Nota da redação: o Página 13 reproduz a seguir matéria e o respectivo documento já publicados em outros meios de comunicação.
Por Gilson Monteiro*
O cenário atual do PSOL, tanto nacional quanto local, vai bem mais além do que um simples saldo negativo nessas últimas eleições gerais. A legenda, que surgiu há seis anos prometendo ser uma alternativa para a esquerda brasileira, se vê hoje submerso em intrigas e dissidências dignas dos tempos da polarização Arena-MDB. Ironicamente, a vereadora Heloísa Helena, que capitaneou a criação do partido, é colocada agora como o pivô da implosão da legenda; uma falência exposta até agora apenas internamente, por meio de um documento ao qual O JORNAL teve acesso, assinado por 49 integrantes do partido, entre membros e presidentes de diretórios do partido em oito municípios, incluindo Maceió; além de integrantes do diretório e da executiva estadual do partido.
O texto, resultado de uma reunião realizada em Maceió em outubro, será encaminhado ao diretório nacional, para ser debatido no encontro agendado para os dias 4 e 5 de dezembro. O documento traz um balanço das eleições deste ano, mas é, sobretudo, uma espécie de manifesto de repúdio à figura de Heloísa Helena, e ao presidente estadual do partido, Mário Agra, deixando às claras o “racha” entre prós e contras à vereadora, que deixou a presidência nacional da legenda quinze dias após ser derrotada nas urnas na disputa ao Senado. E são justamente as “táticas” de Heloísa o principal foco das críticas dos “dissidentes” do grupo da vereadora. Táticas que teriam levado à sua derrota por Benedito de Lira (PP) e Renan Calheiros (PMDB).
“PROIBIDOS” – Assinado por nomes expressivos do partido, como o vereador e presidente da sigla em Maceió, Ricardo Barbosa, e pelo o professor Afonso Espíndola, segundo suplente da chapa de Heloísa ao Senado, o documento denuncia que os candidatos à disputa proporcional (deputados estaduais e federais) foram “proibidos” de utilizar fotos e números de Heloísa e de Agra em material de campanha, principalmente Ricardo Barbosa, que foi candidato a deputado estadual.
“Quem estivesse com o candidato Ricardo Barbosa estaria ‘contra’ Heloísa e, como conseqüência, Heloísa sequer visitaria a cidade pelas quais Ricardo passasse, o que acabou acontecendo, mesmo com alguns candidatos que sucumbiram à ameaça. Ou seja, aonde havia PSOL Heloísa não realizou absolutamente nenhuma atividade de campanha, nem sequer para o candidato a governador”, diz o documento, citando uma “ameaça” atribuída a Mário Agra.
Ainda de acordo com o documento, Heloísa começou a desapontar a militância do PSOL quando se recusou a disputar a presidência da República pelo partido. E desagradou ainda mais quando passou a pedir votos para a candidata do PV, Marina Silva.
CONFIRA O DOCUMENTO NA ÍNTEGRA:
Companheiros,
De início, ainda na apresentação deste texto, vale esclarecer que o mesmo segue assinado por mim (Ricardo Barbosa), Moraes Júnior (companheiros que participaram da elaboração) e demais companheiros que leram, discutiram, aportaram e concordaram com seu conteúdo.
O presente texto não reflete o posicionamento de nenhuma tendência interna do PSOL, embora parte dos companheiros que assinam este texto ainda se reivindiquem do MES. Tal se dá pelo fato de a corrente (MES) ter atuado com políticas diferenciadas neste processo eleitoral em Alagoas, ou seja, parte do que aqui definimos como uma política que acabou por levar o PSOL de Alagoas à falência, foi praticada, por ação ou omissão, por companheiros que também reivindicam o MES, inclusive membro de sua Direção Nacional.
O Quadro Nacional
Independente do resultado eleitoral – se elegemos mais ou menos parlamentares, se tivemos mais ou menos votos em determinada candidatura majoritária ou proporcional – temos certo que o PSOL perdeu sua maior oportunidade de se postular como uma verdadeira alternativa política de esquerda no Brasil até o presente momento. Poderemos viver situações onde esta oportunidade esteja novamente colocada, mas, desde sua fundação, em 2005, jamais houve melhor oportunidade.
