sexta-feira, 19 de outubro de 2012

DINOSSAUROS POLÍTICOS - O TRISTE FIM...

Plínio de Arruda Sampaio, candidato à presidência da república em 2010 pelo PSOL, manifestou apoio à candidatura do tucano José Serra à prefeitura de São Paulo. “O importante agora é derrotar o Haddad porque ele é incompetente e porque sua vitória fortalece o Lula e a turma do Mensalão”, diz Plínio. E a vitória de Serra fortalece a classe operária, cara pálida?
Criticado por essa postura, Plínio postou no Facebook: “Oh! meu Deus! Como esse povo gosta de fofoca. O fato de dizer que considero o Serra melhor que o Haddad não implica que deixarei de votar, como sempre fiz, de acordo com o meu partido. Como a direção nacional do PSOL determinou o voto nulo no segundo turno, esse será o meu voto. Jornalistas: não percam tempo em me entrevistar: a resposta será sempre a mesma: vou anular meu voto porque esta é a determinação do meu partido”. Até parece o Serra irritado com “perguntas inconvenientes” dos jornalistas...

Mas quando perguntado pelo site Sul21 sobre as alianças do PSOL com DEM e PTB em Macapá, Plínio despistou: “É um caso muito particular e diz respeito a um lugar remoto num estado muito pequeno, de modo que, nesse caso, se fez uma vista grossa”, comentou. Então, tá...

Hélio Bicudo
A questão de alianças políticas é sempre um assunto complexo. É uma coisa para gente grande, não para carmelitas descalças. Plínio poderia até lembrar a aliança de Haddad com Maluf para refutar críticas petistas ao seu apoio a Serra. Acontece que são coisas bem diferentes. Embora o PT possa ser criticado por essa inusitada aliança com o malufismo, ela se prestou mais à conquista de tempo na tevê do que qualquer outra coisa. Haddad não defende nada da “agenda” do ex-prefeito. Já Serra, como em 2010, vendeu sua alma ao que há de pior da direita religiosa e fascista (Silas Malafaia, coronel Telhada et caterva). Sua agenda é claramente conservadora, como até FHC admitiu. Logo, defender o voto no vampiro é apoiar essa agenda próxima à do Tea Party.

Plínio não está sozinho nessa sua endireitada disfarçada de cruzada ética: outro que declarou seu apoio a Serra, já em 2010, foi o ex-petista Hélio Bicudo, um poço até aqui de mágoa contra seus antigos camaradas do PT.
Fazer política com o fígado é isso que dá...

Hitler e os SA: a esquerda não se uniu e ele chegou ao poder
Isso me faz lembrar uma das maiores tragédias da esquerda mundial: a Alemanha do final dos anos 1920 e início dos anos 1930. Naquela época, os partidos de esquerda (social-democratas e comunistas) eram a força eleitoral e política mais poderosa da Alemanha. Se tivessem se unido, o nazismo jamais teria chegado ao poder. Mas os comunistas, dirigidos pelo sectarismo do “Terceiro Período” de Moscou, consideravam os social-democratas pior do que os nazistas (“social-fascistas” era o termo com que os sequazes de Stálin os designavam). Resultado: enquanto os “camisas pardas” das SA aterrorizavam socialistas nas ruas – às vezes com o apoio dos comunistas –, o NSDAP conquistava a maioria eleitoral no Reichstag. No poder, Hitler esmagou igualmente comunistas e socialistas. Depois dessa fenomenal cagada, a III Internacional fez um giro de 180º e passou a apoiar as chamadas “Frentes Populares Antifascistas”. Mas aí já era tarde. 

Niccolò Macchiavelli
Nos seus primórdios, o PT também foi vítima dessa "doença infantil", coisa que o levou a cometer inúmeros erros políticos. Mas o inacreditável é que pessoas com experiência política de sobra, como Plínio e Bicudo, caiam vítimas dessas tentações pseudo-esquerdistas.

Acho que são os limites de uma certa esquerda vinda do catolicismo: nunca se livram do conceito de pecado e nunca aprendem as vicissitudes da política. 

Lêem mais Santo Agostinho do que Maquiavel e Hobbes. Uma pena, porque eles são homens honrados, como diria Marco Antônio a respeito de Brutus e dos assassinos de César...           

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