento em hidrocarbonetos (petróleo e gás). E isso foi cortado. Os efeitos são enormes. Da mesma forma, a desaceleração na China provoca a queda do preço do minério de ferro, e os ganhadores não gastam mais tanto quanto os vendedores gastam menos.

Qual a sua previsão para 2016?

É provável que essas tendências que eu descrevi continuem este ano. Se eu fosse otimista, eu chamaria atenção para o fato de que o orçamento americano acabou sendo melhor do que o esperado, mas há muitos fatores negativos. Não vejo nada positivo na Europa. Acho que muita gente esperava a desaceleração na China, mas não o tamanho da turbulência financeira. Tudo isso me diz que 2016
será tão ruim ou pior do que 2015.

O problema da economia global é demanda, para o senhor.
Qual seria a terapia?

A terapia econômica é fácil. O problema é a política. Em termos econômicos, precisamos de um aumento dos gastos do governo nos EUA e na Europa. Nos dois casos, os setores públicos podem tomar emprestado a juros muito baixos. E, por outro lado, é preciso investimento em tecnologia, educação, infraestrutura. Isso estimularia a economia. Compraríamos mais do Brasil, o que ajudaria
vocês. Na Europa e nos EUA, temos espaço fiscal, vocês têm menos. Mesmo que os EUA
estivessem preocupados com o déficit público, podemos elevar impostos. Nossos impostos são muito baixos. Podemos aumentar impostos, conseguir mais igualdade.

E qual o obstáculo para isso?

O problema maior está nos EUA e na Europa, e se resume à política. Na verdade, é um pouco mais complicado. Nos EUA, é apenas a política. Acredito que há um amplo sentimento no Partido Democrata em favor das políticas que acabei de descrever. Na Europa, é complicado por causa da ideologia alemã. Tenho dúvida de que, caso a oposição vencesse, haveria uma mudança. Os alemães reescreveram a história para acreditar que a inflação foi o problema principal (na ascensão do
nazismo), mas o que causou Hitler foi o desemprego. E eles se esqueceram disso. Eles esqueceram que o desemprego é a verdadeira causa da instabilidade social. E eles promovem políticas que causam o desemprego. Então a zona do euro tem de ser reformada, e isso é mais difícil, é um problema estrutural.

Bastou a PM não aparecer para o último ato do MPL transcorrer sem problemas.



“Que coincidência, não tem polícia não tem violência” é um dos gritos da rua. Mas quando não tem violência, tem notícia? Tem, mas parcial e acanhada.

