DILMA NOS EUA: FIM DA VASSALAGEM
Por Mauro Santayana
... A visita da presidente Dilma
Roussef a Washington está sendo vista, por certos observadores, como de
poucos resultados. Entre outros fatos, apontam que não lhe foi oferecido
um jantar de gala, mas simples almoço de trabalho. Trata-se de bom
sinal: a austeridade do encontro demonstra que, nas conversações
preliminares, os diplomatas norte-americanos perceberam que a chefe de
Estado não chegava aos Estados Unidos para o ritual de vassalagem –
conforme ocorria em certo período de nosso passado quase recente – mas
como representante de uma nação soberana, disposta a discutir assuntos
de interesse recíproco, de forma séria e honrada.
Ao não transformar uma conversa
de trabalho em jantar de gala, Obama tratou o Brasil como o Brasil quer
ser tratado: um país que não se deixa engambelar por homenagens dessa
natureza. Não somos mais dirigidos por personalidades deslumbradas, que
se sentem engrandecidas quando são conduzidas ao Palácio de Buckingham
em carruagens puxadas a cavalos brancos e de arneses prateados, a fim de
serem recebidos por uma rainha astuta.
As relações entre os dois
países podem, e devem, ser melhores do que nunca foram – desde que os
norte-americanos nos vejam em nossa devida dimensão. O Brasil, ao
contrário de certos desavisados, não tem a pretensão de liderar os
paises sulamericanos, mas sente o dever de defender a autodeterminação
de seus vizinhos, como defende a própria. Não queremos que nos estendam o
tapete vermelho, mas que nos recebam com o respeito que os amigos se
merecem. Pelo menos, este é o sentimento do povo brasileiro, ainda que
não seja o de todos os seus diplomatas e homens públicos.
A viagem de Dilma Roussef deve
ser entendida como um êxito. Tratou-se de uma conversa franca, e não de
troca de amabilidades chochas, ditadas pelas conveniências da
diplomacia. O confronto de interesses entre os dois grandes países é
normal. Anormal seria a subordinação dos interesses de um aos interesses
do outro. As discórdias se resolvem nos acordos e tratados, sempre que
em benefício comum.
(para o JB on line)
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