terça-feira, 19 de março de 2013

FHC E AÉCIO QUEREM SERRA FORA DO PSDB





Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem defendido que, se for para Serra optar por outro caminho, que o faça agora; senador Aécio Neves (PSDB-MG) também afirma que tucanos não devem esperar por definição da tropa serrista; recado foi transmitido por meio da coluna da jornalista Sonia Racy, do Estado de S. Paulo; a outra colunista do Estadão, Dora Kramer, Roberto Freire confirma ter feito um convite a Serra para que integre as fileiras do PPS; tucanos estão a um passo de uma cisão histórica

19 DE MARÇO DE 2013

247 - O PSDB está bem perto de uma cisão histórica, com a saída de um de seus fundadores, José Serra, que foi prefeito de São Paulo, governador do estado e duas vezes candidato à presidência da República. Tanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como o senador Aécio Neves (PSDB-MG) sinalizam que não estão dispostos a ceder às pressões de Serra para ocupar maior espaço no PSDB – o ex-governador quer a presidência da sigla para só depois disso hipotecar seu apoio a Aécio.

O recado de que FHC e Aécio não pretendem ceder foi transmitido na edição desta terça-feira do jornal Estado de S. Paulo, na coluna da jornalista Sonia Racy. "O ex-presidente tem defendido que, se for para Serra optar por outro caminho, que o faça agora", diz a nota Ponte Minas-SP. No mesmo texto, a jornalista prossegue, afirmando que "Aécio não quer que o partido fique parado à espera de Serra".

Ao 247, um dos mais próximos aliados de Serra, o ex-governador Alberto Goldman, classificou a eventual saída como uma "revolução". Goldman afirmou ainda que a permanência de Serra, e com um bom espaço no PSDB, seria vital não apenas para Aécio, como também para a candidatura de Geraldo Alckmin à reeleição, em São Paulo.

Por isso mesmo, a saída de Serra pode ser uma aposta de altíssimo risco para o PSDB. O ex-governador tem convite para se filiar ao PPS, de Roberto Freire, onde concorreria ao Palácio dos Bandeirantes, em 2014, e também criaria um palanque para Eduardo Campos, do PSB, em São Paulo. Ou seja: Serra dividiria o PSDB, colocaria em risco a principal cidadela do partido e ainda estimularia o projeto presidencial dos socialistas. Outra possibilidade seria concorrer à presidência.

À jornalista Dora Kramer, também do Estado de S. Paulo, Roberto Freire confirmou ter convidado José Serra a integrar o PPS. Ao 247, um dos principais aliados de Serra disse que a possibilidade de que ele deixe o PSDB hoje é bem superior a 50%.

Leia, abaixo, a coluna de Dora Kramer:
Tremor na base

O presidente do PPS, deputado Roberto Freire, realmente convidou o tucano José Serra a entrar no partido, ainda não obteve resposta e diz que se encerra por aí a veracidade das versões que correm sobre o assunto. “O mais é fruto de uma central de invenções sem compromisso com a realidade”, afirma.

Esse “mais” que Freire qualifica como mero boato seria a exigência de Serra de que, para entrar no partido, precisaria ter assegurada a legenda para concorrer à Presidência da República. “Nem podemos garantir nada, nem ele pediu, nem temos ainda claro como será o cenário da disputa de 2014.”

De acordo com Roberto Freire, o que há em relação ao tucano é um desejo de incorporá-lo a um bloco para tentar quebrar o ciclo de dez anos do PT no poder central e a evidência de que Serra está desconfortável no PSDB, onde o grupo afinado com o senador Aécio Neves vem ocupando ativamente todos os espaços desde a derrota de 2010.

O importante nessa história, aponta Roberto Freire, é a existência de alternativa no horizonte. “Alguém que possa derrotar eleitoralmente o que está aí, que recupere o respeito pelas instituições e possa enfrentar a crise econômica.”

Se Eduardo Campos tem origem no campo governista, para o deputado não é algo que deve ser visto como um fator excludente. “Inclusive porque não é a oposição que estimula a candidatura dele, mas sim um evidente processo de reestruturação na base do governo.”

Na visão dele, o que impulsionou essa forte tendência de Eduardo Campos de se afastar da área de influência do PT e buscar a articulação de outro polo de perspectiva de poder foi a ruptura com o PT na eleição para a prefeitura de Recife.”Ele enfrentou Lula e venceu. No Rio Grande do Sul, também conseguimos romper com a hegemonia do PT na capital. Esse grupo não é invencível e, para vencê-lo, não é preponderante que haja a encarnação do oposicionismo, mas capacidade de vencer mediante um projeto que faça o Brasil avançar.”

O empresariado, notadamente o setor produtivo, tem dado reiteradas demonstrações de cansaço com o atual modelo, na opinião de Freire. A busca por uma opção não estaria, portanto, restrita ao mundo político-partidário.

Freire vê semelhanças com o período pré-edição da Carta aos Brasileiros, com a qual o PT se comprometeu com o bom senso na área econômica, quando a sociedade buscou outros nomes antes de se concentrar em Lula: Roseana Sarney e Ciro Gomes, por exemplo, que chegaram a liderar as pesquisas no primeiro semestre de 2002.

Se o “alguém” será Pedro, Paulo ou João – ou mesmo todos os nomes de quem se fala, incluindo Serra e Marina Silva, na percepção de Roberto Freire não é uma questão para ser resolvida agora nem administrada pela lógica da disputa no campo que pretende se apresentar como contraponto ao PT. “Do ponto de vista tático, podem disputar todos os candidatos. Haverá segundo turno e, nesse grupo, não há a tendência de repetir o gesto de neutralidade de Marina em 2010.”

Mas Eduardo Campos, sendo oriundo da arena governista, pode ficar com Dilma, não? Na visão de Freire, ao contrário: “Se ele se traz como proposta de um projeto alternativo, não poderá retroceder”.

Bom proveito

Seja qual for o caminho dos partidos aliados ao governo em relação à reeleição de Dilma, uma decisão está se consolidando entre eles: entrega dos cargos não estará em cogitação tão cedo. Chegaram à conclusão de que a devolução dos espaços só serve para que sejam redistribuídos ao PT que, na posse deles, os usa como instrumentos não apenas contra os que se transformam em adversários, mas também contra os que continuam aliados no plano federal e optam pelo chamado “palanque duplo” no âmbito regional. 


Brasil 247

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