Jornalista Fernando Brito, do Tijolaço, compara a
cobertura das denúncias contra o ex-presidente Lula e Fernando Henrique;
"A Lula, por qualquer suposição, já aparece um procurador da República
furioso a querer tomar-lhe declarações. A FHC, mesmo com uma acusação,
não se pergunta nada", diz ele, lembrando que a denúncia sobre propina
de US$ 100 milhões ao governo do tucano não está na versão impressa do
Estadão e não ganhou menção no site da revista Veja.
Fernando Brito, do Tijolaço
A matéria de publicada hoje no site do Estadão – não me pergunte porque não está no jornal impresso, por favor – dando conta que o delator Nestor Cerveró diz que “a venda da Pérez Companc (refinaria argentina, outubro de 2002) envolveu uma propina ao Governo FHC de US$ 100 milhões” – valor que o Nassif, gentilmente, já atualizou para R$ 1,033 bilhão – é mais um episódio do “Feirão da Delação” que se instalou no Brasil, graças verdadeira “zorra jurídica” implantada pelo Dr. Sérgio Moro e pelos procuradores do Paraná.
Com a ajuda da mídia, com os vazamentos de praxe, isso virou uma baderna.
Todo bandido pego com a boca na botija, agora, já sabe qual é o caminho das pedras: delate, delate, delate.
O MP aceitará, Moro homologará e a imprensa publicará, com mais ou
menos ênfase de acordo com quanto lhe interesse desmoralizar o
personagem. “Gente fina” como este FHC não irá para manchete, se for um
desgraçado “lulopetista” jornais e TVs penduram no poste….
Um amigo sugere que o punguista da Avenida Presidente Vargas, pego
fugindo com a carteira de um descuidado, tente logo a “transação penal”
como o meganha que o agarra pelo cangote alegando que vai contar sabe
quem matou John Kennedy.
Se o Brasil tivesse uma imprensa séria, o Ministério Público do Paraná e Sérgio Moro, a esta altura, estariam desmoralizados.
Porque, das duas, uma: ou Cerveró não tem nenhuma prova ou indício
que o ex-presidente – diretamente ou por integrantes de seu governo –
já nos estertores embolsou uma bolada destas ou tem e isso é tão grave
acusação que deveria ter se transformado num inquérito e num escândalo
nacional.
Não? Basta imaginar o que seria se fosse com Lula. Porque com ele, eu “eu acho” de algum bandido vai para a capa da Veja. A denúncia contra FHC, sequer uma menção em seu site.
A Lula, por qualquer suposição, já aparece um procurador da República furioso a querer tomar-lhe declarações. A FHC, mesmo com uma acusação, não se pergunta nada.
O MP e Sérgio Moro, a idolatria da deduragem e da acusação que, em
seu louvor, fez e faz a mídia e a covardia das instituições para com a
autuação completamente destrambelhada que lá se tem, transformando num
circo de deduragem o que deveria ser uma investigação e um julgamento –
aliás, julgamento ali é mera formalidade, já se entra condenado – sérios
e isentos.
Virou o “Feirão da Delação”.
E a honra das pessoas é tratada como tomates amassados, na hora da xepa.
Não pode ser nem justiça, nem jornalismo.
Muito menos um Estado de Direito.
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