sexta-feira, 12 de março de 2010
UM POEMA DE BORGES QUE NÃO É DE BORGES
Bueres diz: conheci esse fantástico poema ainda durante a juventude e ele tem me acompanhado por todo o sempre acreditando ser lavra de Borges. Recentemente fui contestado sobre a autoria da obra pela patente de uma alta autoridade maltez-literária,que por sua vez não (compreensivamente)soube, momentaneamente,citar o nome do gênio. Assim o sendo, lanço para os leitores do MVIVA esse prazeroso e intrincado desafio de elucidação: afinal, se não é de Borges, quem seria o a autor? Até então, fica como o sendo...
INSTANTES
"Se eu pudesse novamente viver a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito,
relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido.
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e profundamente cada minuto de sua vida;
claro que tive momentos de alegria.
Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente
de ter bons momentos.
Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos;
não percam o agora.
Eu era um daqueles que nunca ia
a parte alguma sem um termômetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas e,
se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo “
Jorge Luis Borges
Instantes é um poema e tanto! Contrapõe o plano da realidade concreta, já vivida, e o da realidade hipotética, que não foi mas poderia ter sido vivida. Esse mundo hipotético pode ser visto através das contruções: "Seria mais tolo ainda...", "Seria menos higiênico", "Correria mais riscos", "Viajaria mais", "Contemplaria mais entardeceres", "Iria a mais lugares...", etc. e descreve a forma ideal de vida, segundo a ótica do autor. Contudo, a últma frase do texto, iniciada pela conjunção MAS (que tem valor semântico de oposição)rompe com o mundo hipotético e traz o autor de volta para o plano da realidade concreta. Vejam só: "Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo"
ResponderExcluirNesse sentido, podemos dizer que o que vale a pena mesmo na vida são os instantes especiais, os momentos felizes, que deveriam ser predominantes!!
Quanto à autoria, uns atribuem ao argentino Jorge Luís Borges, outros, à americana Nadine Star!
Mas a obra está sobre o autor, o autor, não é mesmo?
Miguel Taurino
Olá,Sr.Bueres.
ResponderExcluirEm primeiro lugar parabens pela exelencia das matérias publicadas,aprendi a ser uma admiradora do seu bom gosto. Quanto a poesia que voce creditou e não ao Borges, afirmo que a obra pertence ao próprio,constando inclusive da Coletânia "Borges,Poemas Completos" lançada no MASP durante uma mostragem áudio visual que homenageava autores latinos do porte de Vargas Lhosa,Piñon,J.Amado,G.G.Marques e E.Galeano,por volta de 1982, pela Nova Cultural do editor Richard Civíta, salvo engano.De qualquer forma o poema é lindo e meu esposo e eu ficamos bastante surpresos e felizes ao reencontra-lo no seu blog.Longa vida a esta bela mensagem.Continuaremos o vizitando.
Maria Luiza Cavalcante
São Paulo - SP
Exelente análise Miguel! é esse tipo de leitura positiva que confere riquesa ao conteudo.Continue a nos vizitar e, se possivel,nos enviar sugestões de temas e postagens. Um forte abraço!
ResponderExcluirOi, Maria Luiza.
ResponderExcluirParece que o 'mistério' começa a ser revelado...rss.
Seu comentário possui um viés elucidatório,acreditamos e vamos dar uma conferida.Muito obrigado a voce e seu marido pela honra da visita.
Apareça sempre ! Um grande abraço a todos da sua linda cidade.