quarta-feira, 7 de agosto de 2013

CONFIRA AQUI A ENTREVISTA EXCLUSIVA COM ADELINO BESSA





Poucas horas antes do resultado da eleição 2013, em Marituba, (a primeira na região norte, depois dos grandes protestos de rua que varreu o País), município que fica na Região Metropolitana de Belém, o candidato a prefeito pelo PSOL, Adelino Bessa, prestou esta Ótima entrevista para o MVIVA. 

Confira na íntegra.

MVIVA - Boa dia candidato Adelino. Como o senhor esta vendo este momento onde mais uma vez Marituba tenta eleger seu prefeito?. 
Adelino – A eleição 2013 é suplementar, em razão da elição 2012 ter sido anulada por conta da corrupção eleitoral, onde e quando, o candidato que levou em 2012, não estava apto a assumir, tendo enganado a população até o final, obrigando-a a voltar as urnas. Tendo ele conseguido mais de cinquenta por cento dos votos, o TRE decidiu pela anulação e realização desta de hoje. 
MVIVA - O que o senhor tem a comentar a respeito das coligações para neste novo momento?
– Adelino – Infelizmente a expressão significa balcão de negócios; o PSOL é um novo partido que luta contra essa velhas práticas na política; viemos sozinhos cumprir este papel,ou melhor: viemos para fazer uma aliança sincera com o povo. Não nos interessa ficar fazendo nenhum tipo de aliança com partidos que participam de toda sorte de conluio e, por exemplo, sabotam o bem estar do nosso município. 
MVIVA – O Psol tentou fechar uma aliança com outros partidos considerados mais à esquerda, como o PT, PCdoB, PSTU, entre outros?. 
Adelino – O PSTU  não tem diretório aqui em Marituba, mas muitos camaradas desceram para lutar conosco, por acreditarem nesta causa comum. O PT, infelizmente,  esta degradado; faz tempo que fez a triste opção, talvez não somente aqui, de estar ligado com aquilo que há de pior em nível político; o PCdoB, também esta na mesma linha. Lamentamos mas, respeitamos democraticamente este tipo de decisão, por serem partidos que se apresentam para a sociedade como sendo do 'campo de esquerda' que, caso tivessem conseguido compreender melhor o nosso esforço, poderiam ter somado para a criação de uma frente progressista e moderna em Marituba, onde nenhum serviço público funciona.
MVIVA - Por exemplo? 
Adelino - - Nunca parou de chegar recursos enviados pelo governo federal, nem o governo do estado deixou de fazer os seus repasses que, aliais, não é favor ou esmola: é uma obrigação à ser feita. Nos trabalhadores é que não podemos deixar de pagar nossos impostos, por que somos taxados na fonte, ao contrário daqueles que recolhem e sonegam; fato é que, os recursos continuam caindo nos cofres municipais, mais a população não consegue ser beneficiada por isso. Somos uma população abandonada e esquecida onde nenhum serviço público funciona a contento, onde os postos de saúde não tem médicos, não tem remédios nem os insumos mais básicos; tão pouco Raio X ou tomografia. Não há padrão mínimo de atendimento no único posto de coleta para exames e diagnósticos de doenças parasitárias, coleta de sangue, fezes, urina. Aqui não há um hospital de urgência e emergência, ou posto do HEMOPA, mesmo sendo o nosso município dividido ao meio pela  BR-316, rodovia federal que mais mata no Brasil. Aqui em Marituba, coisa mais rara é encontrar um pediatra ou um ginecologista, onde as mulheres possam estar fazendo periodicamente exames para doenças que, tratadas preventivamente, podem salvar suas vidas. Esta é uma calamidade silenciosa que, tradicionalmente são tratadas pela esquerda com muita seriedade, daí o meu lamento acima.
MVIVA onde estão outros casos mais negativos?.
Entre outros  pontos negativo esta o drama da coleta de lixo, que praticamente não existe, gerando endemias e custo, sendo que, quando é realizada, é feita de forma irregular. A rede de esgotos e rede oferecida como cobertura para o fornecimento de água encanada e potável é muito pequena, bem abaixo do mínimo exigido  pela  OMS. 
MVIVA a corrupção é uma grande aliada destas tragédias? - 
Adelino - A corrupção cria estas distorções: existem bairros já relativamente antigos, nos quais foram construídas com recurso público caixas d’águas que não estão funcionando, apesar da grande carência, como é o caso do bairro Novo Horizonte, do Chê Guevara; temos também o caso do Santa Clara, onde tem uma caixa d’água que não consegue abastecer nem a metade do bairro, serviço que, até poderia ser ampliado, não tivessem sido construido este bem público dentro de um terreno particular. 
MVIVA - Há  Esperança, ainda?
Sim, é claro!. Por essas e outras razões é que a gente sempre espera que forças políticas e figuras como: dona fulana de tal, comunista, seu sicrano de tal, socialistas, que vendem hipocritamente a imagem sorridente de estar ao lado do trabalhador, se juntassem a nossa causa para fazer a boa luta. 
MVIVA - A sensação diante da supremacia do adversário e da frustração da não adesão de antigos  aliados da ‘esquerda’ gera no senhor um sentimento de impotência? 
- Adelino - O fato de estamos sozinhos, desde o início não nos intimidou, não nos amedrontou e não diminuiu nenhum pouco a nossa sede de lutar por justiça e dias melhores.Este tipo de dificuldade que vivenciamos aqui, somente nos da mais força pela conscienciosa causa ideológica, que reforça uma aliança que, tem que ser mesmo, em primeiro lugar  com o povo, que, afinal, é quem esta sofrendo, que da o seu voto de confiança, sendo o único que pode dar uma resposta definitiva para esta situação que, pode ser um basta, ou não, em relação a nossa proposta de mudança à toda essa realidade de sofrimento que ele vive; mazelas, tristezas que ele vivencia por todo esse tempo. 

