segunda-feira, 20 de junho de 2011

BRAZIL - O GIGANTE PATETA?

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“Em abril, o Brasil se tornou o maior comprador mundial de títulos públicos dos EUA. A China ainda é a maior detentora desses papéis, mas a Rússia, que já foi a 2º do ranking, está reduzindo suas posições; hoje tem US$ 125 bi, contra US$ 207 bi do Brasil.

O BRASIL É O CANAL?

A contrapartida da ascensão brasileira é a valorização da moeda nacional, que acumula alta de 40% nos últimos dois anos, com os estragos sabidos: deslocamento de empregos e encomendas ao exterior, via importações crescentes, sobretudo de produtos industrializados. Investidores tomam dinheiro emprestado nos EUA e Japão a taxas próximas de zero e despejam seus recursos em títulos públicos brasileiros que pagam 12,25%. A contrapartida é irônica, se não fosse trágica em suas consequências de curto, médio e longo prazo: sem alternativa diante da valorização cambial que isso acarreta, o BC nativo compra esses dólares para... aplicá-los a juro zero no Tesouro americano, que por sua vez os reintroduz no sistema financeiro de onde retornam ao colosso brasileiro em busca de rendimentos notáveis e que devem aumentar ainda mais, para 12,5% até o final do ano, se depender dos conselhos ortodoxos. 


Com o espectro do calote rondando a Europa e a recessão persistente nos EUA, não há melhor negócio no mundo. O Brasil é o canal. A economia gerou 252.067 novos empregos em maio; a agência de risco Moody's elevou a sua nota de segurança para o país; somos confiáveis e estamos indo bem. Por essas e outras, o ingresso líquido de moeda estrangeira (em transações comerciais e financeiras) chegou a US$ 39,5 bi neste ano - US$ 15,5 bi superior ao total registrado em todo o ano passado. O BC já comprou US$ 35,8 bi até meados de junho. É mais que o dobro dos US$ 14 bi adquiridos no mesmo intervalo do ano passado. As reservas internacionais cresceram 16% e acumulam US$ 336 bi. Na superfície, a coisa vai de vento em popa. A engrenagem subterrânea, porém, emite rangidos preocupantes. Até quem está lucrando acha que a coisa passou do ponto: 'O país tem que fazer algo para evitar que a moeda se valorize ainda mais. Essa é a realidade', diz Kevin Daly, que ajuda a administrar US$ 6,5 bi aplicados em mercados emergentes na londrina Aberdeen Asset Management 

(com informações Bloomberg).”


(Carta Maior; 3º feira,21/06/ 2011)

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