“Acabou-se o comércio de ministérios. Todos serão ocupados por
especialistas da respectiva área. As exigências de certos núcleos
partidários ultrapassaram os limites da política. A convivência
harmoniosa entre entre os Poderes, determinada pela Constituição, foi
rompida pela tentativa daqueles núcleos de ocupar o governo, de dominar o
Executivo. Se quiserem me derrubar por esta decisão, podem fazê-lo. Mas
fique o país ciente de que o governo só voltará a ter políticos no
ministério quando as relações voltarem a ser normais. Sem tentativas de
imposição, em plenas condições de respeito mútuo e de lealdade à
democracia e ao bem do país e seu povo.”
Uma atitude de dignidade. Política e pessoal. No Brasil, gestos de
dignidade não são considerados inteligentes. Na melhor hipótese, são
vistos como temperamentais. Mas atitudes de dignidade não precisam ser
inteligentes, basta-lhes a dignidade. E, se temperamentais, não têm por
isso menos dignidade.
Em seguida, uma crise aguda com o Congresso. Rápida, como a labareda
de uma bomba que logo se extingue. Congressos só enfrentam o clamor
externo em raridades históricas. Clamor, no caso, de adesão a uma
atitude coincidente com o repúdio, unânime no país, aos métodos
predominantes na política.
Até onde Dilma Rousseff continuará cedendo, sujeitando-se aos que,
quanto mais entregue se mostra, mais entrega exigem dela? E recebem.
“Negociações” por apoio no Congresso em troca de ministérios já eram
espúrias. Nem “negociações” são mais. O que resultou das tais
“negociações” foi, primeiro, um governo apenas em parte, a parte não
originada desse tráfico. Depois, um arremedo de governo, com seu plano
econômico primário sob bullying dos aliados hipócritas e dos
oposicionistas, na Câmara. Pressente-se o que será agora. Nem é preciso
ver as fichas de toda a nova leva dos arrivistas ou sondar-lhes as
intenções ministeriais: são conhecidas por antecipação, desde que se
sabe como e por que chegam às altitudes do governo.
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