terça-feira, 19 de novembro de 2013

Alta abstenção evitou eleição de Bachelet no primeiro turno



Michelle Bachelet não conseguiu maioria neste domingo e eleição chilena será decidida no segundo turno. Porém, segundo especialista, segunda rodada pode estimular eleitores da governista Evelyn Matthei a irem às urnas.

Quando o Servel (Serviço Eleitoral do Chile) anunciou, na última parcial entregue oficialmente durante a apuração, a cifra de 50% de taxa de abstenção, muitos analistas políticos chilenos observaram nesse dato um fator decisivo para o resultado final do primeiro turno das eleições presidenciais. 
O pleito deste domingo (17/11) terminou com vitória de Michelle Bachelet, que recebeu 46,67% dos votos válidos. Evelyn Matthei teve 25,01% e vai disputar o segundo turno com a ex-presidente.
Segundo alguns dos principais cientistas políticos do país, o resultado poderia ter sido outro (e Bachelet poderia ter levado já no primeiro turno) se a quantidade de chilenos que deixou de votar fosse menor.
Isso porque, também segundo dados do Servel, nos distritos que apresentam maior índice de abstenção (chegando a superar os 60% em alguns casos), Bachelet conseguiu superar os 50% dos votos entre os que votaram. Essa tendência, segundo os observadores, poderia levá-la a reunir o que faltava para ser eleita.
Segundo Max Colodro, sociólogo e professor da Universidade Adolfo Ibáñez, a tendência que se marcou nos distritos onde Bachelet obteve suas maiores vantagens não se refletiu no resultado final, apesar de se tratarem, em alguns casos, de alguns dos maiores colégios eleitorais do país. “Certamente, a frustração no comando dela deve ser grande, porque eram votos dela que foram desperdiçados, talvez porque faltou estimular mais esse eleitorado”.
“Sabor amargo”
Por outro lado, Colodro afirma que “para o país como um todo também existe um sabor amargo por essa grande abstenção, pois é a segunda votação no país com o sistema de voto voluntário. A primeira foi na eleição municipal de 2012, que teve 55% de abstenção. Estamos assistindo um aumento do desinteresse pela política que deveria preocupar as autoridades”.
O comando da campanha de Bachelet acusou o golpe. Nesta segunda (18/11), a porta-voz Javiera Blanco disse que “a campanha esteve a ponto de reunir essa grande maioria. A abstenção foi um fator importante, mas também significa que a nossa mensagem foi aceita pela cidadania, faltou estimular melhor esse eleitor, algo que pretendemos fazer no segundo turno”. A ex-presidente, na reta final, chegou a fazer campanha maciça para tentar evitar o segundo turno.
Do lado da candidata Evelyn Matthei, a abstenção também parece ser vista como uma oportunidade para a grande virada que a governista precisa para não ser derrotada no segundo turno.
O cientista político Gonzalo Müller, da Universidade do Desenvolvimento, conhecido como guru da direita chilena, acredita que o público que não votou não é necessariamente partidário de Bachelet, mesmo estando em regiões onde ela ganhou.
“Havia um clima de triunfalismo no país, que levou a todos a pensarem que Bachelet já tinha a vitória no primeiro turno assegurada, e isso levou muitos eleitores de Matthei ao desânimo. Esse eleitor de direita desanimado, porém, ganhou maior estímulo agora que a candidata foi ao segundo turno. Isso vai mudar muito o panorama entre as duas candidatas”, opina Müller. 
 
 
Análise de Conjuntura

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