por : Mauro Donato


A grande mídia, sedenta por ridicularizar o MPL e criticar o ‘vandalismo’ paradoxalmente fica órfã quando a manifestação é pacífica e ainda demonstra ser caolha ao ignorar o cenário completo. Na data de ontem, além do ato bifurcado do MPL (prefeitura e palácio do governo como destinos), o MTST também saiu em dois extremos da cidade com mais de 15 mil pessoas em marcha contra o aumento da tarifa dos transportes (5 mil pessoas em Itaquera e mais 10 mil no Capão Redondo).
Com mais de 25 mil pessoas nas ruas, os quatro atos simultâneos foram ‘pacíficos’. E olha que mais uma vez o metrô provocou (depois de longa caminhada desde Pinheiros até o centro da cidade, manifestantes e usuários encontraram a estação República fechada) e ainda assim não ocorreram maiores incidentes.
Os dias anteriores foram marcados pela polêmica a respeito da divulgação prévia do trajeto a ser percorrido (algo não obrigatório, o que a Constituição determina no inciso XVI do artigo 5º é que as autoridades devem ser previamente avisadas sobre a ocorrência do protesto por seus organizadores.
Nenhuma linha sobre trajeto) e que logo demonstrou ser firula das autoridades uma vez que à medida que os manifestantes iam caminhando é que as ruas iam sendo interrompidas e fazendo com que os carros ficassem aguardando. Exatamente como sempre foi nas ocasiões em que não se divulgou o percurso. Portanto não há nenhum problema em não anunciar pois a tal ‘preparação das vias’ não ocorre, é balela. O trânsito não foi desviado de maneira que motoristas não ficassem sem saída.
Então vamos ao que interessa e falar sobre o aumento.
Uma pauta legítima. Houve o aumento ele é injustificado, indefensável.
O peso foi sentido no bolso e o argumento de ter ficado abaixo da inflação só vale quando se toma por base o último ano. Desde o estopim de 2013 até agora as passagens aumentaram mais de 26% enquanto a inflação no período ficou abaixo disso (22,99% pelo IPCA do IBGE).
Mas além dos fatores financeiros e calculáveis aqui já apresentados anteriormente (relação horas trabalhadas X valor da passagem, etc), existe o aspecto imoral de se cobrar por algo que não se entrega. Certamente o fator mais revoltante.
O metrô está estagnado, com obras suspensas, interrompidas, adiadas a perder de vista. Quer se aplicar um aumento sem entregar todas fatias da pizza?
As empresas de ônibus receberam R$ 300 milhões a mais (17% sobre o repasse anterior) para operarem entre 2014 e 2015 em um sistema que continua envolto em neblina e enriquecendo seus donos enquanto muita gente precisa refazer suas prioridades no orçamento para arcar com o preço da tarifa para ir trabalhar.
“Mas trabalhador tem vale transporte”, certo? Errado. Mais da metade dos trabalhadores brasileiros atua no setor informal e, sem nenhum direito, ganha 56% do valor do rendimento médio de um trabalhador formal (estudo do IBGE divulgado em 2015 com dados do PNAD). Para esses é R$ 3,80 sem choro.
Parece-lhe justo não apresentar nenhuma melhoria na eficiência dos sistemas, ver os trens da CPTM ter a média de uma pane por dia ao longo de 2015 e ainda assim aumentar a passagem?
O pacote de usuários isentos de pagar já é bem razoável (estudantes da rede pública de ensino, idosos e pessoas com deficiência, desempregados também têm passe livre por um prazo máximo de 90 dias) o que entretanto não invalida a insatisfação daqueles que pagam.
O serviço é ruim, a malha é insuficiente e está custando praticamente a mesma coisa que em países onde o transporte é infinitamente melhor. Custar quase um euro ou um dólar é um assalto. É acentuar um sistema excludente que já deixa muita gente de fora enquanto outros continuam ganhando muito com isso.
E o que dizer de desfilar um imenso e milionário aparato militar, recém adquirido por valores obscenos para reprimir as manifestações? Os blindados israelenses custaram um total de R$ 30 milhões. O preço estimado de um ônibus é de R$300 mil, daria para comprar uma centena deles.
Sabe a diferença que isso faria na periferia? Ok, o governo Alckmin é responsável pelos trens e metrô e não compra ônibus mas o comparativo ilustra bem o que é prioritário. Quanto custa o espetáculo pirotécnico de lançar uma bomba a cada 7 segundos e disparar milhares de balas de borracha sobre os manifestantes? No meu entender, quando pessoas reivindicam, protestam, deveria haver uma resposta política e não uma militarística.
Embora autoridades e o chamado PIG andem se esforçando para desmerecer as manifestações e empurrar o aumento goela abaixo, o povo tem demonstrado insatisfacão. O MPL para você não é povo? E o MTST, que tal?.

“BIG BOSTA BRASIL 16″ tem pior estreia da história do programa




Do uol:

A estreia do “BBB16″, na última terça-feira (19), registrou o pior resultado de audiência entre todas 
as estreias do reality show. O programa marcou 24 pontos de média no Ibope, em São Paulo, na 
audiência consolidada. Cada ponto equivale a 69 mil domicílios.
[Isto é menos que a metade do Ibope da primeira edição do programa.]
(…)

Histórico das estreias do “BBB”

“BBB15″: 25 pontos
“BBB14″: 30 pontos
“BBB13″: 24,6 pontos
“BBB12″: 32,8 pontos
“BBB11″: 34,3 pontos
“BBB10″: 29,6 pontos
“BBB9″: 37,2 pontos
“BBB8″: 36,6 pontos
“BBB7″: 42,7 pontos
“BBB6″: 44,8 pontos
“BBB5″: 45,9 pontos
“BBB4″: 41,9 pontos
“BBB3″: 37 pontos
“BBB2″: 28,3 pontos
“BBB1″: 48,7 pontos

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Super demanda mundial de óleo blinda reservas brasileiras da ação nefasta de entreguistas. Recuo da Petrobras sepulta abertura do pré-sal

