Uma nova guerra mundial no mar do sul da China?
Diário Liberdade
por Alejandro Acosta*
A crise capitalista se aprofunda e para o próximo
período está colocado um novo colapso de proporções ainda maiores que o
de 2008.
O Mar do Sul da China representa um dos três principais pontos
onde o acirramento das contradições podem escalar para uma guerra de
largas proporções. Os outros dois são a Ucrânia e, principalmente, o
Oriente Médio.
por Alejandro Acosta*
Navio patrulha dos EUA no Mar da China |
Navio
USS Freedom da Marinha americana navega pelo Mar do Sul da China, um
dos principais pontos de possível conflito com o imperialismo.
Foto: Cassandra Thompson/U.S. Navy (Domínio Público)
A Administração Obama tem reduzido as tensões na Ucrânia na tentativa de estabilizar o Oriente Médio em cima de uma frente única que inclui, fundamentalmente, o governo russo e o regime dos aiatolás iranianos. Na região Pacífico da Ásia, a tentativa de aplicar a mesma política enfrenta a ferrenha oposição da ala direita do imperialismo que, nos Estados Unidos, se fortaleceu e continua se fortalecendo. O Partido Republicano já controla as duas câmaras do Congresso. A extrema-direita, agrupada no Tea Party, dentro do próprio Partido Republicano, ganha força.
Leia também:
A metade do orçamento do Pentágono foi direcionado para a Ásia Pacífico . O Japão está entrando na cena militarista; por enquanto, na mão do imperialismo norte-americano, mas, dependendo da evolução da situação política mundial, as contradições podem escalar.
A nova política militar chinesa
A política militar da China, recentemente, foi reformulada. Passou da chamada contenção e proibição de acesso às fronteiras, aplicando zonas de controles, para a possibilidade de agir de maneira ofensiva, além das fronteiras. Trata-se da continuidade, por meios militares, da política econômica do Novo Caminho da Seda.
A chamada A2/C2, conforme a política anterior tinha sido batizada pelos estrategistas norte-americanos, foi elaborada entre 1995 e 1996, quando a Marinha dos Estados Unidos entrou no Estreito de Taiwan sem que os chineses conseguissem esboçar uma reação.
Devido à defasagem tecnológica, a China passou a concentrar as forças na proteção de uma zona de exclusão nas fronteiras. Por esse motivo, o grosso dos recursos militares foi direcionado para o desenvolvimento de mísseis e para a modernização do Exército.
A mudança da política militar chinesa representa uma resposta à escalada agressiva do Pentágono na região Pacífico da Ásia. Devido à redução do orçamento, os Estados Unidos têm incentivado os conflitos regionais, dentro da conhecida política do “divide e vencerás”. O Japão está sendo incentivado a se rearmar e a coordenar a ação de vários países da região, como as Filipinas, a Malásia, a Indonésia e até do Vietnã, sob o guarda-chuva dos norte-americanos. Mas o Japão tem retomado a clássica política militarista, como o principal mecanismo para “conter” a crise capitalista. A evolução da crise capitalista deverá conduzir, inevitavelmente, ao aumento das contradições interimperialistas.
Em direção à Terceira Guerra Mundial?
Além da presença militar direta dos Estados Unidos, na região Ásia Pacífico, existe a inundação da região com bases militares e o aumento da rede de acordos com vários países, exacerbando as contradições com os chineses.
No final do mês de junho, a marinha das Filipinas realizou manobras conjuntas com o Japão, após o presidente Benigno Aquino ter visitado Tóquio e assinado um acordo para a compra de vários navios e de equipamento militar. Em contrapartida, os japoneses poderão usar as bases militares nas Filipinas. Um acordo similar já existe com os Estados Unidos. Trata-se da segunda vez, após o término da Segunda Guerra Mundial, que um fato desta ordem acontece promovido pelo Japão. O acordo anterior foi assinado com a Indonésia. O Japão também realizou manobras navais conjuntas com o Vietnã e assinou um acordo de transferência de tecnologia militar com a Malásia.
A recente abolição do artigo 9 da Constituição de 1947 permitiu que o Japão passe a transformar as chamadas Forças de Autodefesa num exército regular.
Após o colapso capitalista de 2008 e do desastre de Fucuxima, a economia japonesa tem enfrentado a recessão. A burguesia imperialista, com o objetivo de conter a queda dos lucros, tem transferido plantas industriais para os países onde o custo da mão de obra é mais barato, em primeiro lugar as Filipinas, a Malásia e a Indonésia. Com o objetivo de distanciar as Filipinas dos chineses, está sendo negociado um pacote para investimentos em infraestrutura por US$ 110 bilhões.
