quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

14,5 milhões de reais, o rombo de que os Perrellas são acusados em Minas, não passa de uma 'gorjeta' para esta famiglia

Os Perrellas


R$ 14,5 milhões de reais.
Esse é o valor que a Justiça de Minas Gerais estipulou para o bloqueio de bens do senador Zezé Perrella, de seu filho, o deputado estadual Gustavo, de seu irmão, Geraldo de Oliveira Costa, e de dois ex-presidentes da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas (Epamig), Baldonedo Arthur Napoleão e Antônio Lima Bandeira.
A empresa da família, Limeira Agropecuária e Participações Limitada, também foi incluída na decisão.
O Ministério Público viu “indícios da prática de improbidade administrativa” em contratos sem licitação firmados entre a Epamig, uma autarquia do governo mineiro, e a Limeira.
Funcionava assim: a Epamig fornecia “sementes especiais” para ser plantadas na Fazenda Guará, dos Perrellas. A produção era comprada pela própria Epamig para o programa Minas Sem Fome, criado em 2003, no governo de Aécio Neves, e mantido por Antonio Anastasia, que o sucedeu.
 
Outro problema: a Limeira era dirigida por Zezé Perrella na época em que ele ocupava uma cadeira na Assembleia Legislativa. Ela foi passada, depois, para o nome de Gustavo e de sua irmã Carolina. Pela legislação federal e estadual, Zezé e Gustavo eram impedidos disso por ser parlamentares.
Foi decretada a quebra dos sigilos bancário e fiscal da turma entre 2007 e 2012. Os bens estão “indisponíveis”. Zezé Perrella, em nota oficial, contou que está “tranquilo”. Foi mais ou menos o que disse, com alguma dose de falsa indignação, quando da captura do helicóptero com 445 quilos de cocaína no Espírito Santo.
O bloqueio de bens é relativo ao prejuízo causado. 14,5 milhões é muito dinheiro? Sim. Os Perrellas têm isso?
Não. Em 2010, Zezé declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de apenas 500 mil e seu filho de 1,9 milhão, sendo que 900 mil seriam de quotas da Limeira.
Piada, evidentemente.
Dá a ainda sobra um troco. De todas as coisas omitidas na história dos Perrellas, e não são poucas, uma chama mais atenção: a famosa Fazenda Guará, que pertence à Limeira e é o coração do enrosco.
Segundo uma excelente reportagem do jornal Hoje em Dia, já citada pelo site DCM – e que desapareceu misteriosamente do site da publicação –, a propriedade vale 60 milhões de reais. (Zezé admitiu que é bem mais).
Fica em Morada Nova de Minas, a 300 quilômetros de BH. Tem quase 2 mil hectares e é uma beleza. Banhada pela represa de Três Marias, no Rio São Francisco, produz grãos, aves, suínos e gado. A granja é climatizada.
De acordo com documento na Junta Comercial, as atividades da Limeira são: “cria, recria e comercialização de bovinos, suínos, aves e peixes; a produção, beneficiamento, reembalagem e comercialização de grãos e sementes; extração e comercialização de leite e derivados; produção e comercialização de madeira; industrialização e comercialização, no mercado interno e externo, de produtos agropecuários”.
Quando da apreensão das drogas, o advogado da família, Antônio Carlos de Almeida Castro, o onisciente e onipresente Kakay, disse que “há tentativa do Ministério Público de aparecer em cima desse caso”.
Zezé Perrella gosta de descansar na Guará. Dá seus rolezinhos, conversa com os empregados. Relaxa. Passou da hora de ele parar de sentir essa tranquilidade toda.
A sede da fazenda
Cosa nostra: a fazenda Guará, de propriedada da Limeira Agropecuária.

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