247 – A queda acentuada das ações da Petrobras nos últimos pregões, que levou a cotação a R$ 4,80, no menor nível desde 2003 (leia mais aqui), terá um efeito colateral: o fim das discussões em torno do projeto do senador José Serra (PSDB-SP), que pretendia abrir a exploração do pré-sal para empresas estrangeiras como Shell, Exxon, Chevron e BP.
Desde que tomou posse como senador, no início de 2015, Serra fez de tudo para tentar emplacar seu projeto, que ganhou certo embalo após a Operação Lava Jato, que expôs casos de corrupção na Petrobras.
No entanto, com o petróleo a menos de US$ 30, nem mesmo os ultraliberais defenderão que o Brasil abra mão de suas reservas, no pior momento possível. "Ceder parte do pré-sal, em um momento de baixa do petróleo, é entregar isso ao capital internacional", argumenta o deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA), que coordena a frente parlamentar em defesa do pré-sal.
Diante do atual cenário de preços da commodity, a presidente Dilma Rousseff também apontou, em conversa com jornalistas no início deste ano, que os leilões de novas bacias de petróleo serão revistos neste ano. "Ninguém faz leilão de bloco de exploração a US$ 30. Como faço, em 2016, com o petróleo a US$ 30, uma concessão de 30 anos?", questionou a presidente. "A menos que alguém queira doar".
A abertura do pré-sal a empresas internacionais vinha sendo uma bandeira editorial do grupo Globo, da família Marinho, nos últimos anos. "Ainda que mantenha o modelo de partilha para o pré-sal, o governo terá então de rever a obrigação de a Petrobras ser a operadora única dos futuros blocos e ter um limite mínimo de participação nos consórcios", dizia editorial do Globo, publicado em dezembro do ano passado. Mais recentemente, os Marinho ironizaram a situação, afirmando que o pré-sal, "bilhete premiado do ex-presidente Lula", seria "inútil" (leia aqui).

Tarifa zero já!. Esse beneficio e conquista social já é realidade em 12 cidades brasileiras

No restante do mundo, 86 cidades, de 24 países, já aboliram a cobrança pelo transporte público. Coordenador do Projeto Cidades Sustentáveis conta como foi possível implementar a gratuidade.
 
São Paulo – Nestas primeiras semanas de 2016, algumas cidades brasileiras têm sido palco de protestos contra o aumento das tarifas de ônibus trens e Metrô, e em defesa do transporte público gratuito. Em São Paulo, após as manifestações marcadas por intensa repressão policial na semana passada, o Movimento Passe Livre convoca mais uma mobilização amanhã (19), no cruzamento das avenida Faria Lima Rebouças Rebouças, na zona sul da capital.
Em meio aos protestos, a pergunta que fica é se realmente é possível uma cidade oferecer transporte de graça para toda a população ou trata-se de uma utopia, afinal o dinheiro tem que sair de algum lugar para manter a estrutura e os serviços.
Reportagem de Vanessa Nakasato, do Seu Jornal, da TVT, mostra exemplos de cidades em que a tarifa zero é possível. Sobre o assunto, a jornalista conversa com o coordenador da Rede Nossa São Paulo e do projeto Cidades Sustentáveis, Oded Grajew. Ele aponta caminhos na busca de uma solução para os problemas do transporte público, sobretudo na capital paulista.



