domingo, 17 de agosto de 2014

Marina é o nome para acalmar o mercado e seus parceiros da mídia partidarizada


O fracasso da REDE, ter sido do PT, entrado e saído do PV e entrado de modo oportunista no partido de Campos e ter se aliado ao que há de mais reacionário na política nacional, tiram de Marina a qualidade da outrora terceira via. Afinal, nos últimos tempos agiu como mais um daqueles que ela tanto critica.

Por Ricardo Kotscho
De volta à lida política, 48 horas após a tragédia de Santos, dois pontos se destacam no noticiário desta sexta-feira (15) e só o imponderável poderá impedir que sejam confirmados pelos fatos: a ex-senadora Marina Silva será a candidata a presidente em substituição a Eduardo Campos na coligação liderada pelo PSB, e o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, está praticamente reeleito em primeiro turno, segundo o último Datafolha.
Com o apoio da família de Eduardo, do mercado, dos nanicos partidos aliados e da mídia grande, Marina só não será a candidata se não quiser. Uma das poucas pessoas do cenário político nacional a guardar obsequioso luto e respeitoso silêncio pela morte do companheiro de chapa, Marina Silva só irá se manifestar após o enterro, previsto para domingo, mas a sua indicação é dada como certa, até por absoluta falta de opção do PSB, que não tem outro nome de expressão nacional.
Como candidata a vice, a ex-senadora do Acre e ex-ministra do governo Lula já era, desde o primeiro momento, a solução natural para assumir a candidatura a presidente. Se Eduardo a havia escolhido pessoalmente para ser a sua eventual substituta, não faria sentido o PSB escolher outro nome, por mais que algumas lideranças do partido tenham restrições a Marina.
Nem seria necessário o comovente esforço despendido pelo mercado e pela mídia, que nunca tiveram tanto e desabrido protagonismo numa campanha presidencial, para defender a indicação de Marina como adversária de Dilma e Aécio no dia 5 de outubro. Agora, meus amigos, vale tudo para levar a eleição ao segundo turno e, se possível, impedir a reeleição de Dilma, mas tem gente com pressa para definir quem é o mais forte candidato anti-PT.
Leiam esta nota publicada na coluna Painel, da Folha, que mostra bem a degradação a que chegaram os costumes políticos no País:
"Choque - Um banco de investimentos encomendou pesquisa telefônica para medir a intenção de voto em Marina na quarta-feira, dia do acidente. A enquete foi cancelada porque muitos eleitores se recusaram a responder".
Quer dizer, não respeitam mais ninguém, nem os eleitores. Na mesma edição, o jornal faz questão de não deixar dúvidas: "Para forçar 2º turno, mercado torce por ex-senadora _ Investidores apostam que candidatura dificultaria a reeleição de Dilma e poderia abrir espaço para Aécio Neves".
E se Marina abrir tanto espaço que pode deixar Aécio para trás? Não importa. A esta altura, qualquer nome serve para impedir o quarto governo seguido do PT. Também sou a favor da alternância do poder, tanto no País como nos Estados, mas há modos e modos de se atingir os objetivos.
Em São Paulo, por exemplo, não há motivos para preocupações de quem só defende a alternância do poder em Brasília: com 55% dos votos na pesquisa divulgada hoje, Alckmin está praticamente reeleito, depois de duas décadas de domínio tucano no maior colégio eleitoral do País.
O empresário Paulo Skaf, do PMDB, com 16%, e o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, do PT, com 5%, continuam onde estão há muito tempo: empacados, sem mostrar força para qualquer reação, a apenas 50 dias da abertura das urnas e às vésperas do início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão.
Com o trágico fato novo da morte de Eduardo Campos, os partidos agora precisam correr para refazer suas estratégias de campanha e o resultado da eleição presidencial torna-se absolutamente imprevisível. Estão todos esperando, sofregamente, pela primeira pesquisa Datafolha com Marina em lugar de Campos, que deverá ser divulgada já neste final de semana para acalmar o mercado e a mídia.
Vida que segue.

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