segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

LIDER DO MST FOI EXECUTADO NO RIO


Cicero em atividade em Cambahyba. A Justiça é uma das suspeitas do crime____________________________________________________
A secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) lamentaram o assassinato do coordenador do MST Cícero Guedes e condenaram a violência do latifúndio, em Campos dos Goytacazes, no norte do Estado do Rio de Janeiro.
Cícero foi executado com 12 tiros na cabeça, na sexta-feira (25/1), em uma emboscada quando saia de uma reunião no acampamento de bicicleta. Nascido em Alagoas, ele foi cortador de cana e coordenava a ocupação do MST na Usina Cambahyba, um complexo de sete fazendas que totaliza 3.500 hectares.
O enterro foi realizado na tarde de domingo, no cemitério Campo da Paz. Estiveram presentes além de familiares, militantes do MST e assentados na região. Carlos Guedes, presidente do Incra, Marcelo Freixo, deputado estadual, e Dom Roberto Francisco Ferreira Paz, bispo de Campos, também acompanharam o velório.
Os órgãos do governo federal responsabilizam o Poder Judiciário pela lentidão para a criação do assentamento. Apenas em agosto de 2012, depois de 14 anos de uma disputa judicial, a Justiça autorizou o Incra a dar prosseguimento à desapropriação das fazendas.
“A situação de disputa fundiária na região entre Campos dos Goytacazes e São João da Barra tem sido agravada pela morosidade na tramitação de processos judiciais que envolvem imóveis considerados improdutivos e, portanto, passíveis de desapropriação para a reforma agrária”, afirmou a ministra da secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário.
“O caso específico da ocupação liderada por Cícero é bastante ilustrativo: o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária havia determinado, há 14 anos, a desapropriação das fazendas que compõem a Usina Cambahyba. Mas só em agosto de 2012 a Justiça autorizou que a autarquia federal desse prosseguimento à desapropriação dos imóveis”, afirmou a ministra.

Cicero morreu com 12 tiiros na cabeça

“O Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra lamentam a morte de Cícero Guedes dos Santos. Assim que tomaram conhecimento do fato, entraram em contato com autoridades competentes solicitando prioridade nas investigações para elucidar a motivação e a punição dos responsáveis por esse bárbaro crime”, cobraram em nota os órgãis da Reforma Agrária.
O deputado estadual Marcelo Freixo, presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio, acredita que Cícero foi executado em um crime político. “Existe um suspeito e tudo indica que foi execução, pois todos os pertences da vítima estavam no local. A região é de muitos conflitos pela grande quantidade de terra. Acredito em crime político”, disse.
“A morte é o sinal da incapacidade dos poderes em ver o que esta tão visível,a impunidade. É covardia não fazer a Reforma Agrária, mais covardia ainda é não punir os assassinos e mais ainda é permitir a lentidão da máquina publica em não realizar a sua parte levando os trabalhadores a morte. Cada um tem um pedaço da culpa. Reagir é necessário, vamos combater os crimes da Reforma Agraria, um dos caminhos é fazendo-a”, avalia Maria de Oliveira, ex-superintendente do Incra em Pernambuco e diretora técnica do Iterpe (Instituto de Terras e Reforma Agrária de Pernambuco).
“Enquanto o Estado Brasileiro não fizer a Reforma Agrária, não tomar uma atitude com relação a concentração de terras, o povo brasileiro, e principalmente os que lutam de forma organizada, continuam morrendo por meio das mãos do poder. Não temos como chegar a paz no Campo sem a Reforma Agraria”, afirmou Oliveira.
Para o professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Marcos Antonio Pedlowski, os movimentos sociais devem exigir a apuração e a prisão dos assassinos, além de continuar o esforço organizativo. “Cícero é mais um morto pelos que se opõem à Reforma Agrária e às transformações estruturais que precisamos no Brasil”, acredita o professor.




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