terça-feira, 29 de julho de 2014

Dilma nega ruptura com Israel mas diz que país promove 'massacre' em Gaza



Dilma (AP)
Dilma elogiou a ação da ONU de exigir cessar-fogo imediato porque 'civis estão pagando o preço'
A presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff criticou nesta segunda-feira a morte de civis em Gaza e chamou de "massacre" os ataques de Israel contra o território palestino.
"O que está ocorrendo na Faixa de Gaza é uma coisa perigosa. Não acho que é genocídio, mas é um massacre", disse Dilma, durante sabatina realizada por jornalistas da Folha de S. Paulo, pelo portal UOL, pelo SBT e pela rádio Jovem Pan.
A declaração da presidente vai de encontro ao que disse, na semana passada, o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, que afirmou que os bombardeios israelense era um "genocídio" contra os palestinos.
Na sabatina, Dilma disse ainda que há uma "ação desproporcional" por parte de Israel: "Há uma ação desproporcional. Não é possível matar crianças e mulheres de jeito nenhum."
A candidata também foi questionada sobre os laços diplomáticos com Israel por conta da declaração do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, sobre o Brasil ser "politicamente irrelevante" e um "anão diplomático", feita após o Itamaraty divulgar nota condenando a violência em Gaza.
"Não vai haver ruptura nem nada. Mas lamento as palavras do porta-voz, pois as palavras produzem um clima muitos ruim e deveríamos ter cuidados com as palavras."

Embaixador

Ela afirmou ainda que o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Henrique Sardinha Pinto, foi chamado para sanar algumas dúvidas e que "oportunamente" vai voltar a Israel.
Dilma foi cautelosa ao criticar o conflito, lembrando que o Brasil é uma nação amiga de Israel. "Eu tenho uma grande consideração (por Israel), até porque grande parte dos brasileiros é formada por cristãos novos e o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o Estado de Israel."
Para a presidente, a iniciativa da ONU de exigir um cessar-fogo imediato é muito bem-vinda: "É uma faixa muito pequena, há muita mulher e criança morrendo. A gente sabe que em uma guerra desse tipo, quem paga o preço são os civis."

Dinheiro no colchão

Durante a entrevista, Dilma também foi questionada sobre assuntos polêmicos como o mensalão, o programa Mais Médicos e os altos índices de rejeição de seu governo em São Paulo.
No final da sabatina, a presidente tentou explicar o porquê de manter em casa R$ 152 mil reais. "Uma parte eu deposito na poupança ao longo do ano. Mas eu vivi sete anos da minha vida fugida. Você incorpora isso. Durante muito tempo, eu dormia de sapato", disse.
"Eu gosto assim. Dou dinheiro pra minha filha, pra ela viajar... Eu sou assim. Nessa área, eu sou uma pessoa de outra geração. Na minha época o valor fundamental era que a gente ia transformar o Brasil. Já vivi muito tempo sem dinheiro, com dinheiro, ninguém vai mudar meu jeito de ser".
Já no final da entrevista, um dos jornalistas disse à presidente que esse valor poderia render, na poupança, mais de R$ 10 mil por ano.
"Mas o que são 10 mil?", questionou, para responder em seguida: "Bem, 10 mil é muito, não jogo fora porque sou mineira".

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