Serra faz campanha com “figurino de direita” e discurso do medo
“O comando da campanha de José Serra (PSDB) colocou o medo no centro da disputa presidencial”, com o intuito de “criar fantasmas na cabeça do eleitor para tirar votos da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff”. Assim começa a matéria de capa da revista IstoÉ desta semana, em denúncia sobre os “velhos fantasmas” a que a campanha tucana recorre para ganhar a eleição.
Por André Cintra
O texto, assinado por Alan Rodrigues e Sérgio Pardellas, dá dicas preciosas de como o PSDB quer vencer a eleição na baixaria. Consciente de que não é mais o candidato favorito à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Serra subverteu sua campanha com uma guinada à direita. A fase “Serrinha paz e amor” — que incluía até elogios descaradamente oportunistas ao “presidente que está acima do bem e do mal” — ficou para trás.
A escalada reacionária da campanha da oposição vai se consolidando, dia após dia, nas ações e nos discursos do próprio presidenciável tucano. Na verdade, “a tentativa do PSDB de criar uma atmosfera de satanização do PT e de sua candidata ao Planalto, Dilma Rousseff, é inteiramente planejada, ao contrário do que poderia parecer”, afirma a IstoÉ.
Agressão e calúnia
Os disparates contra a candidata Dilma Rousseff, o PT e o governo Lula já existiam desde a pré-campanha, bem como a hostilidade ao Mercosul, o repúdio à entrada na Venezuela no bloco, críticas gerais a Cuba e a acusação leviana de que o presidente boliviano, Evo Morales, é cúmplice do narcotráfico. Agora, no entanto, Serra deu vazão a uma postura ainda mais agressiva e, por vezes, caluniosa. Os alvos: os movimentos sociais — sobretudo o MST — e os governos progressistas da América Latina.
“Tudo começou com a surpreendente entrevista do vice de Serra, Indio da Costa (DEM), dizendo a um site do partido que o PT é ligado às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e ao narcotráfico”, lembra IstoÉ. “Num primeiro momento, lideranças partidárias passaram a ideia de que Indio era apenas uma voz isolada – além de descontrolada e inconsequente. Aos poucos, porém, foi ficando claro que ele cumpria um script previamente combinado. Muito bem orientado pelos caciques do PSDB e DEM, o vice de Serra servia de ponta de lança para uma estratégia de campanha: o uso da velha e surrada tática do medo.”
Indio da Costa, dias depois, associou o PT ao Comando Vermelho. Serra, ele próprio, entrou na parada e retomou o suposto elo PT-Farc. “Há evidências mais do que suficientes do que são as Farc. São sequestradores, cortam as cabeças de gente, são terroristas. E foram abrigados aqui no Brasil. A Dilma até nomeou a mulher de um deles”, disse o inconsequente candidato à Presidência.
Preconceito com a América Latina
A revista ainda previu que o presidente Hugo Chávez, da Venezuela, seria o próximo alvo da artilharia serrista. Não deu outra. Nesta segunda-feira (26), num almoço em São Paulo com empresários do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), Serra deixou claro que, num eventual governo seu, o Itamaraty vai atropelar os vizinhos sul-americanos e inviabilizar a integração da América Latina. Será uma inflexão nos esforços brasileiros para fortalecer a ascensão de governos progressistas e soberanos na região.
Chamando Chávez de “partidário do espetáculo”, Serra recorreu à grosseria para dizer que o líder da Revolução Bolivariana “vai criando fatos que ameaçam a estabilidade da América do Sul, da Latina e do Brasil”. Era uma referência ao conflito Colômbia-Venezuela, desencadeado, na realidade, por uma declaração arrogante do presidente colombiano em fim de mandato, o ultradireitista Álvaro Uribe.
Numa demarcação ideológica cínica e inconfundível, Serra responsabiliza apenas Chávez pelo impasse, mas não dá uma única palavra sobre a figura desestabilizadora que é Uribe — o chefe de Estado sul-americano que mais se aliou aos Estados Unidos nesta década. O tucano demonstra que nada teria a se opor à submissão de um país como a Colômbia (e talvez o próprio Brasil) à Casa Branca, ao controle norte-americano sobre bases militares instaladas no continente e à reativação da 4ª Frota.
A histórica atuação da política externa do Brasil na questão nuclear iraniana também é relativizada por Serra — que prefere pensar unilateralmente em como esvaziar a liderança de Chávez. “É inegável que, se (o governo Lula) tivesse gasto o tempo que gastou no Oriente Médio na América do Sul, poderia ter evitado situações como essas (o conflito Colômbia-Venezuela).”
