quarta-feira, 20 de março de 2013

POLÍCIA DO PARÁ EM PÉ DE GUERRA


A nova presidência do sindicato dos delegados e  policiais civis do Pará - SINDIPOL, que alguns firmam é composto por 2.500 policiais (deste apenas 1.800 estão na ativa) que, na atual legislatura entre outros é dirigido pelos delegados Fernando Fávio e por João Morais - que foi ex-delegado geral no governo Almir Gabriel -,  mobilizou a categoria na manhã ontem (20) para ir as ruas protestar e "possivelmente" entrar em greve. 

Reivindicação: 

"A nossa principal reivindicação é a incorporação de 100% do abono de R$ 540,00 ao vencimento-base que varia, de acordo com as faixas de classificação dos servidores, de R$ 670,00 a cerca de R$ 750,00", destacou Rubens Teixeira, informando que são cerca de 4 mil servidores públicos da Polícia Civil no Estado, cuja data-base transcorre em abril. "O Governo anunciou em 2012, à imprensa, que pretende incorporar 100% do abono em abril, agora", assinalou o sindicalista.
Reajuste - Os servidores também reivindicam 30% de reajuste salarial, elevação do valor do tíquete-alimentação dos atuais R$ 325,00 para R$ 750,00. "Esse valor permanece sem reajuste há anos", observou Rubens. Ele informou que a correção das diárias dos servidores é outra reivindicação da categoria. "O Dieese-PA vai calcular esse reajuste. Hoje uma diária é de R$ 135,00 e há mais de sete anos esse valor não é reajustado. Eu dou como exemplo o fato de que alguns policiais foram recentemente atuar em Altamira e cada um teve essa diária de R$ 135,00, sendo que só o hotel lá custava R$ 200,00 para cada policial", disse o presidente do Sindipol.
O plantão remunerado de 24 horas dos servidores tem o valor de R$ 180,00, e a cada mês são feitos oito plantões, ou seja, cerca de R$ 1.400,00 para cada policial. "Precisamos corrigir essa situação, porque ao invés de pagar o salário de um policial na faixa de R$ 3 mil líquidos, o Governo opta pelor valor mais baixo de R$ 1.400,00", afirmou Rubens Teixeira. Outra reivindicação dos policiais é a progressão funcional para os servidores de nível médio que há cerca de 12 anos (antes mesmos dos concursos públicos de nível superior para a Polícia Civil há seis anos) já não tinham essa prerrogativa".

Até aqui, tudo bem, tudo legal, no que trata da questão salarial, todo apoio e solidariedade possível ao pleito, por  tratar-se de um pacote contendo revindicações justas. De fato é muita falta de sensibilidade e até uma canalhice da parte das autoridades do executivo estadual que fecha os olhos para esta situação.


Porém o apoio incondicional á este movimento, que poderia ser multiplicado aqui pela blogosfera, gerando mais solidariedade ao movimento, ajudando positivamente na formação da opinião da sociedade, seria dado com mais firmeza se não fosse uma "birra" que faz parte do conjunto das exigências colocadas na mesa: estaria a classe dos policiais civis inacreditavelmente 'mordida' por conta da  - acertada - decisão do atual Secretário de segurança Púbica Luís Fernandes, que decidiu que os policiais militares que foram colocados pela SSP a disposição da polícia judiciária nas seccionais que, a partir de agora, passarão também a fazer BOP - Boletim de Ocorrência Policial facilitando a vida dos que estão no banco de espera. 

Esta é uma típica decisão que vem 100% ao encontro da valorização da cidadania que é descaradamente negada a população mais carente, que tradicionalmente sempre foi muito sacaneada nos governos tucanos, onde  muitas vezes amarga um desrespeitoso 'chá de cadeira'  no distrito e volta para casa sem conseguir fazer o seu registro; é gente que se frustra todos os dias pela ausência da  figura do escrivão, que bem pode ser substituído por um policial militar sem nenhum preconceito. Rejeitar esse tipo de apoio  parece uma manifestação de corporativismo bobo e é inaceitável.

