sexta-feira, 28 de junho de 2013

BELÉM DO PARÁ - SERVIDORES DA SAÚDE ESTÃO NAS RUAS E PARALIZAM ATIVIDADES HOJE


Servidores paralisam atividades hoje (Foto: Marco Santos)
Numa ação organizada em conjunto pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde Pública do Estado do Pará (Sindesp) e Sindicato dos Servidores de Saúde do Município de Belém (Sindsaúde), os servidores do Pronto Socorro da 14 de Março realizam uma paralisação de um dia, hoje, a partir das 7h. 
 
Na segunda-feira também vão fazer um dia de paralisação os servidores do Samu e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes Comunitários de Endemias (ACE).
Em frente à entrada principal da unidade de saúde, ontem pela manhã, um aviso já antecipava a paralisação geral que os funcionários irão promover reivindicando melhores condições de trabalho.
Ontem à noite, os servidores do PSM do Guamá fizeram uma reunião preparatória para uma assembleia geral da categoria na próxima quarta-feira (4 de julho) quando eles também marcarão a data para a paralisação de um dia.
 
As paralisações abrangerão todas as categorias, incluindo médicos e enfermeiros. O objetivo é denunciar as precárias condições da saúde municipal e mobilizar os servidores para uma possível greve da categoria por melhores condições de trabalho e por melhorias salariais.
“Acabou o namoro, agora nós vamos cobrar nossos direitos e os direitos dos usuários”, afirmou o diretor de imprensa do Sindesp, Carlos Haroldo Costa. Segundo os sindicalistas, já se passaram seis meses da posse do prefeito Zenaldo Coutinho que afirmou em sua campanha que a saúde seria prioridade. “Cadê o “S” da saúde?”, questionou o sindicalista, referindo-se à promessa do prefeito durante a campanha.
Os trabalhadores da saúde denunciam que faltam remédios básicos nos hospitais. “As nossas condições de trabalho estão cada dia piores. Tem paciente que volta com dor para casa porque não tem dipirona, até os exames de sangue estão terceirizados, o raio-X está quebrado há dois anos”, denuncia a agente de saúde Nazaré Soares, que trabalha no PSM do Guamá. Segundo ela, os únicos dois elevadores do hospital são usados para transportar a comida e lixo hospitalar “e até os pacientes mortos”.
REIVINDICAÇÕES
O coordenador de seguridade e previdência do Sindsaúde, Edson Santos, denuncia “o assédio moral”. Os trabalhadores da saúde reivindicam melhores condições de trabalho, 20.84% de reajuste salarial, reajuste da gratificação HPSM e risco de vida de 50% para os trabalhadores da urgência e emergência.
O Jornal Diário do Pará não conseguiu contato com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), na noite de ontem, para falar sobre as reivindicações dos trabalhadores. Sobre a paralisação no PSM da 14, a Sesma havia se manifestado anteriormente informando que, caso ocorra a paralisação, o PSM não ficará sem profissionais de saúde para suprir as demandas da população.
Anseio por melhorias na saúde pública
 
Em meio à onda de protestos que se espalhou pelo país, uma reivindicação se destaca entre a pluralidade de vozes e anseios: a melhora da saúde pública. Uma necessidade tão básica que está previsto na Constituição Federal que deve ser garantida em sua integralidade à população. 
 
No entanto, devido à insuficiência de leitos, médicos e enfermeiros com condições precárias de trabalho, falta de medicamentos e carência de atenção básica, o cenário de muitas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) beira o caos.

Em Belém, o quadro complicado envolve a questão da morte de 38 bebês na Santa Casa de Misericórdia em junho, paralisação do HPSM Mário Pinotti (PSM da 14) hoje e a possibilidade da mesma situação se repetir no Hospital Humberto Maradei (PSM do Guamá). Revoltados com a qualidade do serviço público, sobram denúncias e protestos demandando uma mudança emergencial na área da saúde. 
No PSM do Guamá, Jocilene Cruz, 25 anos, conta que médicos e enfermeiros fazem o que podem para reverter os problemas do hospital. “Semana passada, minha filha cortou a mão e eles atenderam ela bem rápido, foram muito atenciosos. Agora, que tem gente em maca pelos corredores, tem mesmo. Inclusive, tinha uma senhora e um homem que estavam pelados. Acho que tinham problemas mentais”, comenta.
Para Jocilene, as manifestações que tomaram conta das ruas devem continuar. “Alguma coisa tem que melhorar. A gente paga imposto pra isso. Pior do que já é eu acho que não tem como ficar”, opina.
Nos corredores imundos e lotados a população padece nas filas com a carência de médicos. São distribuídas algumas senhas por dia para quem madruga nas portas dos centros de saúde públicas; aqueles que precisam de atendimento de emergência, as vezes morrem dentro das ambulâncias.  (Nota do Mviva)

Um funcionário do PSM, que prefere não se identificar, confirma que a unidade não possui em estoque de remédios como alguns antibióticos e analgésicos. “Liberaram R$ 1,5 bilhão para construir o estádio de Brasília e não liberam R$ 100 milhões pra compra do Porto Dias. Com esse dinheiro, dava pra fazer uns dez hospitais”, observa.
 
