quinta-feira, 8 de novembro de 2012

WE CAN?




Barack  Obama: vitória contra o reacionarismo
Antes de mais nada, a reeleição de Barack Obama representa a vitória dos setores mais esclarecidos e progressistas da sociedade americana sobre um partido – o Republicano – que se tornou a expressão do que existe de mais reacionário, oligárquico e excludente nos Estados Unidos. A direita extremista do GOP, que durante muito tempo foi isolada e ficou restrita a tipos marginais como os senadores Joseph MacCarthy e Barry Goldwater, se tornou hegemônica com George W. Bush, embora tenha começado a inter influência no partido com Ronald Reagan, nos anos 1980.

Abraham Lincoln
É curioso é notar como o mapa político das últimas eleições – os estados “azuis”, onde os democratas tiveram maioria versus os “vermelhos”, onde os republicanos levaram a melhor – reproduz, com poucas diferenças, a divisão entre o norte progressista e sul conservador durante a Guerra da Secessão (1861-1865). Com a notável diferença de que, na época da guerra, os progressistas eram os republicanos de Abraham Lincoln, que aboliu a escravidão, e os reacionários eram os democratas de Jefferson Davies.

Voltando a 2012, é preciso dizer que está tudo muito bem, mas Barack Obama, na melhor das hipóteses, ainda não disse a que veio. Na pior, ele é um prisioneiro de Wall Street e dos interesses financeiros que levaram à crise de 2008 e do poderoso Complexo Militar-Industrial denunciado há 50 anos por Dwight Eisenhower – aliás, um republicano esclarecido. Isso porque, até agora, nem de longe Obama teve a ousadia de um Franklin Delano Roosevelt, que peitou grandes corporações e até a Suprema Corte para implantar o seu New Deal, equivalente do Welfare State europeu que está sob ataque do establishment financeiro desde a ascensão de Reagan.

Ainda assim, a reeleição de Barack Obama mostrou que a esperança venceu o medo, repetindo um jargão muito usado por aqui. Muitos daqueles que o criticam torceram por ele – modestamente, eu me incluo neste grupo. Obama evitou o pior, a eleição de Mitt Romney, que seria a volta do “neoliberalismo militarista” sem peias da direita, com graves consequências para o equilíbrio de poder e a economia mundial.

É claro que, no segundo mandato, Obama pode ser mais ousado. Não creio, mas é esperar para ver. O texto abaixo, de Paul Krugman e Robin Wells, uma resenha de três livros que versam sobre como Obama lidou com a crise, faz uma radiografia dos “homens do presidente” que controlam a economia. Se continuarem lá, as coisas não deverão mudar muito. 

Wall Street vence com Obama, enquanto Partido Republicano se torna o partido dos brancos em minoria

Getting Away with It

Paul Krugman e Robin Wells

New York Review of Books

Na primavera de 2012, a campanha de Obama decidiu investigar a relação entre Mitt Romney e a empresa Bain Capital, uma firma de capital privado para a qual o republicano trabalhou, que havia se especializado em assumir o controle de empresas e extrair dinheiro para seus investidores, às vezes promovendo o crescimento, mas muitas vezes à custa dos empregos dos trabalhadores. Na verdade, houve vários casos em que a Bain conseguiu lucrar ao mesmo tempo em que suas metas de aquisição empurravam as empresas para a falência.

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