As sanções anunciadas pela União Europeia e EUA contra a Rússia também voltaram a mexer com o mercado investidor, nesta terça-feira, após uma entrevista com o porta-voz do Kremllin, Dmitry Peskov. A Rússia voltou a cogitar a formação de um mercado financeiro paralelo ao de Wall Street, com negociações realizadas em moedas como o rublo, o yuan e o real, em resposta às pressões do Ocidente contra a anexação do Estado independente da Crimeia.
Segundo Peskov, as sanções contra a Rússia foram “o último
gatilho” para a criação de um sistema financeiro independente, baseado
na economia real. Segundo afirmou, “o mundo está mudando rapidamente”.
– Quantas civilizações cresceram e se extinguiram no curso da
História? Quem está apto a resistir à pressão de um sistema perto da
falência e indicar ao seu povo o caminho para o futuro? A possibilidade
de um novo sistema financeiro independente do dólar,
que segue perto de um colapso após a crise de 2008 será uma
consequência das sanções contra a Rússia que, doravante, passará a
reforçar seus laços econômicos com o países do BRICS, em particular com a
China, que é dona de grande parte da dívida externa norte-americana –
afirmou.
O mundo, hoje em dia, segundo análise do porta-voz do governo russo,
“deixou de ser bipolar” e países como Brasil, Índia, China e África do
Sul, que integram o BRICS, juntos com a Rússia, representam 42% da
população mundial e cerca de um quarto da economia, o que coloca este
bloco como um importante ator global. As sanções determinadas pelo
Ocidente “podem significar uma grande catástrofe para os EUA e os
europeus, no futuro”, acrescentou Peskov.
A discussão sobre um novo sistema financeiro, no entanto, não começou
agora. Desde a formação do BRICS, há mais de uma década, estuda-se a
possibilidade de se formar um novo mercado, que aceite outras moedas, e
não apenas o dólar norte-americano, na liquidação dos negócios. Os
países que integram este bloco estão todos de acordo com os princípios
legais, em nível mundial, e o volume de negócios entre estas nações tem
batido novos recordes a cada ano, nas mais diferentes áreas.
Com o objetivo de modernizar o sistema econômico global, que tem no
centro dele os EUA e a UE, os líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul criaram o BRICS Stock Alliance, um embrião deste novo
mercado sem o dólar, e têm desenvolvido mecanismos bancários capazes de
financiar seus grandes projetos de infraestrutura. Apesar do ceticismo
dos mercados formais, “estes países têm mostrado bons resultados em suas
balanças comerciais”, concluiu.
Jornal Correio do Brasil
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