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E Nicolas Maduro ganhou...
Maduro foi a escolha certa
A vitória do candidato chavista representa a continuidade do combate à monstruosa desigualdade social que a elite venezuelana construiu ao longo dos tempos.
Foi uma vitória apertada, é verdade: 51% a 49%.
Mas, consideradas as circunstâncias, foi um feito extraordinário.
Lembremos.
Poucos meses atrás, Maduro era virtualmente desconhecido. Os
venezuelanos tomaram real contato com ele quando Chávez, antes de
embarcar para Cuba pela última vez para tratar do câncer que afinal o
matou, o apresentou ao povo.
Chávez pediu que, caso ocorresse o pior, os venezuelanos votassem nele.
Ocorreu.
Maduro, saindo do nada, fez em tempo exíguo uma campanha presidencial
em meio ao luto pessoal e à tristeza avassaladora de milhões de
venezuelanos que se sentiram subitamente órfãos.
E ganhou.
Capriles, seu adversário, tinha já a alavanca da campanha anterior, na qual perdeu para Chávez – mas com uma votação expressiva.
Tinha também, ainda que jovem, uma carreira política relevante: não
apenas é o governador de Miranda, um dos principais estados
venezuelanos, como foi o nome capaz de unir pela primeira vez toda a
oposição a Chávez e ao chavismo.
Com tudo isso, Maduro ganhou.
Você pode fazer um paralelo com Dilma e Lula. A diferença é que
Maduro, ao contrário de Dilma, não teve Lula ao lado. E nem fez campanha
enlutada.
Foram 300 mil votos de diferença, e Capriles clama auditoria. Que se
faça – embora o sistema eleitoral venezuelano seja amplamente
considerado um dos mais modernos do mundo.
Mas que fique registrado que o mesmo Capriles, recentemente, ganhou o
governo de Miranda por 45 mil votos, e sua vitória não deixou de ser
reconhecida.
Há muito por fazer na Venezuela.
Um pequeno grupo de privilegiados fez do país, ao longo dos tempos,
um dos exemplos mais abjetos de desigualdade social, sob o patrocínio
dos Estados Unidos e sua louca cavalgada em busca do petróleo alheio.
Tanto descalabro por tantos anos levou ao caos social que nós,
brasileiros, conhecemos bem. É grande a violência urbana na Venezuela,
por exemplo.
Mas Maduro, muito mais que Capriles, representa a continuidade de uma
política cujo principal foco é, exatamente, reduzir o abismo social que
é a primeira, a segunda e a terceira razão da violência urbana.
Da oposição venezuelana, espera-se que, passada a frustração
compreensível por perder para um desconhecido, tenha um papel digno no
futuro da Venezuela.
A extrema polarização que existe hoje no país – parecida, aliás, com a
brasileira – deriva fundamentalmente dessa oposição, ao contrário do
que se tenta dizer.
Chávez apenas reagiu às agressões – a maior das quais foi um patético
golpe que durou 24 horas. A mídia venezuelana – imagine uma Globo
ainda mais predadora – jogou baixo contra Chávez o tempo todo. Esteve
por trás do golpe fracassado, e insultava regularmente até a mãe de
Chávez.
Maduro venceu, e é bom para a Venezuela e os venezuelanos.
Agora é hora de cumprir uma agenda lotada de desafios.
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