sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Classe C brasileira lidera a sociedade e deve mudar a identidade do país

 
Segundo Arias, as famílias da classe C são formadas por trabalhadores com baixo nível profissional, quase analfabetos, e não foram para a escola. Já os seus filhos estão integrados no processo de aprendizado e devem continuar a juventude nas salas de aula. Na pesquisa Geração C, do Instituto Data Popular, que baseou a reportagem do El País, os jovens dessas famílias já alcançaram os 18 anos, recebem uma média de R$ 1.020,00 no mercado de trabalho e representam 55% dos brasileiros entre 18 e 30 anos, ou seja, 23 milhões de indivíduos. Para Renato Meirelles, diretor do Data Popular, essa nova camada social pode "mudar a cara do Brasil".
 
A relação familiar também mudou, como destaca a matéria de Arias. Agora, esses jovens passaram a ser líderes de opinião dentro de suas residências, por serem muito mais informados do que os seus progenitores. Eles são menos conservadores, principalmente quando a questão é educação sexual e religião, e já possuem uma força eleitoral. E essa nova personalidade predominante dos jovens já chamou a atenção dos setores políticos e religiosos, que estão interessados em encontrar esse grupo, até por saber que ele deve ser responsável pelas mudanças de rumo do país. 
 
O El País procura uma comparação entre os jovens da classe C e seus pais, citando os protestos de junho. De acordo com Arias, enquanto os pais sempre agiram de forma social mais passiva, os seus filhos exigentes lançaram mão de slogans criativos e saíram das periferias das cidades para expor os seus pensamentos. "Eles também são os filhos da Internet, comunicação global, e têm suas próprias idéias sobre a política e a sociedade", destaca o texto de Arias. E complementa dizendo que em vários casos, são eles que estão ajudando seus pais a usar um computador para que eles possam ter uma conta do Facebook ou enviar e-mails para os amigos.
Arias explica como acontece esse processo de mudança na sociedade no decorrer dos anos. Ele diz que os pais desses jovens e crianças muitas vezes fazem sacrifícios financeiros para pagar cursos para os filhos, já que os seus salários são muito baixos. A esperança dessas famílias é que seus herdeiros possam ter um futuro mais promissor. O resultado já está despontando no mercado de trabalho, já que estes jovens já estão ganhando mais que seus pais, como funcionários no mundo do comércio, administração de empresas ou levantaram o seu pequeno negócio como um cabeleireiro ou uma pequena loja.

"Esses jovens em breve será maioria no Brasil e eles vão ter que fazer a matemática do mundo político, econômico e até mesmo religioso. De acordo com muitos estudos em curso, estes jovens pensam de forma diferente de seus pais e são mais críticos do governo e exigem ação do governo. No campo religioso também representam uma grande questão que está começando a preocupar as diferentes denominações, especialmente a Igreja Católica e evangélica", ressalta o texto. A reportagem diz ainda que os jovens são "pós-industrial, pós-Guerra Fria, as crianças de movimentos ambientalistas, a cultura e processo imparável de secularização".

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