segunda-feira, 22 de outubro de 2012

ÁNTÔNIO DE OLIVEIRA SALAZAR - O HOMEM QUE ENTERROU PORTUGAL

Salazar:Portugal deve boa parte de suas dificuldades a ele...

DE LISBOA
Os portugueses não são exatamente otimistas e positivos, como se vê pela música do país, o fado – um lamento de beleza melancólica e quase sepulcral em que a palavra saudade aparece com desmedida frequência. 

O povo olha mais para o passado épico e imperial do que para o presente. Portugal parece estar sempre de costas para o futuro. Os portugueses têm uma nostalgia peculiar: a de si mesmos.
De onde vem isso?
Antigas potências costumam mesmo tem temperamento nostálgico. Na Inglaterra, a Rainha Vitória – em cuja era o sol não se punha no império britânico — é constantemente evocada em filmes, livros, documentários etc.

Salazar com o ditador espanhol nazista, Franco
Mas Portugal levou o saudosismo a um estado patológico do qual resultou um vínculo não com a tradição, mas com o atraso. Uma contribuição milionária para isso foi dada por um homem: Àntônio de Oliveira Salazar, o ditador que dominou Portugal por quatro décadas no século 20. Salazar chegou ao poder no início dos anos 1930, pelas mãos dos militares, e dele só saiu depois de um derrame que o mataria em 1970. (O salazarismo sobreviveria a seu criador alguns anos ainda, e só seria extirpado com a Revolução dos Cravos, em 1974.)
A posse de Salazar
Tão ascético quanto Hitler, e como ele completamente devotado à missão de governar seu país, Salazar morreu pobre. 
Cortejo fúnebre de Salazar

Ao ser enterrado, tinha uma quantia modesta no banco e umas poucas casas simples. O problema é que ele deixou Portugal tão pobre quanto ele.


Tinha raiva do progresso. “O luxo da técnica, o delírio do mecânico, a vertigem do consumismo farão com que a civilização acabe por retornar cientificamente à selva”, disse ele. Industrialização era um mal para ele. Era avesso a inovações, e levou isso a tal ponto que uma única vez andou de avião. Foi de Lisboa a Porto, e ao descer disse, seco, que não tinha gostado. Jamais voltou a voar.

Não casou, mas deixava espalhar rumores de casos românticos e de filhos bastardos, até para escapar das suspeitas que corriam sobre homens solteiros em seu tempo em Portugal.
Crianças membros da Juventude Portuguesa, por Salazar criada, fazem a saudação nazista

Salazar disse, sobre Portugal, uma frase que nem seus adversários poderiam questionar: “O nosso passado pesa demais no nosso presente.” Quarenta anos depois de sua morte, quando Portugal vive uma crise econômica que está deixando os portugueses simplesmente apavorados, as palavras de Salazar valem para o legado que ele deixou para seu povo. 

A obra pró-atraso de Salazar pesa demais, ainda hoje, sobre Portugal.
Doentiamente saudosista, Salazar jamais aceitou que o império português se desfizesse pacificamente. Queimou, em absurdas guerras na África contra países que lutavam pela independência, uma riqueza que, se tivesse sido mantida em casa, deixaria Portugal hoje numa situação bem melhor. Quando os portugueses enfim disseram basta ao salazarismo, o estrago já estava feito – e o resultado pode ser visto na aflitiva luta de Portugal para não ser despejado da zona do euro.

 Paulo Nogueira no seu Diário do Centro do Mundo.
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Nota do Militanciaviva: Já que falei em Portugal, ouçamos a eterna diva lusitana, Amália Rodrigues, em um de seus 'transes' maravilhosos, cantando com uma só voz para os dois planos, um fado esculpido em musica e poesia com a energia da alma  dos valentes navegantes...
Obrigado aos nossos milhares leitores portuguese e descendentes da Europa e Ultramar,em especial Moçambique e Angola, que, diariamente, nos honram com suas visitas ao nosso Blog.
       Eduardo Bueres


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