Em todo o mundo, são 86 cidades, em 24 países, que não cobram tarifa para que a população acesse o transporte público. No Brasil, 12 cidades também já adotam o modelo. Maricá, no litoral do Rio é uma delas. Desde dezembro de 2013 os habitantes podem andar de ônibus gratuitamente na rede municipal.
"É uma cidade de 150 mil habitantes e tem transporte gratuito para a população. O governo aloca recursos no orçamento para viabilizar o transporte público de graça para toda a população", assinala Grajew sobre a experiência maricaense.
Outra cidade que também caminha no mesmo sentido é Agudos, no interior de São Paulo. Os 40 mil habitantes, desde 2003, não pagam tarifa para acessar o transporte coletivo. Os ônibus são operados pela prefeitura e os motoristas são funcionários concursados.
Para que o transporte coletivo pudesse ser gratuito, cada uma das cidades recorreu a uma solução diferente, aponta o coordenador da Rede Nossa São Paulo. O mais comum e viável, segundo ele, é elevar o imposto territorial que atinja as pessoas de maior renda. "Outras cidades cobram uma taxa de todos os habitantes. Nos EUA, por exemplo, é por volta de 5 dólares por ano para cada habitante", comenta Grajew. "É uma decisão política que envolve uma decisão econômica, sobre o que vai se priorizar no orçamento e de onde que se vai buscar recursos para viabilizar o serviço para a população."
Gratuidade em SP.
Na capital paulista, 2,2 milhões de pessoas, dentre aposentados, pessoas com mais de 60 anos, deficientes, estudantes de baixa renda e trabalhadores desempregados já contam com a isenção da tarifa – juntos, eles representam 22% dos passageiros.
O coordenador da Rede Nossa São Paulo afirma que os primeiros passos a serem dados é tratar o tema com transparência e discutir alternativas com a sociedade. "O que pode se fazer, de imediato, é abrir a discussão. Abrir as contas para a população, olhar todos os números, o quanto que a prefeitura gasta em cada coisa, quanto é o lucro das empresas, os impostos que são cobrados, e envolver a
sociedade na discussão."
Sobre os impactos de uma eventual tarifa zero na cidade, Oded Grajew afirma que vão muito além da simples isenção da tarifa. "Melhora a qualidade de vida. As pessoas podem ter acesso à cultura, ao lazer, porque podem se deslocar. Melhora a saúde da população, porque há menos poluição causada pelo transporte individual."
Ele cita ainda que as cidades que acabaram com a cobrança de tarifa conseguem atrair empresas, que se livram assim de arcar com os custos do vale-transporte, e lembra que, por tudo isso, a questão dos transportes é também uma questão de direitos.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

MINO CARTA DENUNCIA A CONSPIRAÇÃO DA PF



Rolando o Lero é tão incompetente quanto vaidoso

Conspiração Policial

Mino Carta, na CartaCapital:

