quinta-feira, 2 de agosto de 2012

BELÉM - 12 CATEGORIAS PARTICIPAM DA GREVE QUE INICIA HOJE NA SAÚDE

Belém amanhece com poucos profissionais de sáude no sistema municipal, com a greve unificada que inicia hoje e envolve, além dos médicos - com atividades suspensas desde o dia 20 de junho-, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, dentistas, farmacêuticos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, técnicos em radiologia e demais servidores municipais da área. Com a greve geral, a população tem garantidos apenas 30% dos serviços essenciais.
12 categorias participam da greve que inicia hoje (Foto: Diário do Pará)
Representantes das categorias apresentaram os motivos da greve e garantiram o atendimento mínimo de 30% (Foto: Diário do Pará)

“Como define a lei de greve, manteremos em cada uma das unidades de saúde do município 30% do efetivo trabalhando e nas urgências e emergências estarão sendo feitas triagem, de modo que nenhum paciente que apresente risco de morte deixe de ser atendido”, disse o diretor administrativo do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa), João Gouveia, em entrevista coletiva realizada na presença de representantes de nove das 12 entidades que aderiram ao movimento.

RECLAMAÇÕES
Apesar das especificidades de cada uma das categorias, os profissionais são unânimes nas queixas em relação às condições de trabalho, defasagem salarial e a ausência de um Plano de Cargos, Carreiras e Rendimentos (PCCR). Segundo a categoria, atualmente os salários dos servidores são compostos em sua maioria (cerca de 60%) por abonos que não têm reajustes há oito anos, o suficiente para um acúmulo de perdas em torno de 45%.

Para hoje, os representantes dos 12 sindicatos planejam uma visita logo nas primeiras horas da manhã às unidades de saúde a fim de mobilizar os servidores e informar os usuários. A partir das 10h, haverá um ato público em frente ao Hospital de Pronto-Socorro Municipal (PSM) “Mário Pinotti”, na travessa 14 de Março.
A presidente da Associação dos Servidores da Saúde do Município de Belém, Rosana de Oliveira, reiterou a participação dos profissionais do “Mário Pinotti” na greve.
Segundo ela, apesar do recente acordo com a prefeitura após os 10 dias de greve na instituição, as condições de trabalho e atendimento no local pioraram.
Em visita a diferentes unidades municipais de Saúde na manhã de ontem, o DIÁRIO constatou movimento tranquilo. No Guamá, por volta das 10h, poucas pessoas aguardavam atendimento que ocorria normalmente.
Na Terra Firme, os últimos pacientes da manhã eram atendidos próximo das 12h. Mesmo com a consulta garantida, a auxiliar de serviços gerais, Madalena Machado, estava preocupada. “É complicado porque só consegui a ficha devido a uma desistência de uma grávida porque aqui ginecologista só atende gestante. Se com médico é assim, a gente fica pensando sem médico como vai ser”.
Em frente ao Pronto-Socorro da 14 de Março, a dona de casa Fabiana Pereira, 27 anos, também tinha dúvidas sobre o futuro. “Minha sogra está internada há duas semanas, não tivemos problema no atendimento, mas ela precisa fazer uma cirurgia e já ouvi dizer que não vai fazer. Acho que é por causa dessa greve dos médicos”, calculava.
Sesma apresenta Plano de Cargos para os funcionários

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) reuniu com representantes da Secretaria Municipal de Administração (Semad) e de sete classes médicas para apresentar o Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR). As categoria têm 15 dias para avaliar a proposta. Ainda assim, o movimento não recuou da greve. A Sesma garantiu que tem avançado nas negociações com a classe trabalhista, mas se a greve acontecer espera que o movimento mantenha 30% do efetivo.
“Estamos avançando nas negociações, em todos os pontos. Já afirmamos o compromisso de alocar no orçamento 2013 o vale-alimentação para todos os servidores, no adicional de turno e estamos também montando um calendário de reuniões para discutir o PCCR”, afirma a secretária municipal de Saúde, Sylvia Santos.

IMPEDIMENTO
Ela ainda explica que as pautas com acréscimo de valores não podem evoluir demais por conta do ano eleitoral. “As nossas dificuldades são a lei orçamentária, que é sempre votada no ano anterior e o período eleitoral não nos permite algumas mudanças que podem ser consideradas abuso de poder econômico”, acrescenta.
Sobre a possibilidade de greve, ela ressalta que cada entidade tem suas responsabilidades. “Nossa responsabilidade é de manter um serviço de excelência, a do movimento é de manter um percentual de atendimento que não prejudique a população”. Quanto aos serviços prestados pela rede municipal de saúde, a secretária afirma que faltam recursos. “Em um ano conseguimos captar R$ 89 milhões para serem investidos reaparelhando os pronto-socorros e reformando as unidades de saúde. Mas o SUS é de uma gestão triparte, temos vários responsáveis. E ainda somos carentes de recursos. 
(Dol)

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