quinta-feira, 22 de agosto de 2013

“Eu sou Chelsea Manning”, diz soldado dos EUA responsável por vazar documentos

Um dia depois de ser condenado a passar 35 anos na prisão, o soldado norte-americano até então conhecido como Bradley Manning anunciou nesta quinta-feira (22) que pretende passar por tratamento hormonal e pediu para ser reconhecido como mulher. Em um comunicado, Manning disse que gostaria de ser chamada de Chelsea e de ser tratada por pronomes femininos.
“Agora que eu transito pra essa nova fase da minha vida, eu quero que todos conheçam quem eu sou de verdade. Eu sou Chelsea Manning. Eu sou uma mulher. Levando em conta a maneira como eu me sinto, e tenho sentido desde a minha infância, eu quero começar tratamento com hormônios assim que possível. Eu espero que vocês me apoiem durante essa transição”, escreveu ela, assinando como Chelsea E. Manning.
 
“Eu também peço que, a partir de hoje, vocês se refiram a mim pelo meu novo nome e usando o pronome feminino (exceto em correspondência oficial para o centro de detenção). Estou ansiosa para receber cartas de pessoas que me apoiam e ter a oportunidade de responder”, dizia o comunicado. Ela agradeceu aos apoiadores por ajudá-la a se “manter forte” durante sua prisão e julgamento e por financiarem sua defesa.
Manning foi condenada a 35 anos de prisão na quarta-feira (21) por ter vazado centenas de milhares de documentos confidenciais do exército dos Estados Unidos enquanto era soldado no Iraque. Ela foi considerada culpada de 20 acusações e já cumpriu três anos e meio presa aguardando julgamento. Sua sentença foi reduzida por mais 112 dias após a juíza concordar que ela havia sofrido tratamento abusivo na prisão militar.
Durante o julgamento, foi divulgada uma foto de Manning usando uma peruca loira e batom, enviada por e-mail a seu supervisor militar. Os advogados de Manning argumentaram que isso foi um exemplo de como a supervisão dela no exército falhou em inúmeras ocasiões, tendo contribuído para o estresse pelo qual ela passava.

O advogado David Coombs disse que o que ela estava passando, no entanto, não foi o que a levou a divulgar os documentos. “Esse estresse era o contexto do que ela estava passando. Mas nunca foi uma desculpa porque não foi isso que a levou a fazer o que fez. O que a levou a suas ações foi um forte senso de moral”, afirmou Coombs.
Coombs confirmou que Manning irá cumprir sua sentença na prisão militar de Fort Leavenworth, no Texas, e disse que espera que a instituição vá “fazer a coisa certa” e providenciar tratamento hormonal para ela. Mas uma representante da penitenciária disse que o tratamento para detentos não inclui hormônios.
“Todos os detentos são considerados soldados e são tratados como tal, com acesso a profissionais de saúde mental, incluindo psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e profissionais de ciência comportamental, com experiência em lidar com militares antes e após o julgamento”, disse Kimberly Lewis. “O exército não providencia terapia hormonal ou cirurgia de redesignação sexual para pessoas com transtorno de identidade de gênero”, completou.
O advogado de Manning disse que “se Fort Leavenworth não quiser (providenciar o tratamento), eu vou fazer tudo em meu poder para assegurar que eles sejam obrigados a fazê-lo”.

Se os republicanos, Tea Party e cia já queriam o expurgo de Manning, agora com o anuncio que estará mudando de sexo, certamente provocará uma série de reações homofóbicas do mais absurdo e primitivo preconceito.
Aldeia Gaulesa/Com informações do Sul21

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