quarta-feira, 17 de novembro de 2010

TE CUIDA DILMA !: PMDB ARMA ARAPUCA E RECRIA O CENTRÃO


TERRENO MINADO A VISTA

O PMDB, que em nível nacional é fortemente comandado pelo quarteto José Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho e Michael Temer, sem a menor cerimônia, colocou as cartas na mesa mandando um  aviso para Dilma, como quem diz: "O Michael Temer, senhora presidenta, não é José de Alencar !..."

O partido do coronelato sequer esperou a posse dos novos deputados, marcada para 1º de Fevereiro de 2011, para avisar (essa turma trabalha ligeiro) que cinco partidos já oficializaram nesta terça-feira (16) a formação de um centrão, que contará com 202 deputados federais.

Com isso, se contar com a adesão de apenas mais 55 deputados, conquistará a maioria da Câmara. 

O Centrão anti-PT será formado por partidos de centro-direita PMDB, PP, PR, PTB e PSC.

Sendo que os partidos declaradamente de  oposição ao governo, que assumem posições conservadoras e mais á direita como o  PSDB, DEM e PPS, ainda não anunciaram se pretendem formar um bloco ou não, a partir e 2011, força que poderá unir-se, eventualmente, ao novo Centrão.

O PT, que elegeu a maior bancada nessas eleições (88 deputados), diante desse primeríssimo grande "movimento" do coronelato, passa a ser a segunda força parlamentar na Câmara...

Como já esta estabelecido por dentro da  cultura política brasileira a tradição que diz  que pertence á maior bancada - ou bloco partidário- a primazia de indicar o candidato à presidência da Câmara... 

Pressupõe-se que, sairá deste centrão, com o apoio singelamente negociado com a direita, o nome daquele que irá organizar os trabalhos nesta Casa e figurar com um poder político que transcende e impacta, sendo , inclusive, o terceiro na linha de sucessão e comando da República.

O que todos sabem se esconder por de traz desse movimento de xadrez e explica, em parte, a recriação do famoso Centrão velho de guerra, é o desejo do PMDB (como na fábula da rã e do escorpião) de isolar o PT e tentar "enquadrar" Dilma, dando um duplo bote quando da disputa -que promete ser renhida- pelo comando da presidência da Câmara, que se dará agora, em 2011, e do Senado federal... 

Será quando os novos presidentes eleitos nas duas casas atuarão -ou não- afinados com as prioridades estabelecidas pelo novo governo da presidenta Dilma... 

Que, a partir dessa nova correlação de forças, terá que negociar, bastante, com os lideres do Centrão, com muito cuidado para não cair na condição de refém desses velhos caciques bastante conhecidos,que não metem um prego sem estopa e que não querem largar o ossso...

A coisa esta assim: mesmo que o  PT venha á formar um  bloco com outros partidos que não se alinharam com o Centrão,  não  ultrapassará o número de 202 deputados e, caso decida formar um bloco partidário vermelho com o PCdoB, PSB, PDT contaria no maxímo com 165 deputados federais.

Na semana passada, o PDT, PSB, PCdoB e PRB anunciaram a articulação de um bloco de esquerda no Congresso, que poderia contar ainda com a participação do PV.

O deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB, nega que a formação do Centrão se trate de uma atitude de confronto ou de conflito, ou mesmo de uma tentativa de isolamento ao Partido dos Trabalhadores que,segundo ele, " será bem-vindo" (?). 

Para Sandro Mabel (GO), líder do PR,  a formação do Centrão está na linha de entendimento e não de confronto. Já para o  líder do PTB, Jovair Arantes (GO) a criação do Centrão apenas reedita uma história da Casa, "onde sempre se formou blocos", completou...  
José Eduardo Dutra, presidente do PT  diz não ver nenhum“racha” na base aliada após o PMDB ter anunciado a formação do Centrão e que, a presidenta eleita, Dilma Rousseff, vai trabalhar para manter a unidade da base. Afirmou também que, o PT mantém a posição de não criar uma disputa interna com o PMDB para as eleições das mesas da Câmara e do Senado. No entanto, parece que ele começou a "quebrar lenha fina", como dizem no Marajó, já que ele declarou para a Agência Brasil esperar que a tradição das duas casas seja mantida e presidências fiquem com os partidos com as maiores bancadas.Dutra disse que apresentou à presidenta Dilma uma síntese das reivindicações dos partidos aliados para ocupar cargos no governo. “Em resumo, todos os partidos querem manter os espaços atualmente ocupados. E, na medida dos possível, ampliar alguma coisa.”  
É bom que se diga que, pelas regras da Câmara o Centrão terá o mesmo peso e significado de bancada partidária, contando com privilégios sumamente estratégicos em relação às escolhas de cargos na Mesa Diretora da Casa, na indicação das presidências dessas comissões,na formação das 20 comissões técnicas, nas relatorias de proposições, nas presidências de comissões especiais como comissões parlamentares de inquérito (CPIs), entre outros privilégios. 
Resta a militância petista e as esquerdas,  torcerem para que o custo dessa unidade não tenha um preço muito alto a ponto de mutilar e descaracterizar a atual linha de atuação progressista que a nação espera, seja a marca principal do novo governo. 
Que prevaleça a lição de Jacques Vagner durante as eleições na Bahia que, de caneta em punho, colocou limites na gula do PMDB local.Se vale a máxima de que "Temer não é José de Alencar",vale também a outra em que "Dilma não é Lula",o contemporizador nato.


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