Desde a declaração de apoio do Brasil ao Estado palestino nas fronteiras de 1967, há quase um ano, os desordeiros que governam Israel - e historicamente ignoram solenemente as já desmoralizadas decisões da ONU, organísmo que virou uma espécie de departamento do pentágono - iniciaram uma campanha diplomática para tentar "convencer" o nosso país do que consideram "um erro".Deveriamos fazer o mesmo com eles.
O esforço ganhou nova força nos últimos dias, com os planos palestinos de pedir reconhecimento como Estado diante da Assembleia Geral da ONU nesta semana.
A embaixadora do Brasil em Israel, Maria Elisa Berenguer, afirma ser contatada diariamente pelo alto escalão da Chancelaria israelense e por organizações judaicas não governamentais para falar sobre as possíveis consequências nas negociações de paz.
"Os israelenses estão preocupados, dizem estar desapontados com o apoio do Brasil e que esta atitude não é condizente com a paz na região", disse a embaixadora, em encontro com jornalistas brasileiros em Tel Aviv.
A Folha ouviu o mesmo argumento de Paul Hirschson, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores de Israel.
"Eu acho que o Brasil está cometendo um erro [ao apoiar o Estado palestino]. Ir à ONU é um sinal de que os palestinos não querem se comprometer com um acordo de paz e o Brasil está ratificando este esforço", disse Hirschson.
Berenguer ressaltou, contudo, que o reconhecimento do Estado palestino não significa necessariamente um 'sim' em um futuro voto por reconhecimento na ONU, já que o Brasil não votaria contra a existência de Israel.
"Como questão de princípio, o Brasil defende a autodeterminação dos palestinos. Mas é preciso avaliar bem o texto da resolução, pois o Brasil também defende a solução de dois povos, dois Estados, convivendo em paz e com direito à segurança", disse.
Apesar das divergências, os dois lados concordam que mesmo um apoio aos palestinos não afetará as relações bilaterais.
"Eu não estou feliz com o apoio aos palestinos, mas nada é perfeito. Há muito mais coisas envolvidas nas relações com o Brasil", diz Hirschson.
A embaixadora Berenguer diz que, no final do dia, "ambos queremos a mesma coisa: paz para os dois lados".
O cientista político israelense, Mark Heller, resume em termos mais práticos: "Se Israel se alienar de todos que votarem contra ele na Assembleia Geral, não terá muitos amigos".
Fonte: Folha/ com inferência do militanciaviva
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