Wing: pilar danificado, em menos de dois anos. |
O pilar danificado do edifício Wing ( foto do portal ORM) |
O que explica o episódio do edifício Wing, localizado na rua Diogo Moia entre a travessa 14 de Março e a avenida Generalíssimo Deodoro, no bairro do Umarizal? Com 28 andares, com um apartamento por andar - cada um dos quais vendidos a quase R$ 1 milhão -, entregue a menos de dois anos e exibindo um dos seus pilares danificado, que estalou em plena madrugada deste domingo, 16, o que levou, em um previsível clima de pânico, a remoção de seus moradores, e também dos moradores do prédio vizinho, o La Vien Rose, diante da ameaça de desabamento. De acordo com o portal ORM, das Organizações Romulo Maiorana, além dos edifícios, mais duas casas e uma vila também tiveram que ser isoladas.
O episódio fatalmente suscita um grave questionamento. Trata-se de saber o que faz, afinal, o CREA, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, além de conferir poder político, mordomias e pavimentar o tráfico de influência aos seus dirigentes? Ao CREA, cabe, em tese, a fiscalização das obras que autoriza. Se a segurança e qualidade dessas obras se revelam frágeis, embutindo o risco de colossais tragédias, existem alguma coisa de muito errado, que certamente passa pelo CREA.
As tragédias se sucedem, famílias enlutadas choram seus mortos, em sua maioria humildes. Famílias humildes, como seus provedores mortos, e por isso desfavorecidas na correlação de forças na luta em busca por seus direitos, invariavelmente postergados até a prescrição dos prazos estabelecidos em lei. Um ritual que se repete impunemente, invariavelmente favorecido pela ação lenta e parcimoniosa do Judiciário, que no Pará segue sob o signo da rapace togada, para a qual a letra da lei é potoca. Prevalecem os interesses escusos da máfia togada e seus apaniguados, que tisnam a credibilidade da Justiça.
Ainda é bem recente a lembrança do desabamento do edifício Real Class, de 34 andares, construído pela Real Engenharia, na travessa 3 de Maio, entre as avenidas Magalhães Barata e Governador José Malcher, que ruiu quando ainda em construção, em 29 de janeiro deste ano, deixando um saldo de cinco mortos. O desabamento do Real Class ter ocorrido no início da tarde de um sábado, após o término da jornada de trabalho dos operários, poupou-nos de contabilizar um carnificina comparável a provocada pelo desabamento do edifício Raimundo Farias, na rua Domingos Marreiros, próximo da Doca de Souza Franco, em 13 de agosto de 1987. O edifício Raimundo Farias, de 16 andares, também ruiu em plena construção, em uma tragédia que provocou a morte de 39 operários.
Até hoje ninguém foi punido pelo desabamento do edifício Raimundo Farias. O desabamento do Real Class segue o padrão habitual, da tragédia que deixa mortos, mas não tem culpados. Uma impunidade obviamente coonestada pelo CREA, a despeito das solenes declarações de seus dirigentes, para consumo externo.
No caso do edifício Wing, a versão corrente – que carece de confirmação - é que o pilar danificado seria da área da garagem e da piscina. Na qual, aparentemente, nem os próprios moradores acreditam, a concluir do êxodo que se registrou durante todo este domingo.
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