sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O desafio de preservar a Petrobras



Luis Nassif

Tem-se o desafio imediato de preservação da Petrobras. É evidente que a Operação Lava Jato tem que levar para a cadeia corruptos e corruptores.
Mas há que se ter o mínimo de responsabilidade para preservar uma empresa que é peça chave para o pré-sal, para a política industrial, para a cadeia da indústria naval, de máquinas e equipamentos, para a garantia de superávits comerciais futuros e de financiamento da saúde e educação da próxima geração de brasileiros.
No médio prazo, o futuro da Petrobras é garantido. Escândalos e politização não impediram o avanço nas prospecções do pré-sal, na produção de refinados. Só a indústria naval absorve 100 mil empregos, sem contar os avanços em inovação e na criação de um padrão tecnológico brasileiro para exploração do petróleo em águas profundas, que poderá ser um dos setores competitivos do país na economia global.
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No momento, a Petrobras enfrenta o desafio de preservar seu crédito no mercado internacional e de enfrentar as manobras oportunistas dos abutres do mercado novaiorquino. Seus problemas foram agravados pela queda do preço do petróleo e pela irresponsabilidade anterior do governo Dilma, cobrindo-a de compromissos de investimento e, ao mesmo tempo, tirando-lhe o oxigênio com a política de compressão dos preços de derivados.
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Valendo-se desse momento de fraqueza, acionistas brasileiros entram com ações judiciais em Nova York.
Com a empresa exposta, o Procurador Geral da República Rodrigo Janot faz duas manobras oportunistas, colocando mais lenha na fogueira, com a recomendação para a presidente trocar toda a diretoria e com o envio de um grupo de trabalho a Nova York para trocar informações com os órgãos reguladores de lá.
Aguardar um mês ou dois não alteraria em nada as investigações. Mas fez questão de anunciar as medidas em pleno tiroteio, alimentado por vazamentos irresponsáveis de informações para uma imprensa sequiosa de sangue.
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O conselho de Janot é inconveniente partindo de quem veio - o representante de um poder de Estado - e da forma como foi feito. Mas a presidente precisa agir rápido para estancar a hemorragia.
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A presidente Graça Wagner despendeu um esforço hercúleo para segurar a empresa, à custa de sua própria saúde. Lá atrás, afastou Paulo Roberto da Costa e concentrou a liberação de todos os pagamentos da empresa no seu gabinete. Cumpriu sua parte com estoicismo.
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Talvez seja a hora de buscar no mercado algum executivo de fôlego, com conhecimento da lógica interna das grandes corporações, familiaridade com as regras de governança das S/As, e capacidade de interlocução com o Conselho de Administração.
Um dos nomes cogitados é o de Pedro Wongtschowski, ex-presidente do Grupo Ultra. Além de executivo irrepreensível, Pedro tem uma larga formação tecnológica e presidiu o MEI (Movimento Empresarial pela Inovação), em estreita parceria com o MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia) e, como cliente da Petrobras, tem razoável conhecimento sobre a companhia e sobre quem é quem.
Foi precocemente afastado do comando executivo do grupo Ultra por circunstâncias ligadas à sucessão da companhia.
Para o mercado, alguém com seu perfil poderia ter o condão de conter o incêndio

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