O Ibope ruim e o Ibope bom: tem caroço nesse angu
Entrevistas de campo da pesquisa Ibope divulgada
ontem, que apontou queda de sete pontos percentuais na popularidade do
governo Dilma Rousseff, foram feitas entre 14 e 17 de março; mas
pesquisa Ibope mostrada na semana passada, que indicou 43% de intenções
de voto para a presidente, projetando vitória em primeiro turno, teve
seu campo realizado entre os dias 13 e 20 de março; como Carlos Augusto
Montenegro, dono do Ibope, explica a contradição?
247 – Famoso por ser dono de um instituto de
pesquisas de nome forte e resultados polêmicos, Carlos Augusto
Montenegro tem agora mais uma contradição para explicar. E que
contradição!
Apresentadas ao público com um intervalo de seis dias entre a
primeira e a segunda, as duas pesquisas Ibope divulgadas na sexta-feira
21 e na quinta-feira 27 contêm resultados absolutamente díspares, sem
que se encontre um explicação plausível para tanto. O problema maior,
porém, nem é esse.
O fato que assombra é o de que a pesquisa de intenções de voto que
apontou a presidente Dilma Rousseff com 43% de índice – suficiente para
dar a ela vitória folgada em primeiro turno – teve seu campo de
entrevistas iniciado antes e fechado depois da pesquisa Ibope que
indicou uma queda de popularidade no governo dela de sete pontos
percentuais.
Para chegar à conclusão de que Dilma tem 43% de intenções, o Ibope
colocou seus pesquisadores em campo entre os dias 13 e 20 de março.
Mas – atenção – para estabelecer que o governo Dilma perdeu sete
pontos percentuais de popularidade, o que alvoroçou o mercado financeiro
e a oposição, naturalmente, o mesmo Ibope fez pesquisa de campo entre
os dias 14 e 17 de março.
Isso mesmo: a pesquisa que pode ser considerada boa para Dilma
começou antes e terminou depois que a pesquisa vista como ruim para ela.
Como pode Dilma ter 43% de intenções de voto numa das pesquisas e, na
outra, seu governo perder nada menos que 7 pontos percentuais de
popularidade? E tudo isso com aferição no mesmo período?
Será que, de posse dos primeiros números favoráveis a Dilma, apurados
nas entrevistas do dia 13 de março, Montenegro não gostou e, por isso,
já no dia seguinte mandou que outro levantamento -- o da popularidade do
governo - fosse feito?
Como o presidente do Ibope explica essa manobra?
A apuração das datas, com verificação nos registros do Tribunal
Superior Eleitoral, foi feita pelo site O Tijolaço, que publica a
informação abaixo.
Confira e tire suas conclusões:
Por dados do Ibope, Dilma não perdeu popularidade. Pesquisa
de hoje é mais antiga que a dos 43%. Aliás, estava pronta quando esta
foi publicada
Primeiro, semana passada, o boato de que a pesquisa Ibope traria uma
queda – que não houve – da intenção de voto em Dilma Rousseff.
Seis dias depois, uma "outra" pesquisa do Ibope, estranhamente, capta
uma súbita mudança de estado de espírito da população e Dilma (que
tinha 43% das intenções de voto na tal pesquisa eleitoral) e registra
uma perda de sete pontos percentuais em sua aprovação: curiosamente dos
mesmos 43% para 37%...
Puxa, como foi rápida a queda, em apenas seis dias, quase um por cento por dia...
É, meus amigos e amigas, é mais suspeito do que isso.
A pesquisa de intenção de voto, divulgada na sexta-feira, foi
registrada no TSE no 14 de março, sob o protocolo BR-00031/2014 , com
realização das entrevistas entre os dia 13 e 20/03/14.
Já a de popularidade recebeu o protocolo BR-00053, no dia 21
passado,mas quando já se encontrava concluída, com entrevistas entre os
dias 14 e 17.
Reparou?
Quinta feira à tarde, dia 20, uma intensa boataria toma conta do
mercado de capitais, dizendo que Dilma perderia pontos numa pesquisa
Ibope a ser divulgada no Jornal Nacional.
O estranho é que ninguém tinha contratado, isto é , ninguém pagou por essa pesquisa. Em tese, é claro.
A pesquisa é divulgada sem nenhuma novidade.
Mas, naquele momento, o Ibope já tinha outra (outra, mesmo?) pesquisa, terminada três dias antes e certamente já tabulada.
Vamos acreditar que o Ibope fez duas pesquisas diferentes, com a mesma base amostral e 2002 entrevistas exatamente cada uma...
O boato, portanto, não saiu do nada.
No mínimo veio de dentro do Ibope, que tinha nas mãos duas pesquisas totalmente contraditórias.
Uma, "sem dono", que dizia que Dilma continuava nadando de braçada.
Outra, encomendada pela CNI de Clésio Andrade, um dos senadores
signatários da CPI da Petrobras, apontando uma queda de sete pontos em
sua popularidade.
Mas a gente acredita em institutos de pesquisas, não é?
O Ibope teve nas mãos duas pesquisas com a mesma base, realizadas
praticamente nos mesmos dias, com resultados totalmente diferentes entre
si?
Se o PT não fosse um poço de covardia estaria exigindo, como está na lei, os questionários das "duas" pesquisas.
Aliás, nem devia ser ele, mas o Ministério Público Eleitoral, quem
deveria exigir explicações públicas do Ibope, diante destes indícios
gravíssimos de – vou ser muito suave, para evitar um processo -
inconsistência estatística.
Ainda mais porque muito dinheiro mudou de mãos na quinta-feira e hoje, com a especulação na Bolsa.
Mas não vão fazer: esta é uma nação acoelhada diante das estruturas suspeitíssimas dos institutos de pesquisa.
Mas não vão fazer: esta é uma nação acoelhada diante das estruturas suspeitíssimas dos institutos de pesquisa.
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