Galtieri: 'Esa noche me emborracho...' |
Trinta
anos atrás, um bando de generais facínoras, que em 1976 tinham tomado o
poder de assalto na Argentina, massacrando cerca de 30 mil
pessoas, desencadearam uma operação militar para ocupar as ilhas
Malvinas, que desde 1833 era uma possessão britânica no Atlântico
Sul reinvindicada
pelos argentinos. Foi uma patriotada destinada a unir o país em torno
da ditadura militar, desgastada por uma grave crise econômica e social.
O
pior é que eles conseguiram: dias depois da invasão, multidões se
concentraram em frente à Casa Rosada e até militantes montoneros, que
tinham sido torturados nos cárceres do regime, foram defender a ação dos
militares. Em nome do "anti-imperialismo". Até Cuba apoiou a ditadura
argentina - que teve um papel fundamental em operações de
contra-insurgência na America Central patrocinada pelos EUA.
Os
militares argentinos cometeram erros colossais de avaliação. Primeiro,
achavam que a Grã-Bretanha jamais se daria ao trabalho de despachar uma
frota tão longe para reocupar ilhas quase desertas. Não perceberam que a
Dama de Ferro estava em apuros e que uma guerra como essas seria
uma excelente oportunidade para ela reconquistar a popularidade.
Segundo, os generais acreditavam que os Estados Unidos, agradecidos pelo
papel de Buenos Aires na guerra suja contra o "comunismo" na América
Latina, apoiariam incondicionalmente a Argentina, em detrimento do Reino
Unido, aliado preferencial dos americanos na Europa e na Otan.
Em
dois meses, os britânicos acabaram com a aventura militar dos
argentinos, mal-preparados e mal equipados para uma ação como aquela. O
conflito matou 649 argentinos e 255 britânicos e mergulhou a ditadura
numa crise terminal. Felizmente.
Prisioneiros de guerra argentinos: humilhação |
Ficou a
humilhação de um povo que se deixou levar pela fanfarronice de seus
ditadores. O mais grave é que grande parte da esquerda latino-americana,
nesse episódio, perdeu completamente o senso, incapaz de ver o que
aconteceria se os generais argentinos vencessem aquela guerra. E
levantaram a bandeira da soberania, mas se esqueceram da autonomia.
Afinal, quem foi se importou com a opinião dos kelpers, os habitantes das Malvinas?
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