sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Palestino indicado ao Oscar é detido nos EUA



Emad Burnat tentou desembarcar em Los Angeles para participar do Oscar, já que recebeu a indicação de melhor documentário Foto: Guy Davidi


Indicado ao Oscar deste ano na categoria de melhor filme documentário, o co-diretor de Cinco Câmeras Quebradas Emad Burnat foi detido por agentes da Imigração dos Estados Unidos no aeroporto de Los Angeles, na terça-feira (19), ao tentar entrar no país para participar da premiação. O palestino, que estava acompanhado da mulher e do filho, foi alvo de vários questionamentos por parte dos funcionários. Resolvida a confusão, ele disse ao site The Hollywood Reporter que seu povo enfrenta esse tipo de situação diariamente.
“Embora essa tenha sido uma experiência desagradável, é uma ocorrência diária para os palestinos, a cada dia, em toda a Cisjordânia. Há mais de 500 postos de controle israelenses, bloqueios de estradas e outras barreiras à circulação em toda a nossa terra, e nenhum de nós tem sido poupado da experiência que eu e minha família experimentamos ontem. A nossa (experiência) foi um exemplo muito menor do que a que o meu povo enfrenta todos os dias", declarou Burnat.
O cineasta ainda detalhou como foram os momentos em que ficou detido no departamento de Imigração: "ontem à noite, a caminho da Turquia para Los Angeles, na Califórnia, eu e minha família fomos detidos pela Imigração dos EUA por cerca de uma hora e questionados sobre o propósito da minha visita aos Estados Unidos”.
"Os funcionários da Imigração pediram uma prova de que fui nomeado ao Oscar pelo documentário Cinco Câmeras Quebradas e eles me disseram que, se eu não pudesse provar o motivo da minha visita, minha esposa Soraya, meu filho Gibreel e eu seríamos enviados de volta para a Turquia no mesmo dia. Depois de 40 minutos de perguntas e respostas, Gibreel me perguntou por que nós ainda estávamos esperando naquela sala pequena. Eu simplesmente disse-lhe a verdade: 'talvez nós tenhamos que voltar'. Eu pude ver seu coração afundar”, continuou o palestino.
O cineasta Michael Moore, que recebeu em 2003 o Oscar de melhor documentário por Tiros em Columbine, comentou sobre o assunto em seu Twitter. "Apesar de ter apresentado o convite para a cerimônia do Oscar, isso não foi suficiente para as autoridades, que o ameaçaram de enviar de volta à Palestina", relatou ele na noite de terça-feira, quando ocorreu o incidente.
"Os agentes de Imigração e Alfândega não puderam entender como um palestino poderia ter sido indicado ao Oscar. Emad me enviou uma mensagem pedindo ajuda", acrescentou Moore, que afirmou ter entrado em contato com funcionários da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que consultaram seus advogados. "Depois de uma hora e meia, decidiram deixá-lo em liberdade", finalizou o cineasta.Um porta-voz do Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos, Jaime Ruiz, disse que a agência irá emitir uma declaração sobre o incidente, mas não fez nenhum comentário adicional. 


Análise de Conjuntura

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