Vazamentos de informações sigilosas para a mídia nativa provam que a polícia trabalha a favor dos
interesses da casa-grande.
Já tivemos um exército de ocupação, convocado pela casa-grande em 1964. O gendarme indispensável ao golpe, a favor dos senhores com a bênção, não somente metafórica, de Tio Sam. De
mais de uma década para cá, somos forçados a colher fortes indícios de que contamos com uma polícia para cuidar dos interesses da minoria privilegiada.
Aquelas Forças Armadas derrubaram o governo. Esta polícia, ou pelo menos alguns de seus núcleos,
conspira contra o governo. O tio do Norte está aparentemente mais distante, mas não desgosta de um
satélite em lugar de um país independente.
A postura conservadora da caserna, em momentos diversos francamente reacionária, sempre arcou
com um papel poderoso, quando não decisivo, na história do Brasil.
Hoje, graças também a um comando firme e responsável, mantém a atitude correta na moldura
democrática, a despeito dos esforços da mídia nativa para oferecer eco a vozes discordantes de
reduzido alcance. A defesa do status quo ficou para a Polícia Federal?
A PF não foi treinada para a guerra, dispõe, porém, de armas afiadas para conduzir outro gênero de
conflito, similar àquele da água mansa que destrói pontes.
Um dos instrumentos usados para atingir seus objetivos com a expressão de quem não quer coisa
alguma é o vazamento, a repentina revelação de fatos do seu exclusivo conhecimento, graças ao
fornecimento de informações destinadas ao segredo e, no entanto, entregue de mão beijada e por
baixo do pano a órgãos midiáticos qualificados para tanto, sem descaso quanto à pronta colaboração
do Ministério Público.
Na manhã de terça 12 sou atingido pela manchete da Folha de S.Paulo: "Cerveró liga Lula a contrato
investigado pela Lava Jato". O delator, diz o texto, declara ter sido premiado com um cargo público
pelo então presidente da República por quitar "um empréstimo de 12 milhões de reais considerado
fraudulento pela Lava Jato".
Logo abaixo, com título em corpo bem menor em duas colunas, o jornal informa que o mesmo
Cerveró "cita Renan Calheiros". Finalmente, no mesmo corpo e extensão de texto, anuncia-se:
"Delator fala em propina sob FHC".
Incrível: na mesma manhã, o Estadão me surpreende ao se referir apenas ao envolvimento do
governo de Fernando Henrique. O jornalão, é evidente, não foi beneficiado pelo vazamento de todo o
material disponível.
O Estadão redime-se aos olhos dos leitores no dia seguinte e na manchete declama: "Cerveró cita
Dilma". E no editorial principal da página 3, sempre fatídico e intitulado "No reino da corrupção",
alega a abissal diferença entre o envolvimento de Lula e de FHC.
Em relação a este "a informação é imprecisa, de ouvir dizer". No caso de Lula, a bandalheira é óbvia
e desfraldada. Patéticos desempenhos do jornalismo à brasileira. Inúmeros leitores não percebem,
carecem da sensibilidade do quartzo e do feldspato.
Nada surpreende neste enredo, próprio de um país medieval, indigno da contemporaneidade do
mundo civilizado e democrático. O vazamento de informações sigilosas tornou-se comum há muito
tempo nas nossas tristes latitudes, como diria Lévi-Strauss.
Mesmo assim, seria interessante descobrir as razões desta conspirata policial. Inútil, está claro,
dissertar a respeito dos comportamentos da mídia. Dos seus donos, o mesmo pensador belga
observava: "Eles não sabem como são típicos".
O cargo de diretor da PF é da exclusiva competência do Palácio do Planalto, que o subordina ao seu
ministro da Justiça, no caso, José Eduardo Cardozo.
Foi ele quem indicou o delegado Leandro Daiello, aquele que em julho passado proclamou, a bem da
primeira página do Estadão: "A Lava Jato prossegue, doa a quem doer". E a quem haveria de doer?
Nos bastidores da PF, Cardozo é apelidado de Rolando Lero, personagem inesquecível criado por
Chico Anysio, o parlapatão desastrado que diz muito para não dizer coisa alguma.
Tendo a crer que Cardozo aplica seu lero-lero em cima da presidenta Dilma e consegue deixar tudo
na mesma. De fato, o nosso ministro é tão incompetente no posto quanto vaidoso.
Achou, porém, em Daiello o parceiro ideal. O homem foi capaz de tonitruar ameaças, dentro da PF,
contudo, carece de verdadeira liderança. A situação resulta, em primeiro lugar, dessas duas ausências.
Da conspirata em marcha, vislumbro de chofre três QGs, em recantos distintos. Número 1,
escancarado, em Curitiba, onde três delegados dispõem da pronta conivência do Ministério Público e
da vaidade provinciana do juiz Sergio Moro, tão inclinado a se exibir quando os graúdos lhe
oferecem um troféu.
Os representantes locais da polícia não hesitaram, ainda durante a campanha eleitoral, em declinar
suas preferências pelo tucanato, sem omitir referências grosseiras a Dilma, Lula e PT. De onde
haveriam de sair os vazamentos se não desses explícitos opositores chamados a ocupar cargos
públicos?
Há algo a se apontar no Paraná: a falta de liderança, também ali, de superintendente. Não é o que se
dá em São Paulo, onde o chefão recém-empossado decidiu prender um filho do presidente Lula na
mesma noite da festa de aniversário do pai, debaixo do olhar indiferente de Cardozo e Daiello.
Diante de cenas como essa, o arco-da-velha desmilingue.
O novo superintendente substituía outro da mesma catadura, brindado por serviços prestados por
uma das mais cobiçadas aditâncias, como se diz na linguagem policial, em embaixadas localizadas
nos mais aprazíveis recantos, Paris, Roma etc.
As aditâncias fazem a felicidade de alguns, destacados delegados, espécie de prêmio à carreira. Tal
seja, talvez, o sonho do superintendente em Belo Horizonte, que se distingue sinistramente por seus
desmandos em relação ao governador Fernando Pimentel.
Passou por cima da lei e do decoro para torná-lo seu perseguido em nome de uma autoridade de que
carece, como é fácil provar.
Até que ponto haveria um comprometimento político e ideológico entre esses policiais e os partidos
da oposição? Vale imaginar que, egressos da chamada classe média, alimentem o descabido ódio de
classe de quem acaba de sair do primeiro, ínfimo degrau, e atingiu um patamar levemente superior.
Donde, ojeriza irreversível em relação àqueles que nutrem preocupações sociais. Existem, também,
claramente detectáveis, umas tantas rusgas, a soletrar a diferença salarial entre delegados e
advogados da União, consagrada a favor destes pela presidenta.
É possível, entretanto, que quem vaza informações sigilosas não se dê conta das consequências? Os
conspiradores atuam à vontade, com o beneplácito silencioso dos chefes.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Incrível: o governo sonha em ganhar a simpatia da casa-grande

Ouro ao bandido



Mas que esperança, meus senhores...