A resposta a tamanho despautério foi dada pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra, ao jornal O Estado de S.Paulo. Segundo o petista, “Serra está caindo no ridículo. Esse figurino de direita troglodita não assenta bem nele”. Para Dutra, o tucano ficou refém dos “falcões do DEM”. De candidato DA direita, José Serra passou a se assumir também um candidato DE direita.
MST
Já ao discorrer sobre os movimentos sociais, Serra revela que não terá pudor em criminalizar e perseguir as entidades. Diálogo com lideranças sociais? Em hipótese alguma! Aos empresários do Lide, Serra reafirmou sua tese conspiratória segundo a qual o Brasil está “numa era de exacerbação de um patrimonialismo sindicalista” — seja lá o que isso queira dizer na prática. Respeito ao sindicalismo certamente não é.
O preconceito se eleva contra o MST. Serra declara que, com Dilma na Presidência, os sem-terra “vão poder fazer mais invasões, mais agitação. É isso. Postura de governo em relação ao MST é que se trata de um movimento político e tem de viver pelas próprias pernas e não pode subverter a ordem democrática”. É a versão moderna de um dos lemas mais conhecidos da República Velha — “a questão social é caso de polícia”.
Jaime Amorim, coordenador regional do MST, resumiu bem o rumo que Serra tomou em sua campanha: “Ele tem postura conservadora, de extrema direita”. Já o MST, em nota emitida ainda na segunda-feira, disparou que a coalizão pró-Serra “pretende implantar em nível nacional suas políticas repressoras, tal como fez no estado de São Paulo em relação aos professores, sem-teto, sem-terra”.
A candidatura demo-tucana simboliza “retrocessos sociais”, agrega o movimento. “José Serra tenta criar um clima de terrorismo eleitoral, se vale de ameças e tenta criar um clima de raiva contra o MST porque não possui um projeto que de fato possa garantir a vida digna dos trabalhadores rurais e urbanos.”
“O comando da campanha de José Serra (PSDB) colocou o medo no centro da disputa presidencial”, com o intuito de “criar fantasmas na cabeça do eleitor para tirar votos da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff”. Assim começa a matéria de capa da revista IstoÉ desta semana, em denúncia sobre os “velhos fantasmas” a que a campanha tucana recorre para ganhar a eleição.
Por André Cintra
O texto, assinado por Alan Rodrigues e Sérgio Pardellas, dá dicas preciosas de como o PSDB quer vencer a eleição na baixaria. Consciente de que não é mais o candidato favorito à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Serra subverteu sua campanha com uma guinada à direita. A fase “Serrinha paz e amor” — que incluía até elogios descaradamente oportunistas ao “presidente que está acima do bem e do mal” — ficou para trás.
A escalada reacionária da campanha da oposição vai se consolidando, dia após dia, nas ações e nos discursos do próprio presidenciável tucano. Na verdade, “a tentativa do PSDB de criar uma atmosfera de satanização do PT e de sua candidata ao Planalto, Dilma Rousseff, é inteiramente planejada, ao contrário do que poderia parecer”, afirma a IstoÉ.
Agressão e calúnia
Os disparates contra a candidata Dilma Rousseff, o PT e o governo Lula já existiam desde a pré-campanha, bem como a hostilidade ao Mercosul, o repúdio à entrada na Venezuela no bloco, críticas gerais a Cuba e a acusação leviana de que o presidente boliviano, Evo Morales, é cúmplice do narcotráfico. Agora, no entanto, Serra deu vazão a uma postura ainda mais agressiva e, por vezes, caluniosa. Os alvos: os movimentos sociais — sobretudo o MST — e os governos progressistas da América Latina.
“Tudo começou com a surpreendente entrevista do vice de Serra, Indio da Costa (DEM), dizendo a um site do partido que o PT é ligado às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e ao narcotráfico”, lembra IstoÉ. “Num primeiro momento, lideranças partidárias passaram a ideia de que Indio era apenas uma voz isolada – além de descontrolada e inconsequente. Aos poucos, porém, foi ficando claro que ele cumpria um script previamente combinado. Muito bem orientado pelos caciques do PSDB e DEM, o vice de Serra servia de ponta de lança para uma estratégia de campanha: o uso da velha e surrada tática do medo.”
Indio da Costa, dias depois, associou o PT ao Comando Vermelho. Serra, ele próprio, entrou na parada e retomou o suposto elo PT-Farc. “Há evidências mais do que suficientes do que são as Farc. São sequestradores, cortam as cabeças de gente, são terroristas. E foram abrigados aqui no Brasil. A Dilma até nomeou a mulher de um deles”, disse o inconsequente candidato à Presidência.