Segundo o servidor, apesar das dificuldades, os profissionais tentam contornar os problemas e buscam oferecer o melhor à população. “A gente tenta sempre fazer o melhor porque as pessoas não têm culpa de nada. Poderia ser um parente, amigo, ou até eu mesmo procurando atendimento nessas condições”, explica.
MEDICAMENTOS

 
Na Unidade de Saúde do Guamá, a queixa é em relação à falta de medicamentos. Ana Lúcia da Costa, 43 anos, tentou buscar atendimento para sua filha, Sofia, de dois anos, no PSM do Guamá. “Falaram que era para eu procurar a unidade de saúde daqui. Eu fui até bem atendida, mas não puderam fazer muita coisa porque não tinha remédio pra tosse dela. Vou ver como faço”, conta. 

Segundo Ana Lúcia, não havia clínico geral disponível para atender os pacientes na unidade ontem pela manhã. “Veio um casal de idosos buscar atendimento e eles voltaram tristes porque não tinha médico”, comenta.
Segundo a assessoria de imprensa da Sesma, em relação a alguns remédios e material hospitalar que estavam em falta, a compra para reposição dos mesmos já foram feitas, e até a próxima segunda-feira a maioria dos medicamentos será entregue ao órgão para reabastecimento de todas as unidades.
“Sobre os atendimentos nos corredores do hospital, a secretaria reafirma que os dois HPSM’s do município de Belém – Mário Pinotti e Humberto Maradei têm portas abertas, e grande parte da demanda é de pacientes de outros municípios do Estado. Alguns atendimentos são feitos nos corredores do hospital apenas para evitar que estes pacientes voltem para casa sem assistência e suporte necessário para sua recuperação”, informa a secretaria em nota.
A Sesma diz ainda que não procede a falta de clínico médico na Unidade Básica de Saúde do Guamá. “Na manhã de hoje (ontem) atendiam dois clínicos com consultas que já estavam agendadas e na tarde atenderam mais dois clínicos”, completa.

AGORA CONFIRA NO TÓPICO ABAIXO A CONTRADIÇÃO, BURRICE E CORPORATIVISMO DA CLASSE MÉDICA PARAENSE QUE, EM PARTE, POR ELITISMO,ENTRE OUTRO CONJUNTO DE FATORES QUE DENUNCIAM NAs RUAS HOJE, NÃO CONSEGUEM DAR RESPOSTA A DEMANDA NO MACABRO SETOR EM NOSSA CIDADE E NO ESTADO.FALTAM MÉDICOS!. (Nota do Mviva)

Médicos farão manifestação no dia 3 contra “estrangeiros”
Os médicos e estudantes de medicina decidiram, durante uma assembleia realizada, ontem à noite, no auditório do Conselho Regional de Medicina (CRM), que irão fazer uma manifestação, no próximo dia 3 de julho, para pedir a melhoria do setor de saúde e protestar contra a vinda de médicos estrangeiros sem a prova de revalidação do diploma.
Durante a assembleia, o diretor de administração do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindimepa), João Gouveia, também prometeu “interpelar judicialmente” o secretário de Estado de Saúde, Hélio Franco, por causa de sua afirmação de que o sindicato só pensa em dinheiro.
Ele informou, entretanto, que uma possível greve na Santa Casa, no Hospital Abelardo Santos e no Hospital das Clínicas, como havia sido ventilado, pode não ocorrer, já que ainda não foi confirmado se realmente o governo teria decidido cortar a gratificação de alta complexidade (R$ 1 mil). “Ainda falta esclarecer, surgiu um boato de que não é bem assim, que houve um equívoco, nós vamos solicitar uma audiência para esclarecer, mas se for confirmado nós vamos convocar a categoria para a greve”.


O vice-presidente do CRM, Joaquim Ramos, informou que existem hoje 10 mil médicos inscritos no conselho. “As medidas tomadas pela presidente não vão resolver. Não sou contra a vinda dos estrangeiros desde que eles sejam reavaliados”, afirmou Ramos. “Nós vamos cobrar dos governos uma saúde de qualidade com padrão Fifa”, afirmou Gouveia
A categoria promete fazer muito barulho com concentração às 8h do dia 3 na Santa Casa e passagens pelo PSM da 14 de Março, avenida Nazaré até a sede da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), na Conselheiro Furtado.
RESPOSTA
A Secretária de Estado de Administração (Sead) informou que “devido ao impacto do pagamento do adicional de férias dos servidores do Estado, especialmente da categoria do magistério”, em junho, a folha de pagamento do Estado cresceu em mais R$ 31 milhões e que “não foi possível absorver para pagamento ainda nos contracheques de junho a integralidade dos plantões e sobreavisos alimentados pelos hospitais na folha de pagamento, pois estes também registraram um aumento de R$ 1 milhão em relação ao mês anterior.
Os plantões extras, segundo a Sead representam 10% do valor total dos plantões que serão pagos nos contracheques de julho. “Portanto, não houve corte de plantões, apenas foi feita uma adequação à disponibilidade orçamentária e financeira do Estado, remanejando-se para o mês subsequente os valores que não puderam ser pagos no mês de junho”.



(Diário do Pará com inferências do MVIVA)

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