 por Mino Carta

Pergunto aos meus botões qual seria o propósito de quem entrega o ouro ao bandido. Ao que tudo indica, comover o bandido, respondem prontamente. Insisto: com quais chances de êxito? Concluem: com bandido de 18 quilates, nenhuma. Moral da história: quem entrega o ouro ao bandido, ou é ingênuo ou néscio.
Jaques-Wagner
Tenho reunido há tempo farta documentação da incapacidade do governo de perceber em toda a sua extensão o papel da mídia nativa. Vem de tão longe a colheita que, a esta altura, é do conhecimento até do mundo mineral a exata dimensão da quadrilha midiática. Mas nem todos entre os humanos têm a sensibilidade do quartzo e do feldspato.
Em países civilizados e democráticos, atuam jornais, revistas, rádios, canais de tevê, fontes de informação em geral, em condições de expor ideias e defender interesses os mais variados. No Brasil, não, diz a voz das entranhas da Terra, no Brasil vigora o jornalismo do pensamento único, a serviço exclusivo da ideologia da casa-grande. Defini-la conservadora, ou mesmo reacionária, é redutivo. Ela é simplesmente medieval, com todas as implicações da condição. Anterior à Idade Moderna.
Espanta-me que um governo que pretendeu ser da renovação ao implementar políticas desenvolvimentistas e de inclusão social, ainda não tenha logrado enxergar na mídia nativa o verdadeiro partido de oposição disposto a cometer atos de descarada bandidagem. Não há limite para os barões midiáticos e os rapazes do bando. Não se trata de uma justa competição a bem da democracia, e sim, de um combate desleal, sem trégua e sem compromisso algum com a verdade factual. Partido sui generis, está claro, próprio de uma época de trevas.
Às vezes me surpreendo na tentativa de imaginar o que vai entre o fígado e a alma nem digo dos senhores da mídia, moradores cativos da casa-grande, mas dos seus empregados, habitantes de redações onde o desequilíbrio social a assolar o País se repete para separar quem ganha mais de quem ganha menos. O que leem para alimentar sua visão do mundo e da vida? O que sentem ao praticar seu jornalismo bucaneiro? Alguns, do alto de pirâmides de florins, talvez encontrem apaziguantes justificativas. E os outros remediados que se curvam passivamente?

Nelson-Barbosa
Nelson Barbosa: ou ingênuo, ou néscio
Neste começo do novo ano, sou forçado a anotar que o governo reitera implacavelmente a sua ignorância em relação ao rol midiático, que tão eficaz se revelou na criação da crença de que todas as culpas hão de cair sobre os ombros de Dilma e de Lula, sem exclusão do atraso do ônibus ou do precário funcionamento do celular. E não é que os governistas se apressam a entregar o ouro ao bandido? A presidenta colabora com a Folha de S.Paulo com uma mensagem do primeiro dia de 2016. O ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, dá uma entrevista ao mesmo jornal, enquanto o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, opta para sua primeira fala com o Estadão e o Valor Econômico. Será que gostam tanto assim de quem quer vê-los pelas costas? 
Produzi algum gênero de autocrítica a respeito de pecados que já foram cometidos impunemente por quem os precedeu no comando da chamada redemocratização, iguais e até piores, diante da absoluta indiferença da mídia, quando não da aprovação? Quem sabe o ministro Barbosa quisesse fazer genuflexão aos pés do deus mercado, sem deixar de bater na tecla do desenvolvimento. Uma no cravo, outra na ferradura. Tempo perdido, clamorosamente.
Sempre supus Jaques Wagner qualificado para a chefia da Casa Civil e louvei sua escolha para o posto. Mas por que denegrir o PT nas páginas da Folha? CartaCapital repete há uma década que o Partido dos Trabalhadores portou-se no poder como todos os demais. Admitir, porém, a traição aos princípios e valores iniciais em benefício do inimigo é descabido, além de imprudente, sem contar que, em termos de política econômica, o PT defende faz algum tempo causas justas. Quanto a Barbosa, conseguiu o oposto do que desejava.
Que a maioria dos brasileiros seja resignada, até hoje incapaz de reação a tanta prepotência, tem suas razões de ser ao cabo de séculos de escravidão. Já o governo passa da conta com sua remissividade. Para não usar outra palavra, que por ora não quero pronunciar. O governo do PT deveria era encontrar motivos de orgulho no ódio irreversível que o cerca. Apesar de muitos e graves deslizes, o partido poderia ainda apostar em uma decisiva e redentora diversidade.