Comandantes da ditadura chilena são condenados de 15 anos à prisão perpétua, na França
Sophie MakisA justiça francesa pronunciou nesta sexta-feira,17.12.2010, condenações a ex-dirigentes da ditadura chilena que vão de 15 anos à prisão perpétua. Os militares e um argentino foram julgados à revelia pelo desaparecimento de franceses durante o regime Pinochet.
A sentenças de prisão perpétua foram proferidas contra Juan Manuel Guillermo Contreras Sepulveda e Pedro Octavio Espinoza Bravo, ex-funcionários da Dina, a polícia secreta da ditadura chilena.
Condenações a 15, 20, 25 e 30 anos de prisão foram pronunciadas contra outros onze acusados, entre eles um argentino.
O veredicto foi recebido com aplausos na sala, onde estavam presentes numerosos parentes e pessoas ligadas a quatro desaparecidos políticos.
O tribunal criminal de Paris eximiu de culpa um dos 14 acusados, julgados desde o dia 8 dezembro.
As condenações são superiores às requisições apresentadas pela manhã pelo Ministério Público, que não excediam os 20 anos de prisão.
"É preciso lembrar que este julgamento é indispensável", insistiu o procurador geral de Paris, François Falletti.
Indispensável "em relação às vítimas que sofreram cruelmente (...), em relação a seus próximos, a suas famílias", "indispensável também porque o que aconteceu no Chile, este sentimento de superpoder, de tudo se permitir porque se está justamente no poder, não é uma exclusividade do Chile"..
Para o procurador, este processo deve expor "mensagem clara": tais crimes devem "dar lugar a perseguições, seja qual for o tempo e o seu espaço".
Em frente à tribuna, um vazio: os acusados, de 61 a 89 ans de idade, foram julgados à revelia, estiveram ausentes, por acusações de "detenções arbitrárias, sequestros, tortura e atos de barbárie" ou cumplicidade.
Chamando-os de "desertores do tribunal", o advogado geral Pierre Kramer saudou a ação da justiça francesa que soube "não ser refém" desta ausência.
Au final, a defecção permitiu deixar todo o local às vítimas: Georges Klein, médico e assessor de Salvador Allende, detido em Santiago em setembro de 1973, assim como o ex-padre Etienne Pesle, sequestrado no sul do país. Alphonse Chanfreau e Jean-Yves Claudet-Fernandez, dois membros do Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR), desapareceram em 1974 e em 1975. Os quatro corpos nunca foram encontrados.
Sem acusados e sem advogados de defesa, não havia jurados no tribunal, como de hábito, apenas três magistrados.
Alguns, como o general Manuel Contreras, já foram condenados no Chile por crimes cometidos durante a ditadura e estão detidos atualmente. Ex-comandante da Dina, o general Contreras, de 81 anos, diabético e com câncer, está preso num quartel militar, onde deverá purgar no total 400 anos de prisão, por 40 condenações.
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