Brasil comemora hoje os 100 anos de Noel Rosa, o poeta do mundo
Por Eduardo Bueres
Noel Rosa nasceu no suburbano bairro de Vila Isabel, exatamente no dia 11 de dezembro de 1910. A saúde frágil, agravada por uma tuberculose, abreviou sua trajetória, vindo a falecer quando ainda era um moléque, com apenas 26 anos.
Foi ele, sem dúvida, por todo o curto tempo em que aqui nos visitou fantasiado de ser humano quase comum, um desses seres revolucionários, reinventores de si mesmos...
Alguns historiadores acreditam que, desde cedo, ele ganhou a consciência de que precisava se diferenciar intelectualmente dos seus contemporâneos, que o saudavam com graçolas e apelidos infames...
Gozações e sacaneadas, bem ao estilo do espírito libertário-etílico-boêmio dos cariocas que, até hoje, não importa-lhes o calibre da tragédia, não perdoam - e não perdem - uma boa chance de quebrar a liturgia das coisas consideradas 'ruins', por menor ou maior que seja, como que, desdemonizando e aliviando o peso daquilo que consideram feio.
Fato é que, essa sacanagem cósmica, que tanto o maltratava psicologicamente, talvez, tenha sido o fator que provocou uma reação positiva na sua alto-estima, transformado-o no gênio musical e poético que aprendemos a admirar e a amar.
Sua vingança maior foi deixar para todos esse legado superior em nível de criação e superação onde, o bom humor, foi a sua grande marca .
Existe na sua biografia aquele famoso duelo poético musical que ele travou com o compositor Wilson Batista; refrega que gerou alguns de seus sambas mais conhecidos como Feitiço da Vila; Rapaz Folgado e Palpite Infeliz, entre os outros, é uma amostra da valentia da sua pena bico de ouro e verve musical; embate com jeito maniqueísta, travado entre o feio, que era ele, Noel, e o belo, que eram seus 'concorrentes' pela voz de Batista, chegando este, que foi um de seus 'oponentes' mais conhecidos, ao ponto de soca-lo com rimas de muito mal gosto que, faziam referencia ao seu defeito e sua aparência física.
Esse embate só serviu, mesmo, para reafirma-lo como sendo compositor do bairro de Vila Isabel, além de matizar e dar uma bela carona na história para as composições do seu desconhecido rival uma vez que, a obra de Noel Rosa é substancialmente mais rica e universal.
Acredito com muita força, talvez por ser musico e tocar violão, que a canção O Ultimo Apito, foi feita com muita insinceridade por um cara profundamente apaixonado que, no final, acabou surpreendido com o extraordinário resultado da harmonia entre letra e música.Tipo de beleza tecida em arranhaduras simples que só é possivel ser parida pela paixão.
Noel Rosa vive, especialmente, dentro do coração de todos nos, brasileiros, e será sim, eternamente lembrado, cantado e festejado por outros povos como um dos maiores artistas de todas as épocas. Seu centenário faz matar a saudade de um tempo em que o verdadeiro bom gosto musical imperava e quase todo mundo prestava-se a ser feliz...
Feliz aniversário Noel Rosa, patrimônio cultural do Brasil e do mundo!.
Nenhum comentário:
Postar um comentário