Alex Solnik
O "talvez" indica 50% de possibilidade de culpa e 50% de inocência. No entanto, na manchete do jornal vira 100% de culpa.
Embora jornalistas não sejam médicos, e não façam o juramento de Hipócrates que implica em se sacrificar para salvar vidas, eles assumem, desde a primeira vez em que pisam numa redação o compromisso implícito de se sacrificar para salvar a verdade e jamais abrir mão do direito e da obrigação de questionar.
O que estamos assistindo hoje são episódios escabrosos que dão vergonha a jornalistas. Uma ordem de prisão expedida contra o jornalista e publicitário João Santana, justificada pela "probabilidade" de ele haver cometido crime, em vez de ser contestada e questionada, porque "probabilidade" não é "certeza" e ninguém era preso nesse país por "probabilidade", a não ser na ditadura, é aplaudida, é comemorada, e já é meio caminho andado para de novo acender o rastilho de pólvora que o jornal espera explodir o Palácio do Planalto.
Não há dúvida que aqueles mesmos grandes jornais – grandes em tiragem, não em posição editorial – que colaboraram com a ditadura estão agora colaborando com a "Lava Jato" e renunciando ao seu papel de tudo fiscalizar, inclusive a "Lava Jato", desinformando seus leitores, os mesmos que "tentam proteger" das mentiras do governo.
Tal como em relação à ditadura, talvez somente daqui a muitos anos vamos saber quantos "atropelamentos" eram mortes na tortura. E será tarde demais.
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