terça-feira, 14 de julho de 2015

Delegado da PF relata pressão de colegas na Lava Jato





Jornal GGN - Um delegado da Polícia Federal, enviado a Curitiba para apurar vazamentos na Operação Lava Jato e uma escuta instalada na cela de Alberto Youssef sem autorização judicial, disse que sofreu pressões dos colegas no Paraná durante suas investigações. Em despacho interno, Mário Fanton afirma que presenciou uma "participação direta" de dois delegados "para quererem ter ciência e manipular as provas". Fanton sugeriu ao Ministério Público Federal a reanálise das provas, incluido a sindicância da escuta clandestina, e também que o MPF "conduza diretamente a presente investigação ou com grande proximidade a um novo delegado a se indicar, pois não acreditamos mais nas provas antes constituídas" 
Delegado da PF relata pressão de colegas em investigação no Paraná: Olicial investigava escuta colocada na cela de Alberto Youssef na sede do órgão em Curitiba. Agentes disseram à CPI que grampo foi instalado sem autorização judicial; PF não comenta caso

Um delegado da Polícia Federal que foi a Curitiba apurar vazamentos da Operação Lava Jato relatou ter sofrido pressão dos colegas do Paraná no trabalho e recomendou que a sindicância sobre a escuta na cela do doleiro Alberto Youssef fosse refeita.
O relato está em um despacho interno do delegado Mário Fanton de maio deste ano, no qual ele afirma ter presenciado "uma participação direta do DPF [delegado de Polícia Federal] Igor [Romário de Paula]" e de outra delegada "para quererem ter ciência e manipular as provas".
O caso da escuta na cela de Youssef voltou aos holofotes depois que dois policiais federais disseram à CPI da Petrobras, no último dia 2, que o equipamento foi instalado sem autorização judicial e captou conversas do doleiro.
As declarações contrariaram sindicância interna da PF do ano passado, que apontou que a escuta era inativa.
Depois disso, a CPI aprovou a convocação dos delegados da Lava Jato, incluindo Igor, para esclarecimentos. O caso é objeto de nova investigação interna da PF, conduzida por Brasília.
DESCONFIANÇA
Fanton foi a Curitiba depois que a sindicância interna havia terminado. Esse não era o foco inicial de sua missão, mas ele também apurou fatos relacionados à escuta.
Seu objetivo na superintendência era apurar boatos de que ocorriam vazamentos das investigações para a confecção de um dossiê com o objetivo de anular a Lava Jato.
Sua atuação provocou insatisfação e desconfiança dos delegados da operação.
Nesse período, Fanton obteve novo depoimento do agente Dalmey Werlang, um dos que falou à CPI, no qual ele mudou a versão sobre a escuta e apontou ilegalidade.
O delegado Fanton escreveu: "Sugiro que o MPF [Ministério Público Federal] reanalise as provas, inclusive a sindicância da escuta clandestina, se possível refazendo-a, e conduza diretamente a presente investigação ou com grande proximidade a um novo delegado a se indicar, pois não acreditamos mais nas provas antes constituídas".
Em outro trecho, Fanton conta que foi informado pelo delegado Igor de que a PF de São Paulo não havia prorrogado sua permanência em Curitiba e, quando entrou em contato com SP, responderam-lhe que sequer houve pedido de renovação da missão.
A Folha pediu para ouvir o delegado Igor por meio da PF em Curitiba. O órgão respondeu que não iria comentar o caso. A PF em Brasília também não comentou.

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