Ainda em 2006, quando da primeira “aparição” pública do PSOL em um processo eleitoral – a eleição presidencial, o Partido mostrou a que veio e apontou para um futuro bem próximo o surgimento de uma importante alternativa socialista, inclusive eleitoral. Com Heloísa candidata, nossa principal figura pública, a única que conseguia resumir o perfil do PSOL, além de unificar a esquerda, compondo com PCB e PSTU, obtivemos uma excelente votação para Presidente, além de surpreendentes votações para candidaturas ao governo nos estados, o que propiciou o surgimento ou consolidação de nossas figuras públicas, mantivemos nossos deputados federais e elegemos estaduais.
Em 2008, colhemos o fruto da tática adotada em 2006, elegendo, em Maceió, Heloísa a vereadora mais votada proporcionalmente em todo o País, o que possibilitou ao Partido eleger mais um vereador na capital alagoana com, apenas, 453 votos. Até aqui, qualquer cidadão, por mais alheio que fosse à política e às eleições, opinaria que o PSOL continuaria sua trilha rumo à consolidação de uma alternativa política e eleitoral viável. Houve os que já nos comparavam com a “perseverança” de Lula e o PT, que acabaram chegando à presidência do País.
Já a partir de 2008, o que parecia ser o óbvio em relação à nossa tática eleitoral para 2010 começou a sofrer um revés. A decisão de Heloísa de disputar o mandato de senadora por Alagoas causou forte abalo interno, o que era de se esperar, já que parecia não querermos sequer acreditar na hipótese de não contarmos com nossa principal figura pública e nossa candidata “nata” à presidência em 2010.
Como conseqüência natural desta decisão de Heloísa, a qual tornou-se irreversível, mesmo com o apelo quase unânime da militância e das correntes internas para que Heloísa aceitasse o novo desafio de “encabeçar” nossa luta nas eleições presidenciais, o Partido passou a viver uma crise interna em torno das “mudanças de plano”, crise que atravessou nosso II Congresso e todo o período anterior, durante e, agora, pós-eleições.
Para piorar, após o encerramento do diálogo com Marina, por clara incompatibilidade política e programática, Heloísa insistiu no apoio à Marina (o que de fato ocorreu, com Heloísa distribuindo seus “santinhos” em Alagoas com o número “43” para Presidente), o que só colocou mais gasolina na fogueira. Foram duas as decisões “individuais” de Heloísa, nossa Presidente Nacional (candidatura ao Senado em Alagoas e o apoio à Marina), duas decisões “individuais” que contribuíram para que o PSOL perdesse uma de suas mais importantes oportunidades em sua tão recente história.
Aliás, que se faça justiça, em que pese o desempenho eleitoral de Plínio de Arruda Sampaio muito abaixo da média, pode-se constatar que o nosso candidato à Presidência prestou um grande serviço à esquerda brasileira ao resgatar bandeiras históricas e defender o socialismo sem ceder ao apelo eleitoreiro que por vezes exige dos nossos candidatos um verdadeiro malabarismo retórico. Além disto, é necessário se guardar as devidas proporções para uma correta análise dos 886.816 votos obtidos por Plínio. Sem qualquer estrutura de campanha, com a Presidente Nacional do PSOL apoiando outra candidatura que não a de seu Partido (Marina Silva), nosso “bravo velhinho” viu-se diante de um boicote sem precedentes na recente história do PSOL. Sabemos hoje que, para além de não pedir votos para o nosso presidenciável, parte da militância do partido declarou voto no candidato do PSTU, Zé Maria de Almeida. Esses fatos somados ao desconhecimento de Plínio pelo eleitor tornam essa votação mais expressiva que se havia de esperar, pois fruto do desempenho pessoal do candidato.
Por falar em “desempenho pessoal”, esta foi a marca desta campanha eleitoral do PSOL. Na Câmara Federal, conseguimos manter a nossa bancada de três Deputados Federais com destaque para a votação de Chico Alencar no Rio de Janeiro, com 240.724 votos. Alencar conseguiu eleger um segundo Deputado Federal naquele Estado. Já para as Assembléias Legislativas, o PSOL elegeu 4 Deputados Estaduais. Edmilson Rodrigues foi eleito em primeiro lugar no Estado do Pará com 85.412 votos. Ampliamos a nossa bancada no Senado Federal que agora conta com dois Senadores eleitos: Marinor Brito (PA) e Randolfe (AP).