O desenvolvimento da indústria militar japonesa busca entrar com força no mercado de armas, e tem como ponto de partida os países da região. Essa política conduz, como tendência, ao aumento das contradições com os chineses e com o próprio imperialismo norte-americano, e vai acompanhada da imposição de medidas mais duras contra os trabalhadores japoneses.
Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.
A Administração Obama tem reduzido as tensões na Ucrânia na tentativa de estabilizar o Oriente Médio em cima de uma frente única que inclui, fundamentalmente, o governo russo e o regime dos aiatolás iranianos. Na região Pacífico da Ásia, a tentativa de aplicar a mesma política enfrenta a ferrenha oposição da ala direita do imperialismo que, nos Estados Unidos, se fortaleceu e continua se fortalecendo. O Partido Republicano já controla as duas câmaras do Congresso. A extrema-direita, agrupada no Tea Party, dentro do próprio Partido Republicano, ganha força.
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A metade do orçamento do Pentágono foi direcionado para a Ásia Pacífico . O Japão está entrando na cena militarista; por enquanto, na mão do imperialismo norte-americano, mas, dependendo da evolução da situação política mundial, as contradições podem escalar.
A nova política militar chinesa
A política militar da China, recentemente, foi reformulada. Passou da chamada contenção e proibição de acesso às fronteiras, aplicando zonas de controles, para a possibilidade de agir de maneira ofensiva, além das fronteiras. Trata-se da continuidade, por meios militares, da política econômica do Novo Caminho da Seda.
A chamada A2/C2, conforme a política anterior tinha sido batizada pelos estrategistas norte-americanos, foi elaborada entre 1995 e 1996, quando a Marinha dos Estados Unidos entrou no Estreito de Taiwan sem que os chineses conseguissem esboçar uma reação.
Devido à defasagem tecnológica, a China passou a concentrar as forças na proteção de uma zona de exclusão nas fronteiras. Por esse motivo, o grosso dos recursos militares foi direcionado para o desenvolvimento de mísseis e para a modernização do Exército.
A mudança da política militar chinesa representa uma resposta à escalada agressiva do Pentágono na região Pacífico da Ásia. Devido à redução do orçamento, os Estados Unidos têm incentivado os conflitos regionais, dentro da conhecida política do “divide e vencerás”. O Japão está sendo incentivado a se rearmar e a coordenar a ação de vários países da região, como as Filipinas, a Malásia, a Indonésia e até do Vietnã, sob o guarda-chuva dos norte-americanos. Mas o Japão tem retomado a clássica política militarista, como o principal mecanismo para “conter” a crise capitalista. A evolução da crise capitalista deverá conduzir, inevitavelmente, ao aumento das contradições interimperialistas.
Em direção à Terceira Guerra Mundial?
Além da presença militar direta dos Estados Unidos, na região Ásia Pacífico, existe a inundação da região com bases militares e o aumento da rede de acordos com vários países, exacerbando as contradições com os chineses.
No final do mês de junho, a marinha das Filipinas realizou manobras conjuntas com o Japão, após o presidente Benigno Aquino ter visitado Tóquio e assinado um acordo para a compra de vários navios e de equipamento militar. Em contrapartida, os japoneses poderão usar as bases militares nas Filipinas. Um acordo similar já existe com os Estados Unidos. Trata-se da segunda vez, após o término da Segunda Guerra Mundial, que um fato desta ordem acontece promovido pelo Japão. O acordo anterior foi assinado com a Indonésia. O Japão também realizou manobras navais conjuntas com o Vietnã e assinou um acordo de transferência de tecnologia militar com a Malásia.
A recente abolição do artigo 9 da Constituição de 1947 permitiu que o Japão passe a transformar as chamadas Forças de Autodefesa num exército regular.
Após o colapso capitalista de 2008 e do desastre de Fucuxima, a economia japonesa tem enfrentado a recessão. A burguesia imperialista, com o objetivo de conter a queda dos lucros, tem transferido plantas industriais para os países onde o custo da mão de obra é mais barato, em primeiro lugar as Filipinas, a Malásia e a Indonésia. Com o objetivo de distanciar as Filipinas dos chineses, está sendo negociado um pacote para investimentos em infraestrutura por US$ 110 bilhões.
O desenvolvimento da indústria militar japonesa busca entrar com força no mercado de armas, e tem como ponto de partida os países da região. Essa política conduz, como tendência, ao aumento das contradições com os chineses e com o próprio imperialismo norte-americano, e vai acompanhada da imposição de medidas mais duras contra os trabalhadores japoneses.
Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.
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