Pará ainda tem 2,1 milhões de pessoas na miséria
A dona-de-casa Joana Pinheiro de Souza, 53, mora em um barraco, que é dividido em três cômodos, junto com marido, filhos e netos, somando 13 pessoas no total. Apenas o marido, que é auxiliar de serviços gerais trabalha com carteira assinada. Ela diz que o salário mínimo que o marido recebe mensalmente é a base do sustento da família.
A moradia situada na Vila da Barca, um dos locais mais pobres de Belém, demonstra bem o que a pesquisa denominada Índice Paraense de Responsabilidade Social, anteriormente chamado de Mapa da Exclusão Social, divulgada ontem pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social e Ambiental do Pará (Idesp).
Segundo a pesquisa, o número de paraenses que vive abaixo da linha da pobreza vem reduzindo gradativamente desde 2004, mas ainda persiste um percentual muito elevado de famílias sobrevivendo na pobreza. Em 2004, 2.9 milhões de paraenses estavam abaixo da linha da pobreza, sobrevivendo com renda menor que a metade do salário mínimo, ou seja, 43.09% da população. De lá pra cá, a renda do brasileiro melhorou, mas ainda permaneceram em 2008, 2.1 milhões de paraenses vivendo na miséria, significando 29.56% da população. Também foi constatado que a renda do Estado se concentra em três regiões: RMB, Carajás e Lago de Tucuruí.
Na Região Metropolitana de Belém (RMB), a pesquisa aponta que em 2004 32.29% viviam abaixo da linha da pobreza, percentual que caiu para 19.75% em 2008, uma evolução maior que a média nacional. No país em 2004 havia 54.4 milhões na miséria, situação que vem sendo reduzida, mas 38.3 milhões de pessoas ainda persistem neste patamar social, exatos 20.20% do total de brasileiros.
Na Região Metropolitana de Belém (RMB), a pesquisa aponta que em 2004 32.29% viviam abaixo da linha da pobreza, percentual que caiu para 19.75% em 2008, uma evolução maior que a média nacional. No país em 2004 havia 54.4 milhões na miséria, situação que vem sendo reduzida, mas 38.3 milhões de pessoas ainda persistem neste patamar social, exatos 20.20% do total de brasileiros.
No geral, a pesquisa demonstra que 781 mil paraenses ascenderam sobre a linha da pobreza entre 2004 e 2008 (26%). Na RMB esse decréscimo foi bem mais acentuado, alcançando 35%, ou seja, 222 mil pessoas deixaram a condição de pobreza na capital e arredores. No geral, a queda da pobreza no país ocorreu em velocidade maior que no Pará.
No entanto, a RMB demonstrou uma velocidade acima da média nacional, o que levaram os pesquisadores a concluir que no Pará, a pobreza decresceu mais lentamente no interior do Estado, segundo explicou o presidente do Idesp, Raimundo Trindade, que apresentou os dados junto com o coordenador da pesquisa, Tarciso Ribeiro, diretor de Estatística do órgão. A estimativa para 2010 é que menos de 2 milhões de paraenses estejam abaixo da linha de pobreza, seguindo a tendência de declínio.
As políticas públicas do governo federal de transferência de renda para as famílias pobres do País, como o programa Bolsa-Família, aliada à recuperação gradativa do salário mínimo, que de 2004 a 2008 obteve 12% de ganho real, além dos programas estaduais, segundo Trindade, são responsáveis pelo panorama econômico-social menos injusto no país. Ele explica que o governo federal distribuiu cerca de 600 mil bolsas-família, fator que possibilitou a manutenção de renda a famílias no patamar abaixo da linha de pobreza. No Pará, aponta Trindade, de 2007 a 2008 foram incluídas 36 mil jovens entre 19 e 29 anos no programa Bolsa-Trabalho.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Estes aspectos, afirma o presidente do Idesp, juntos ajudaram a reduzir a pobreza, mas ele admite que ainda é necessário a implantação de mais políticas públicas voltadas para as famílias pobres.
Segundo Trindade, já dá para afirmar que a tendência de declínio da pobreza vai prosseguir a partir da análise dos dados de 2009 e 2010, apesar da crise econômica mundial do ano passado, porque não houve perdas reais nos salários dos brasileiros, portanto, não influenciaram diretamente na redução da pobreza.
A renda per capita do paraense segundo o Produto Interno Bruto (PIB) local – soma de todos os bens e serviços produzidos – apresenta evolução de crescimento e acompanha a evolução dos investimentos dos projetos no Estado e se mantém como 13º do país . Entre 2004 e 2005, por exemplo, os projetos de mineração Sossego (cobre) e entre 2005 e 2006, implantação da segunda e terceira etapas da Alunorte, em Barcarena, foram responsáveis por parte do aquecimento da economia e da evolução do PIB paraense.
Apesar da economia aquecida nos últimos anos, mesmo com a crise mundial, a evolução do PIB mostra que a concentração de renda permanece na RMB e nas regiões dos projetos minerais, como Carajás e Lago de Tucuruí, que inclui o município de Barcarena.
As famílias da Vila da Barca, apesar do programa de infra-estrutura do local, em implantação pelo município, sentem na pele a necessidade políticas mais abrangentes de redução da pobreza. Joana Pinheiro de Souza, precisou transformar a sua moradia em três barracos para abrigar a família, que vive sem esgoto sanitário, sem água potável nem banheiro, com muito problema financeiro e baixa escolaridade.
No mesmo local, Ronaldo Viana, vive com a mulher e dois filhos de cinco e dez anos e conta que, apesar das dificuldades, sua vida melhorou de 2009 para cá. Depois de 15 anos desempregado, fazendo bicos para sobreviver, ele conseguiu emprego de carteira assinada como frentista em um posto de gasolina e espera a melhoria de vida quando conseguir uma nova casa para morar.
A situação de sua vizinha Antônia Monteiro e o marido Mauro Sérgio Monteiro é bem diferente. Os dois têm três filhos, estão desempregados, vivem de bico e contam que estão passando muita necessidade. “A situação tá muito difícil, mas na Vila da Barca só passa fome quem é vadio ou preguiçoso”, conta a esposa, que junto com o marido pescam peixe e camarão nos arredores e vendem para ajudar a sustentar a família.
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