Uma análise preliminar do quadro eleitoral nos estados onde conseguimos melhor desempenho indica um fenômeno claro: a existência de uma candidatura que impulsionou o partido. Seja disputando um cargo majoritário, seja disputando um cargo proporcional de Deputado Federal. Assim foi com Chico Alencar no Rio de Janeiro que, com quase 250 mil votos, levou Jean Willis à Câmara Federal. Ou com Marinor Brito, o Senador paraense que certamente ajudou a alçar Edmilson Rodrigues a Assembléia Legislativa daquele estado. Caso, ainda, de Marcelo Freixo que, na dobradinha com o campeão de votos Chico Alencar, obteve quase 180 mil votos para a Assembléia do Rio de Janeiro, levando consigo a candidata Janira Rocha com parcos 6.442 votos.
Ainda sobre o tema, que se faça justiça também a Luciana Genro, brava guerreira que, por seu prestígio e história de lutas obteve 130 mil votos para Deputada Federal no RS, não conseguindo se eleger pois “faltou fôlego” para o Partido atingir o coeficiente eleitoral de quase 200 mil votos. Parabéns ao companheiro Toninho, do DF, que insistiu na candidatura ao Governo e, de 4% da votação que obteve em 2006, saltou para 15%, aí sim, fincando mais fundo a bandeira do PSOL no DF como uma alternativa socialista.
Mas, em âmbito geral e concluindo esta avaliação do quadro nacional, o que prevaleceu foi mesmo o “desempenho pessoal”. Não temos dados concretos acerca de nossa votação na legenda, ou seja, no 50, mas tudo leva a crer que foi inferior (ou não muito superior) que a de 2006, quando o PSOL se comportou como um partido, como uma legenda, aliás, foi assim que começamos a ensinar os brasileiros a verem o PSOL e Heloísa, como um projeto político, talvez de médio ou longo prazo, o que, infelizmente, se destruiu antes mesmo das eleições de 2010, o que pra nada significa que não poderá ser retomado.
Ao invés de um balanço “levemente positivo”, como faz Robertinho, ficamos com o balanço de que mais significou o que “perdemos” (nossa maior oportunidade até aqui) do que o que “ganhamos”, ou seja, mandatos fruto do desempenho individual de companheiros os quais, inclusive, não contaram com o apoio de nossa principal figura pública em âmbito nacional (Heloísa), a qual preferiu, inclusive, no caso do Rio de Janeiro, declarar apoio a Janira Rocha, que obteve, como já dito, parcos 6.442 votos e, felizmente, como ocorreu com Ricardo Barbosa em Maceió, foi alçada à Assembléia do Estado por estrondosa votação de Marcelo Freixo. São muitas palavras para dizer que nosso balanço, em nossa modesta opinião, para dizer o mínimo e fugirmos de pleonasmos, é negativo.
O Quadro em Alagoas
Ao final do último debate na Globo entre os presidenciáveis, Plínio arrematou: “muita gente não entende as coisas que eu disse, mas eu não estou falando do agora. Estou falando para a juventude, para o futuro”. Ou seja, aquelas foram palavras de quem sabia exatamente o papel que estava desempenhando no processo eleitoral.
Encerrado o primeiro turno das eleições em Alagoas, apurados os votos, qual a atitude dos candidatos majoritários do PSOL? Respondemos: reclamar da falta de indulgência das elites para com as suas candidaturas. Nenhuma mensagem à juventude, nenhum aceno aos movimentos sociais, nenhuma referência ao acúmulo político pós-eleitoral. Somente, e tão somente, lamúrias que se assemelham ao esperneio de uma criança mimada da qual foi subtraída a guloseima. Inevitavelmente, tal postura nos conduz ao raciocínio de que só candidaturas desprovidas de conteúdo político-programático se ressentem mesmo diante de quase 450 mil votos obtidos.
É indiscutível a constatação: o PSOL alagoano faliu! É possível reconstruir, mas falimos! Imaginemos o que dizem, após o resultado eleitoral, nossos adversários “externos” quando vêem a derrota de Heloísa (e a maneira como Heloísa reage a ela, dizendo-se “decepcionada” e que vai “abandonar a política” para não dar mais nenhum de “seus” votos a ninguém – nem o Tiririca pensa assim!) e a desprezível votação das candidaturas psolistas. O quadro é ridículo, digno de boas risadas de escárnio saídas de bocas cheirando a uísque e charutos queimados desde a madrugada após as apurações, quando os “profissionais” da política alagoana comemoravam suas respectivas vitórias (e a derrota do PSOL!). Mas o PSOL de Alagoas faliu por “autofagia”! Ele se consumiu por ele próprio!
