domingo, 11 de novembro de 2012

CODINOME: DUARTE, DO PARTIDO COMUNISTA PORTUGUES

O 'Duarte'


Viveu 92 anos, entre 1913 e 2005. "Tomou partido" aos 17 anos. Dedicou sete décadas da sua vida inteiramente aos outros, não regateando o esforço, o tempo e a total dedicação a essa tarefa, ainda que isso lhe custasse – e custou! – muitos anos de prisão, muitos meses de isolamento, muitos dias de tortura. 
Pelo caminho, teve a arte de nos legar livros teóricos sobre política ou arte, intervenções soltas, centenas de discursos, romances, desenhos...
Alguns milhares de companheiros de sempre e outros amigos mais recentes, decidiram comemorar o centenário do seu nascimento. As iniciativas são as mais variadas e não faltarão, a seu tempo, os anúncios de cada uma delas ao longo de todo o ano. Eu próprio estarei ligado a algumas, se e onde o que sei puder ser útil. 
Apesar de ter dedicado toda a sua juventude e depois o resto da vida a lutar pela liberdade, defendendo para o Portugal então esmagado pelo fascismo, uma nova realidade, uma sociedade livre e plural assente num sistema económico em que convivessem o público e o privado, uma sociedade socialmente evoluída apostada na liberdade religiosa, na liberdade de pensamento, na liberdade de costumes, na igualdade de direitos e no pluri-partidarismo como prática política... há quem não consiga enxergar a dimensão da figura humana, para além da divergência ideológica. Apesar, resumindo, de ter sacrificado a sua liberdade pessoal como contribuição para a luta pela liberdade de todos, estou certo de que não faltarão “comentadores” (o caixote do lixo já está ali à espera de alguns) que não hesitarão em usar essa mesma liberdade para aqui tentarem insultá-lo... o que não deixa de ser uma vergonhosa ironia.
Uma ironia que alguns, por não passarem de canalhas, não admitem. Outros que, por puro preconceito, não querem ver. Outros ainda que, apenas por ignorância ou estupidez... não entendem.
Aparte estes casos particulares, o sentimento geral é de respeito pela dimensão humana, pelo valor artístico, pela importância política e pela coerência de vida deste português. 
Um punhado de homens e mulheres, escolhido muito cuidadosamente ainda no tempo em que era um jovem-adulto, conheceu-o como Duarte. Um número bem maior de amigos e outras pessoas interessadas, conheceu-o igualmente e mais tarde, como Manuel Tiago. Para todos os restantes, foi Álvaro Cunhal.
 

Fonte: o Catingueiro.

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