segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

POLICIA FEDERAL: PT PARAENSE REPUDIA ACUSAÇÕES DE ENVOLVIMENTO DE SUAS LIDERANÇAS EM CORRUPÇÃO NA SEMA

PT dá apoio a Puty, Ana Júlia e Caten. Denuncias “artificiais e sem consistência”



O diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) aprovou no último sábado (12), durante encontro do diretório estadual que comemorou os 31 anos de fundação do partido, moção de solidariedade à ex-governadora Ana Júlia, ao deputado federal Claudio Puty e à deputada estadual Bernadete ten Caten que, segundo a legenda, estariam sendo “arbitrariamente e injustamente acusados em situação de escândalo na Secretaria de Meio Ambiente do Estado, no que refere à liberação de licença ambiental”. De acordo com a moção, assinado por todas as correntes petistas, o PT “confiou, confia e continuará defendendo a governadora Ana Júlia e nossas lideranças”.

Ainda segundo o documento, o combate à corrupção em órgãos públicos tem sido uma das marcas do governo do PT. “No governo Ana Júlia os órgãos de controle e fiscalização foram fortalecidos e as práticas ilegais de madeireiros foram duramente combatidas em todas as regiões do Estado”. O PT afirma que apóia “plenamente as investigações que visem apurar e punir qualquer conduta irregular cometida nas instituições públicas do Estado do Pará em qualquer governo, inclusive no nosso”.

VAZAMENTO
Por outro lado, a legenda repudiou “o vazamento de informações em segredo de justiça que são utilizadas de forma irresponsáveis e tendenciosas na tentativa de ataque às lideranças do PT”. O documento ressalta ainda que as lideranças em questão “possuem atuações pautadas na legalidade, na transparência e na ética”, e que ações individuais que levem a qualquer constrangimento ao partido e ao povo paraense “serão repudiadas por nós e deverão ser punidas pela justiça”.

Ao final, o documento diz que o PT tem como uma de suas principais bandeiras “assegurar o estado democrático de direito, onde ninguém pode ser condenado até que seja provado pela justiça”.
Ao final do encontro, a ex-governadora Ana Júlia Carepa fez uma ótima avaliação. Segundo ela, a reunião fez uma defesa do legado do PT e das políticas públicas defendidas pelo partido. “Começamos um processo de avaliação onde, é claro, se reconheceram erros e problemas mas, ao mesmo tempo se reconhecem os avanços, e esses avanços e as nossas lideranças políticas. Vamos lutar para manter e ampliar nosso espaço no Estado”.

SILÊNCIO
Ana Júlia disse que a partir daquele momento não falava mais acerca do vazamento do inquérito da Polícia Federal que mostra o tráfico de influência na Sema e remeteu seu posicionamento ao advogado Carlos Botelho, que classificou as denúncias veiculadas no DIÁRIO, fruto do inquérito da PF, como “artificiais e sem consistência”.
Botelho ressaltou que a ex-governadora não é alvo que qualquer investigação no âmbito da Polícia Federal e tampouco é citada como integrante de qualquer esquema nas ligações. “Estão criando uma ficção envolvendo o nome da ex-governadora”.
Botelho reafirma que tudo se resume a uma disputa política. “Em toda essa investigação da Polícia Federal não houve nenhuma quebra de sigilo fiscal, interceptação de ligação ou apreensão de documentos envolvendo ou mencionando Ana Júlia. Nada. Além disso a ex-governadora entrou no cargo como saiu, sem responder a nenhuma acusação ou inquérito policial”, sustenta.

Paulo Rocha: “PT está passando por momento difícil”
Paulo Rocha, que foi conduzido no encontro ao posto de presidente de honra do PT no Pará, ressalta que a legenda tem uma característica de superação. “O PT do Pará perdeu as eleições e está passando por um momento difícil. Vamos superar esse momento e buscar nesse processo voltar a ser o partido que sempre fomos no Estado. Nosso grande desafio será buscar a nossa unidade política e demos hoje um grande passo nesse sentido”.

Ao lado de Paulo Rocha, a ex-governadora Ana Júlia sustentou que as lideranças petistas não estão atrás de cargos e nem vão disputá-los. “É verdade. Deixamos essa tarefa nas mãos do partido”, disse Rocha. Ana Júlia afirma que “O PT tem que ocupar esses espaços. Nós enquanto lideranças vamos ajudar o partido nesse processo”, disse Ana Júlia. Nenhum dos dois quis confirmar as especulações acerca da ocupação de cargos federais aqui no Pará. “Vamos sim nos preparar politicamente para a disputa de 2012 e 2014”, coloca Paulo Rocha. O PT montou uma comissão que discutirá essa questão da ocupação dos cargos aqui no Estado.

João Batista, presidente do PT, disse que os rumos que o partido vai tomar nos próximos anos serão tomados mais tarde. “Esse debate que promovemos aqui hoje vamos levar para a maioria dos municípios do Estado e aprovar as diretrizes num grande encontro em junho”, coloca.
Como esse foi apenas o primeiro encontro do partido após as eleições para o governo, Batista diz que o PT ainda não tem uma posição oficial do partido acerca da derrota de Ana Júlia. “Cada um tem sua opinião e sua avaliação. Os erros com certeza ocorreram, mas temos um capital político que é superior a esses erros. Houve no governo em alguns momentos mais política de secretário do que política de governo, além do erro de articulação política, mas isso será bastante discutido daqui para frente”.

O presidente do PT lamentou ainda o vazamento das investigações da PF sobre o esquema de corrupção na Sema. “O governo Ana Júlia foi um dos que mais combateu a corrupção e esse esquema de madeireiros. Estamos solidários aos companheiros e queremos que as investigações se aprofundem, mas dentro da Lei e não se antecipando e condenando as pessoas que sequer estejam sendo citadas ou sob investigação”.

Em relação à ocupação dos cargos federais no Estado por lideranças da legenda derrotadas no último pleito, João Batista acredita que o processo ainda demore. “Assim como o Paulo Rocha e Ana Júlia, temos lideranças do PT nessa situação por todo o país e a decisão caberá ao PT nacional, já que o processo envolve diálogo os demais Estados da região”, coloca.

Na resolução do diretório estadual aprovada ao final do encontro, o PT avalia o processo eleitoral e apresentou perspectivas políticas para os próximos anos de atuação no Estado, colocando–se como principal oposição ao governo do PSDB no Pará.

(Diário do Pará)

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