A campanha do PSOL alagoano navegou por mares errantes entre o nada e coisa nenhuma. Em meio a uma eleição histórica, a que poderia marcar, de vez, o lugar do PSOL na esquerda alagoana, elegendo uma senadora, demarcando espaço com três candidaturas ao governo diretamente envolvidas com a miséria de Alagoas e participando ativamente da renovação de uma Assembléia podre, perdemos o “trem da história” e permitimos que políticos igualmente podres o ocupassem e escrevessem uma página da história que estava reservada para o PSOL por direito.
Relembrando 2006, a participação do candidato do PSOL ao governo de Alagoas em debates era um exercício de força. Vez por outra, os meios de comunicação tentavam vetar a participação do companheiro Ricardo Barbosa nos debates e sabatinas. Já em 2010 foi impressionante a quantidade de debates e sabatinas com presença mais que garantida do nosso candidato ao governo. Outro fato relevante é que, em 2006, Heloisa Helena era candidata à Presidência da República. Isto a mantinha distante da disputa em Alagoas. Já nesse ano, a principal força eleitoral do partido se encontrava diretamente envolvida na corrida eleitoral estadual. Como, então, compreender que tenhamos decrescido de 52 mil votos para governador em 2006 para pouco mais de 18 mil votos em 2010?
A “matemágica” política talvez encontre a sua explicação lógica na “proibição” por Heloisa Helena e do candidato a governador do PSOL da utilização de suas fotos e seus respectivos números nos materiais de campanha dos candidatos proporcionais. Ou nas afirmações (ameaças) feitas por nosso candidato ao Governo (a mando da candidata ao Senado) aos nossos candidatos a deputado federal de que “quem estivesse com o candidato Ricardo Barbosa estaria “contra” Heloísa” e, como conseqüência, Heloísa sequer visitaria a cidade pelas quais Ricardo passasse, o que acabou acontecendo, mesmo com alguns candidatos que sucumbiram à ameaça, ou seja, aonde havia PSOL Heloísa não realizou absolutamente nenhuma atividade de campanha, nem sequer para o candidato a Governador. Aliás, Heloísa se negou, expressamente, em pedir votos para a legenda, tal qual foi a tática adotada, pelo menos pela corrente MES, do “vote no 500 e no 50”. É óbvio que a tarefa de pedir votos para a legenda (50) era prioritariamente de Heloísa e, não, como foi feito (apenas para “saudar a bandeira”) por candidatos inexpressivos e totalmente desconhecidos do público, sem nenhuma força, política ou de massas, para “encabeçar” a legenda. O exemplo mais “macabro” desta política torta e teratológica foi a “filinha” de candidatos do Partido em frente ao Palácio dos Martírios (Palácio do Governo, em Alagoas) com o candidato menos conhecido de todos pedindo votos para a legenda (perdemos muitos votos com este “programinha” ridículo!).
Hoje podemos nos perguntar: o que queríamos nestas eleições? Eleger Heloísa? Eleger deputados estaduais? Ter uma boa votação para governador e deputados federais? Construir o PSOL? Cada resposta encontrará uma insuperável contradição com o que de fato foi concretizado.
Eleger Heloísa e construir o partido jamais! O mesmo em relação aos deputados estaduais e à votação do governador. Senão não teríamos o primeiro suplente de Heloísa, o recém chegado Padre Eraldo (através de mais uma decisão “individual” de Heloísa), participando ativamente dos comícios de Téo Vilela e com seus carros plotados com sua “chapa completa”: Téo, Renan, Heloísa, Célia Rocha (para federal) e Luiz Dantas (para estadual). Já aqui é necessário chamar a atenção para um importantíssimo detalhe neste debate: é verdade sim! Padre Eraldo pediu votos e fez campanha contra o PSOL! Ele pediu votos e fez campanha para o “tucano” Téo Vilela, para Governador, para o “arquiinimigo” de Heloísa (será mesmo?!) Renan Calheiros, para o Senado, para a “colorida” Célia Rocha, para a Câmara e para o “gabiru” Luiz Dantas, para Estadual. Para piorar, logo ao final do primeiro turno, Heloísa ainda vai para a imprensa e declara que Mário Agra e Padre Eraldo é que vão decidir a posição do PSOL no segundo turno. Como se chama isto, respeito excessivo a Padre Eraldo ou total desrespeito com o Partido e seus filiados e militantes históricos? Quem deve ser “expulso” do PSOL? Com a palavra, Heloísa Helena e Mário Agra!