Preconceito com a América Latina
A revista ainda previu que o presidente Hugo Chávez, da Venezuela, seria o próximo alvo da artilharia serrista. Não deu outra. Nesta segunda-feira (26), num almoço em São Paulo com empresários do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), Serra deixou claro que, num eventual governo seu, o Itamaraty vai atropelar os vizinhos sul-americanos e inviabilizar a integração da América Latina. Será uma inflexão nos esforços brasileiros para fortalecer a ascensão de governos progressistas e soberanos na região.
Chamando Chávez de “partidário do espetáculo”, Serra recorreu à grosseria para dizer que o líder da Revolução Bolivariana “vai criando fatos que ameaçam a estabilidade da América do Sul, da Latina e do Brasil”. Era uma referência ao conflito Colômbia-Venezuela, desencadeado, na realidade, por uma declaração arrogante do presidente colombiano em fim de mandato, o ultradireitista Álvaro Uribe.
Numa demarcação ideológica cínica e inconfundível, Serra responsabiliza apenas Chávez pelo impasse, mas não dá uma única palavra sobre a figura desestabilizadora que é Uribe — o chefe de Estado sul-americano que mais se aliou aos Estados Unidos nesta década. O tucano demonstra que nada teria a se opor à submissão de um país como a Colômbia (e talvez o próprio Brasil) à Casa Branca, ao controle norte-americano sobre bases militares instaladas no continente e à reativação da 4ª Frota.
A histórica atuação da política externa do Brasil na questão nuclear iraniana também é relativizada por Serra — que prefere pensar unilateralmente em como esvaziar a liderança de Chávez. “É inegável que, se (o governo Lula) tivesse gasto o tempo que gastou no Oriente Médio na América do Sul, poderia ter evitado situações como essas (o conflito Colômbia-Venezuela).”
A resposta a tamanho despautério foi dada pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra, ao jornal O Estado de S.Paulo. Segundo o petista, “Serra está caindo no ridículo. Esse figurino de direita troglodita não assenta bem nele”. Para Dutra, o tucano ficou refém dos “falcões do DEM”. De candidato DA direita, José Serra passou a se assumir também um candidato DE direita.
MST
Já ao discorrer sobre os movimentos sociais, Serra revela que não terá pudor em criminalizar e perseguir as entidades. Diálogo com lideranças sociais? Em hipótese alguma! Aos empresários do Lide, Serra reafirmou sua tese conspiratória segundo a qual o Brasil está “numa era de exacerbação de um patrimonialismo sindicalista” — seja lá o que isso queira dizer na prática. Respeito ao sindicalismo certamente não é.
O preconceito se eleva contra o MST. Serra declara que, com Dilma na Presidência, os sem-terra “vão poder fazer mais invasões, mais agitação. É isso. Postura de governo em relação ao MST é que se trata de um movimento político e tem de viver pelas próprias pernas e não pode subverter a ordem democrática”. É a versão moderna de um dos lemas mais conhecidos da República Velha — “a questão social é caso de polícia”.
Jaime Amorim, coordenador regional do MST, resumiu bem o rumo que Serra tomou em sua campanha: “Ele tem postura conservadora, de extrema direita”. Já o MST, em nota emitida ainda na segunda-feira, disparou que a coalizão pró-Serra “pretende implantar em nível nacional suas políticas repressoras, tal como fez no estado de São Paulo em relação aos professores, sem-teto, sem-terra”.
A candidatura demo-tucana simboliza “retrocessos sociais”, agrega o movimento. “José Serra tenta criar um clima de terrorismo eleitoral, se vale de ameças e tenta criar um clima de raiva contra o MST porque não possui um projeto que de fato possa garantir a vida digna dos trabalhadores rurais e urbanos.”
fonte:portalVermelho.
Olá td bom. Estou divulgando este documentário, se puder assistir, vale a pena! Obrigado
ResponderExcluirhttp://nosolhosdaesperanca.blogspot.com/
Resenha
Jânio é um rapaz de vinte anos que foi preso na orla da praia da Cidade de Praia Grande confundido de fazer parte de um grupo de jovens que promoveram um arrastão. Mesmo sem provas ficou preso durante 11 meses. Leide e Francisco a mãe e o pai de Jânio precisaram lutar para provar a inocência do filho, enfrentando a principal dificuldade que esbarra num problema social ainda não resolvido no Brasil.
"Ser pobre é ser culpado até que se prove ao contrário?"
A intolerancia e a injustiça são crimes que precisamos denunciar,sempre!.Conte conosco meu camarada...
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