MVIVA - Hoje encerra a campanha e, logo mais, teremos o resultado. Qual é o seu sentimento? 
- Adelino - Estivemos incansáveis durante este período, de casa em casa, rua por rua, pelas manhãs, tardes de muito sol e calor e noites; normalmente nossas caminhadas terminavam as nove horas da noite, isso depois de conversar bastante com moradores sentados a porta de suas casas com suas famílias. 
MVIVA - Foi a primeira eleição após os grandes protestos de rua no País, foi gratificante para o senhor? 
- Adelino - Sim, foi gratificante; primeiro  por que eles perceberam que não fizemos uma campanha milionária, mas bem humana. Dialogamos algumas vezes com cidadãos revoltados, indignados e decepcionados com a classe política, que desejavam anular seus votos; outros que recusavam-se sequer a conversar conosco; mas, com paciência, acolhemos as suas críticas ácidas, a sua indignação; no final uma minoria acabava entendendo que a nossa proposta era de fato um diferencial e acabavam nos aceitando e seguindo. 
MVIVA - Toda eleição no Brasil sempre enfrenta rumores de compra de votos. Há esta suspeição em Marituba?    
Adelino – A própria população fala nas calçadas o seguinte: 'ver um boi voando em época de eleição é normal'. As tentativas de fraude sempre existirão, sim, é real, em todos os ângulos. Por essa razão montamos uma rede de fiscalização composta por camaradas e companheiros voluntários, daqui e outros municípios, que esta atenta e que, juntamente com nossos advogados, tentará fazer frente para barrar qualquer possibilidade neste sentido. 
MVIVA – Candidato, faça suas últimas considerações.
Adelino – Agradeço ao blog militanciaviva, que acompanho sempre, e que considero como uma leitura obrigatória,  pela oportunidade da entrevista; também à todas as pessoas que formaram uma corrente pelas redes sociais e nos ajudaram  a levar adiante esta tarefa dificil. Independentemente de quaisquer resultados, meu muito obrigado!.
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