sábado, 5 de março de 2016

PREPARAR PARA A HORA DO “BASTA”!





Por Wanderley Guilherme dos Santos
 
blog Segunda Opinião

A investigação Lava está à beira de implodir em razão do delírio ideológico dos promotores e do Juiz
por ela responsáveis. A retórica desabrida, satanizando tolices, a desinformação e, pior, a antecipação de lances futuros, alguns fora da competência do Juizado curitibano, dificultam adistinção do que é prestação de contas, propaganda, dissimulação e wishfulthinking. A palavra“indício”, por exemplo, deixou de “indicar” algo e passou a gigantesca evidência, como o enxofre,da inconfundível presença do demônio.
 
O óbvio planejamento de intervenções espetaculares de acordo com a temperatura política, e o
crescente atrevimento com a descabida e prepotente condução coercitiva do ex-presidente Lula da
Silva, resultam da complacência das autoridades superiores, no Executivo, Legislativo e Judiciário
Trata-se de comportamento inquisitorial pré-concebido, insultando frontalmente as crenças cívicas
da maioria dos pobres brasileiros e contaminando negativamente as expectativas da população, em
geral.
À falta de, até agora, comprovados crimes de acumulação econômica ilegal, por parte do ex-
presidente Lula, policiais e procuradores transformam um inquérito da mais absoluta pertinência e
tempestividade em malabarismos de sessão matinal circense em torno de pedalinhos, um sítio e um
tríplex. Ainda que fossem doados mediante recursos de uma “vaquinha” entre todas as grandes
empreiteiras nacionais, e durante o mandato do ex-presidente, a questão é: e daí? – Sem
comprovação de que alguma delas foi direta e ilegalmente beneficiada por intervenção do presidente
(e não a mera suspeita, pois alguma sempre ganhará concorrências) aceitar os pedalinhos seria
criticável, mas de limitado atentado à moral e ao patrimônio público. Ora, não só não apareceram
provas, nem mesmo, ao que saiba oficialmente, delação de ninguém a respeito de nada, como os
procuradores estão desviando o olhar da população do que é fundamental: a acumulação econômica
ilegítima via predação de patrimônio e recursos públicos. Com o aplauso dos que consideram que
delação justifica coação e até prisão estão dando cobertura ao diversionismo midiático, cúmplices
dos ladravazes enriquecidos por acumulação econômica ilegítima.
Comparar o absurdo acúmulo pessoal de riqueza por parte de empresários, políticos e altos
burocratas a um sítio supostamente presenteado a Lula, é sandice, péssima utilização do mandato
investigativo que a sociedade lhes paga: onde estão as contas no exterior, coleções de obras de arte,
veículos, propriedades rurais e urbanas para exploração econômica, viagens regulares por conta
própria e passadio de primeira em Paris, Londres, Nova Iorque?
Onde se esconde o acervo de joias de d.Mariza? E seu guarda-roupa de grife? Sítio em Atibaia e
tríplex em Guarujá que nem do casal são? Ora, trata-se de outra manifestação de preconceito,
presumindo que Lula, de origem pobre, tisnaria sua dignidade e a da função que ocupou interferindo
nas ações públicas por preço tão vil. Claro, corrupção mesmo, a sério, só para eles, bem nascidos e
mal acostumados.
Os responsáveis pela investigação devem um balanço claro da Lava-Jato e da expectativa de prazos
de conclusão. Claro que a descoberta de evidências (não “indícios”) provoca alteração em
cronogramas, mas a existência de um quadro de referência é indispensável para que o jornalismo
possa acompanhar e a opinião pública possa avaliar se estão sendo eficientes e produtivos ou
meramente difamadores e garotos propaganda de televisão.
Com a coação física e moral do ex-presidente Lula os responsáveis pela Lava-Jato talvez venham a
se revelar indignos dos privilégios que desfrutam. O ex-presidente é um dos mais importantes
recursos políticos dos miseráveis deste País, líder de governos capazes de provocar justamente esse
ódio amparado em toga. Destruí-lo, seria uma derrota imensurável para os pobres e humilhados;
destruí-lo injustamente, aproveitando os privilégios de classe e corporação, é inaceitável. Se for
comprovada a precipitação e o infundado da coação ao ex-presidente, o insulto não poderá passar em
branco. Juízes e procuradores deverão pagar pela ameaça em que se constituíram aos pobres do
Brasil. Pedidos de desculpa serão insuficientes. Hora de preparação para o que estão pedindo. No
grito, não mais.

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