RANDOLFE RODRIGUES: REDE SERÁ UM PARTIDO DE ESQUERDA COMO FOI O PT NOS ANOS 80; LUGAR DE EDUARDO CUNHA, “CHANTAGISTA”, É NA CADEIA!
por Luiz Carlos Azenha
Viomundo: Senador, a pergunta que meus leitores se fazem é a seguinte. Como um senador sai de um partido nomeadamente socialista para se juntar a alguém que propunha um Banco Central independente na campanha de 2014, uma política ecônomica claramente neoliberal?
Viomundo: Senador, a pergunta que meus leitores se fazem é a seguinte. Como um senador sai de um partido nomeadamente socialista para se juntar a alguém que propunha um Banco Central independente na campanha de 2014, uma política ecônomica claramente neoliberal?
Randolfe Rodrigues: A
Rede é um partido em formação. Estes pontos programáticos se fossem os
da Rede eu não me alinharia com eles. Eu estou apostando no que virá a
ser a Rede, no perfil de militantes como eu, como Alessandro Molon, como
dois deputados companheiros do PCdoB que nela se filiaram, como outros
companheiros do PSOL que estão saindo, nomes como Heloisa Helena — isso
tudo me dá a convicção de que nós vamos construir um perfil de um
partido de esquerda, democrático, progressista, em que caibam desde
comunistas, socialistas até democratas radicais.
Viomundo: O senador Paulo Paim, do PT, vai para a Rede?
Randolfe Rodrigues: Eu
estou conversando muito com Paim. Ele reforçaria este perfil que nós
estamos procurando construir para a Rede Sustentabilidade. Para mim a
prioridade número um é trazê-lo para a Rede.
Viomundo: Nas conversas com Marina Silva ela tem dito que pretende para o partido o mesmo perfil que o sr. descreveu?
Randolfe Rodrigues: A
trajetória de Marina é uma trajetória de esquerda. Seringueira,
oprimida, do interior do Acre, se alfabetizou com 16 anos de idade,
companheira de Chico Mendes, militou no Partido Revolucionário Comunista
no âmbito do PT, uma das melhores ministras do Meio Ambiente que já se
teve… Se isso não for esquerda, nada mais é. Ela tem demonstrado que
pretende construir a Rede com este perfil. Gostaria de lembrar que no
final dos anos 70 um partido começou a ser forjado. O perfil deste
partido: ele seria um amplo partido de esquerda. Reuniria democratas,
gente dos movimentos eclesiais de base e organizações de esquerda que
resistiram à ditadura. Naquela época os partidos comunistas e o PMDB
acusavam o PT de ser um instrumento a serviço da ditadura, mas ele se
notabilizou como um dos maiores partidos de esquerda do Ocidente. Um
partido de esquerda no Brasil tem de ser tal qual foi no passado o PT,
amplo, em que caibam de democratas radicais a comunistas.
Viomundo: A Rede quer se apresentar como o PT do século 21?
Randolfe Rodrigues: Eu
estou desejando isso. Um ambiente político em que conviverão
parlamentares de esquerda, ativistas e ambientalistas. Esta é a novidade
do século 21. Além disso, a forma de organização do partido, em rede
horizontal, sem presidente, mas com porta-vozes, um de cada gênero,
respeitando os direitos das ditas minorias que são maiorias na
sociedade. Isso é o que eu imagino seja a esquerda do século 21. As
posições do partido tem demonstrado isso: contra a lei que acaba com o
sigilo na internet, contra a definição de família reacionária que foi
aprovada na Câmara, contra a redução da maioridade penal… de qual campo
político são estas bandeiras?
Viomundo: Como é que Eduardo Cunha continua dirigindo a Câmara diante das acusações que sofre?
Randolfe Rodrigues: Em
qualquer partido democrático do mundo ele não seria mais presidente da
Câmara, mas estaria na cadeia. Ele tem se notabilizado como
chantagista-mor da República. Ele impediu ontem uma sessão do Congresso
chantageando o Senado. Esse senhor Eduardo Cunha é a pior coisa que tem
nessa República. Ele deveria estar na cela de uma cadeia, não presidindo
um Parlamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário