sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Brasil trata com desdém ameaça feita por Paraguai

 

O Brasil desdenhou da ameaça do Paraguai de parar de "ceder" a energia de Itaipu para empresas brasileiras e considera que o presidente Federico Franco repete o discurso nacionalista dos antecessores para se fortalecer politicamente.

"Eles [o governo de Federico Franco] já estão amenizando o falatório", disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
"Nós apenas tomamos nota [da ameaça de Franco], nem consideramos", acrescentou o porta-voz do Itamaraty, embaixador Tovar Nunes, informando que o chanceler Antonio Patriota e a embaixada em Assunção não se deram ao trabalho de reclamar com o governo do país vizinho.
Tanto Lobão quanto Tovar disseram que Franco errou ao usar o verbo "ceder", já que o Paraguai na verdade vende energia ao Brasil --e por um preço que o ministro considera que não é baixo.
"A energia de Jirau e de Santo Antônio [duas hidrelétricas, em fase final de construção] é mais barata que a de Itaipu que compramos do Paraguai", disse Lobão.
Ele acrescentou que o Brasil bancou sozinho a construção de Itaipu, uma empresa binacional que estará totalmente paga em 2023: "Valerá então US$ 60 bilhões, 50% para cada sócio. O Paraguai terá um patrimônio líquido de US$ 30 bilhões. E quanto eles investiram? Zero".
Isso, segundo o ministro, sem considerar os "mais de US$ 5 bilhões em dividendos" que os paraguaios lucraram desde o início do empreendimento comum e o financiamento brasileiro para a linha de transmissão até Assunção.
Historicamente, os políticos paraguaios sobem o tom em relação ao Brasil, especialmente em épocas eleitorais, e o próprio presidente anterior, Fernando Lugo, que acabou deposto, fizera toda sua campanha à Presidência forjando um confronto com o Brasil por conta do preço da energia excedente.
Franco assumiu com a queda de Lugo, e as eleições serão em abril. Assim, o governo brasileiro classifica de "vazia" e de "lance de política interna" a ameaça de enviar ao Congresso projeto impedindo o país de "ceder" energia excedente ao Brasil.

FONTE: FOLHA.COM

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