Construir o partido e eleger Heloísa?! Com Heloísa e o candidato a governador do PSOL proibindo a utilização de suas fotos e seus respectivos números nos materiais de campanha dos candidatos proporcionais?! Os que respeitaram esta “determinação” tiveram que “engolir seco” ao ver as fotos de Heloísa sorridente ao lado de Renan, ou de Olavo Calheiros. Enquanto os adesivos de Heloísa eram procurados por seus eleitores ou militantes e filiados do PSOL como se procura “pé em cobra”, em viagens pelo sertão, vimos carros adesivados de Téo Vilela e Renan distribuindo fartamente materiais de Heloísa. Foi numa dessas poucas oportunidades que “tomamos” referidos materiais e os trouxemos para onde eles deveriam ficar, ou seja, na sede do PSOL.
Se havia um desejo de se manter, ao menos, um armistício, entre Heloísa e Renan, o que permitiria a Heloísa simplesmente “desprezar” seu partido e suas candidaturas proporcionais, com o seu “suplente tucano” pedindo votos para esta dobradinha bizarra, este desejo se dissipou no momento em que o verdadeiro aliado de classe de Renan, o candidato Benedito de Lira, entrou em cena. Aliás, por infeliz coincidência, da chapa do primeiro suplente de Heloísa, apenas Heloísa perdeu as eleições (Téo está no segundo turno) e Renan, Célia Rocha e Luiz Dantas estão felizes da vida por terem “renovado” o Senado, a Câmara e a Assembléia com seus mandatos.
O PSOL em Alagoas (como um todo) foi pequeno, mesquinho, um “Exército de Brancaleone”, um adversário frágil e desorientado, sem norte e rumo, perdido e consumido pela fogueira azul e invisível das vaidades e envolto em acusações e ameaças pessoais.
Mas, apesar de tudo, boa parte do Partido, nas pessoas dos candidatos a estadual e federal, bem como do segundo suplente de Heloísa, Professor Afonso, procuraram agir com a política que avaliamos mais correta. Jamais abandonaram o partido. Jamais se aliaram aos nossos adversários. Não mentiram, não caluniaram. Fizeram campanha para Heloísa (mesmo expressamente proibidos por ela), mas também fizeram para o PSOL. No caso da candidatura de Ricardo Barbosa, para estadual, foram apostadas as últimas fichas na obtenção dos 50 mil votos para deputados estaduais (que ilusão!). Seus materiais de campanha imploravam por votos na legenda (no 50), além de votos para Heloísa, Mário Agra e Plínio. Ele chegou a ajudar financeiramente e com materiais vários companheiros candidatos a deputado estadual do PSOL, tudo em nome da solidariedade entre companheiros de luta e de causas justas, além da obtenção do coeficiente eleitoral de 50 mil votos.
Apesar dos números risíveis e da derrota de Heloísa, a política reivindicada pelos companheiros que assinam este texto rendeu bons frutos. Ao menos não “desprezamos” o Partido, fizemos com que a campanha passasse por dentro do PSOL, pedimos votos para a legenda, para o 50, e, mesmo dentro de um universo minúsculo e números bem aquém do que poderíamos de fato alcançar, pudemos terminar estas eleições sem a sensação de “decepção”, sem querermos “desistir”, muito pelo contrário, ávidos para visitar, uma por uma, as cidades alagoanas que nos deram ao menos um voto, pois serão com estes eleitores que reconstruiremos o PSOL em Alagoas.
Para arrematar, queremos parabenizar todos os candidatos proporcionais, principalmente os estaduais, que foram vítimas de uma política consciente de “esvaziamento” de votos (talvez este o motivo de tantas perseguições a Ricardo Barbosa), do desprezo das candidaturas majoritárias (principalmente a de Heloísa), da “fuga” dos votos de legenda e, em alguns casos, das mentiras ardilosas assacadas por quem deveria estar denunciando os verdadeiros ladrões, gabirus e taturanas de Alagoas (e não fazendo campanha e pedindo votos para eles, como fez Padre Eraldo). A todos vocês dizemos: as eleições passam, os mandatos vêm e vão, mas o Partido fica, e com ele a esperança de dias melhores!
A todos os companheiros filiados, militantes, os que foram candidatos, os que não foram candidatos e que estão de acordo, total ou parcialmente com este texto fazemos um convite especial: vamos, juntos, reconstruir um PSOL livre de senhores, patrões ou chefes supremos, um PSOL que jamais tenha que pagar, coletivamente, por decisões pessoais de quem quer que seja. Um PSOL livre, leve e democrático, onde o amor à luta socialista prevaleça ante o temor das ameaças e do “dedo na cara”!
kkkk
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