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Civil matou Matemático com metralhadora Mag 7.62mm, restrita às Forças Armadas
Armamento teria sido emprestado pela Marinha aos policiais do Grupamento Aéreo da polícia e dispara até mil tiros por minuto, em rajadas. É usado em guerras, como no Iraque. Comandante da ação, piloto Adonis Lopes de Oliveira, foi afastado
O atirador do helicóptero da Polícia Civil usou uma
metralhadora belga FN MAG 7.62mm para matar o traficante Márcio José
Sabino Pereira, o Matemático, em maio de 2012. O Fantástico, da TV
Globo, mostrou as imagens da morte de Matemático, em vídeo que não era
segredo para as autoridades de Segurança Pública do Rio nem da Polícia
Civil.
Esse armamento é de uso restrito das Forças
Armadas e, portanto, não autorizado para uso por policiais civis ou
militares, devido ao seu alto poder de destruição, pelas rajadas, que
disparam à cadência de 650 a mil tiros por minuto – inadequado para
ambientes civis urbanos.
O iG
ouviu de ao menos dois interlocutores com contato com a equipe aérea da
Civil, antes da divulgação do vídeo pela TV Globo, que a arma lhes
teria sido emprestada pela Marinha do Brasil. Ao se observar o vídeo, as
rajadas da MAG 7.62mm são características e facilmente reconhecíveis
por um especialista.
O alcance máximo da MAG é de 3.800 metros de distância, e
alcance efetivo de até 1000 metros, com bipé, ou 1.500 metros, se
apoiada em tripé.
Não se trata de uma arma de “sniper”, ou
atirador de precisão, como se poderia imaginar de um equipamento
embarcado em helicóptero de polícia, a fim de minimizar ao máximo os
“efeitos colaterais” – ferimentos de inocentes por “bala perdida”. Com a
trepidação da aeronave e os movimentos bruscos como os feitos pelo
piloto na ação, como se vê no vídeo, o tiro fica ainda mais difícil.
A MAG é, ao contrário, usada por forças
armadas como “apoio de fogo”, ou seja, para atingir determinada área e
permitir a fuga ou abrigo de soldados e impedir o ataque dos inimigos. O
modo de dispará-la é segurando a coronha com a mão esquerda por cima – a
fim de diminuir o recuo da arma –, apoiando-a no ombro direito. O tiro
de rajada reduz ainda mais a precisão, por conta do constante recuo
provocado pelos disparos sucessivos.
A Polícia Civil não tinha autorização do Exército, que regula o uso de armas no País, para utilizar a MAG 7.62mm.
O iG
contatou a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança para questioná-las
sobre o conhecimento do uso pela equipe aérea da metralhadora MAG
7.62mm, mas ainda não recebeu resposta. A reportagem também enviou
e-mail à Marinha do Brasil, para saber se houve empréstimo formal do
armamento, mas não teve retorno.
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