Principalmente porque presenciamos um cenário cruel, onde o Estado do Pará aparece na grande imprensa, em todas as estatísticas, disputando a pole position pela taça de campeão nacional e mundial de crimes de morte, assalto com refém e rota de tráfego de entorpecentes. Até entenderiamos o brio ferido pela polícia civil, que tem a função de investigar e elucidar os crimes, mas, na outra ponta, é essa a mesma força que aparece em outras estatísticas  apontando que a maioria dos inquéritos não são elucidados. Outro fato bastante conhecido esta na falta de vontade dos cidadãos em se dirigir até uma delegacia para efetuar uma queixa, sabendo que vai enfrentar dificuldades em nível  de atendimento.

Há carência técnica, estrutural e sobre tudo humana, para dirigir diligências. O fosso  entre o atendimento e o público é  grande; caso a cúpula da polícia civil deixasse de boicotar essa medida salutar, teria hipoteticamente, mais tempo pára cumprir o seu papel de investigar, enquanto que a PM ajudaria apenas no registro e atendimento burocrático, sem nenhum prejuízo

Lembrando sempre que, quando se trata de registrar um crime praticando contra algum 'figurão', um 'caixa alta', um 'marajá', um 'barão', a solução para o trâmite, vem imediatamente de cima para baixo.

As perguntas que não querem calar são: 

1º) - Delegados dirigentes, os senhores são sabedores da carência de escrivães nas DPs para dar conta do registro de centenas de demandas da população que diuturnamente chega nas delegacias?; 

2º) - Na ausência do escrivão, principalmente nos plantões noturnos nos DPs que funcionam 24 horas, os senhores irão sentar vossos digníssimos rabos nas cadeiras para atender o povo?...

Será que não aparecerá ninguém para dizer para os delegados que desta forma preconceituosa os policiais civis estão indo na contramão do interesse da população?. 

Existem montanhas e mais montanhas de questões mais urgentes de elevado interesse social no campo da segurança pública a espera de soluções para esta classe que poderiam estar sendo melhor focadas, por exemplo: a falta de um calendário de luta permanente pela  isonomia salarial dos policias do Pará, onde e quando a faixa da categoria seria equiparada com os policiais do Distrito Federal; urge um plano reposição permanente de equipamentos de proteção individual; renovação dos equipamentos de informática nas seccionais em substituição aos que se apresentam com defeito ou, estão demasiadamente ultrapassados; renovação da frota própria para fugir dos onerosos contratos de locação com  empresas tipo a DELTA, ligada ao bicheiro Carlinhos Cachoeira; substituição do sistema de telefonia que, em algumas delegacias, não funciona, sendo que, em muitas delegacias no interior do Pará o custo do serviço aumenta em função da telefonia móvel de uso operacional.  

A essência desse protesto na busca pela melhoria salarial é legítima e precisa ser respeitada.  O que vai na contramão e, absolutamente NÂO esta baseada na defesa do interesse da sociedade paraense - que  já anda de saco cheíssimo com tanta lambança -  é esse tipo de conversa fiada, teatro e jogo de cena que nega à população o direito de não enfrentar fila para fazer seus registros. 

O que a direção do SINDIPOL deveria explicar para todos é sobre o sentido da propaganda -  que é paga pelos associados desta pobre entidade -   que é feita  diariamente na Radio Clube do Pará, transferindo uma renda que poderia ser usada em benefício da categoria, mas  que esta sendo colocada de graça nos cofres da família dos Barbalhos,  proprietários da emissora. 

Quanto estão gastando os Barbalhos com essa bobeira orgulhosa inútil, só para para o locutor dizer no final da mensagens pra lá de vazia e piegas, os nomes dos atuais dirigentes?. 


Texto: Mundinho Almeida/Curuça - Pará para o Mviva



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