Há um novo nome na lista dos fugitivos mais procurados do Estado de São Paulo: o pedreiro Ananias dos Santos, de 27 anos, principal suspeito de um dos crimes mais tenebrosos de que o país ouviu falar.
As vítimas são as irmãs Josely e Juliana, de 16 e 15 anos. No caminho entre o ônibus escolar e a casa, encontraram um monstro.
Se tiver sido mesmo Ananias, era um monstro conhecido delas e da polícia. Tinha saído da prisão numa folga de Páscoa, em 2009, e não voltara. Todos sabiam onde morava. Já era foragido antes. Mas ainda não tinha ficado famoso.
A delegada Sandra Vergal diz com simplicidade que, “pelos antecedentes dele, Ananias não podia ser contrariado em nada”.
A delegada Sandra Vergal diz com simplicidade que, “pelos antecedentes dele, Ananias não podia ser contrariado em nada”.
Por que nenhuma autoridade policial até agora fez um mea culpa?
O preso sai pela porta da frente, não volta para a cela e, por suposta rejeição de uma das meninas, persegue e mata as irmãs a tiros?
Dói demais ver as fotos das adolescentes. Além de muito bonitas, eram conhecidas como educadas, estudiosas e apegadas à família.
Ananias era fugitivo com endereço certo. Quem afinal matou as meninas da aprazível Cunha, uma localidade pacata e verde, que fez passeata de 3 mil por justiça? Somos ou não também culpados pela negligência de nosso sistema penitenciário? A semana passada foi pródiga em constrangimentos.
Quarto da irmãs Cunha, tristeza insuportável para família |
Jose de alencar e a professora aposentada Rosemary de Morais |
■O vice-presidente José Alencar, herói no combate ao câncer, afetuoso no trato com as pessoas, dizia “não temer a morte, mas a desonra”. E, mesmo assim, foi incapaz de sequer conhecer sua suposta filha com uma enfermeira.
Recusou-se a fazer exame de paternidade e chamou publicamente a mãe de Rosemary de Morais de prostituta:
“Todo mundo que foi à zona um dia pode ser pai. São milhões de casos”. No caso de Alencar, a atitude não combina com a biografia. Onde estava sua coragem? Encarou o câncer e 17 cirurgias, mas Rosemary não. Ela ganhou na Justiça o sobrenome Alencar.
Além do crime bárbaro de Cunha, a semana ofereceu quatro outros motivos para nosso constrangimento
Cibele Dorsa |
■A atriz Cibele Dorsa usou sua depressão e seu suicídio para protagonizar um circo deprimente. O Twitter, a carta para a revista Caras, o vídeo montado para homenagear o noivo que também se matara dois meses antes.
Cibele seguiu o noivo suicida, Gilberto Scarpa |
Nesse inacreditável mundo novo, a regra é se expor e ser seguido por milhares, mesmo no Além. Uma moça bonita, mãe de um casal de filhos, desperdiça a vida e dirige um roteiro multimídia para conseguir finalmente a fama após a morte. O suicídio perde o que lhe restava de privacidade, discrição, gravidade e pudor.
Jair Bolsonaro: papel de ultra-direitista, garante-lhe o ganha pão de cada dia pago pelo povão |
■O deputado Jair Bolsonaro também aproveitou a mídia para ser mais Bolsonaro do que nunca. Ofendeu negros quando só queria, segundo ele, ofender gays. Já falou barbaridades piores.
Preta Gil |
Gil com Lulu Santos |
Como Bolsonaro defende sua liberdade de expressão, eu também poderia escrever que ele não passa de um ignorante. Mas, como isso não é novidade, só pergunto como o deputado foi parar na Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
■O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em visita a Buenos Aires, foi condecorado pela Faculdade de Jornalismo de La Plata por sua “defesa da comunicação popular”.
Militarista, o coronel Chaves é um censor contumaz |
E ganhou um prêmio que é homenagem a um jornalista importante da Argentina, assassinado pelos militares, Rodolfo Walsh.
Rodolfo walsh, memória assassinada |
O vexame internacional foi ainda maior pela coincidência: a anfitriã, a presidente Cristina Kirchner, é acusada de estar por trás dos sindicalistas que proibiram a circulação do jornal Clarín.
Como jornalista e ser humano, senti vergonha e impotência diante desses episódios e seus personagens. Nessas horas, a palavra não é suficiente.
Por Maria célia
Repostado do Blog Anjos e Guerreiros
Por Maria célia
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