O MViva!, espaço aberto, independente, progressista e democrático, que pretende tornar-se um fórum permanente de ideias e discussões, onde assuntos relacionados a conjuntura política, arte, cultura, meio ambiente, ética e outros, sejam a expressão consciente de todos aqueles simpatizantes, militantes, estudantes e trabalhadores que acreditam e reconhecem-se coadjuvantes na construção de um mundo novo da vanguarda de um socialismo moderno e humanista.

sábado, 31 de dezembro de 2011

PELO DIREITO DE SER CONTRA

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Moisés e as tábuas da Lei: um Deus implacável
Um amigo reagiu furioso a uma postagem que fiz no Facebook – era uma charge ironizando uma citação particularmente belicosa do Velho Testamento da Bíblia (Números 31: 17-18). Bem, todos que se deram ao trabalho de ler o livro sagrado dos cristãos, particularmente o Velho Testamento, sabe que é possível encontrar aos montes citações semelhantes, em que um Deus vingativo e ciumento exige dos homens provas de seu amor incondicional por Ele, pedindo sangue e até matança de inocentes. Meu amigo argumenta que a citação está descontextualizada, que o Novo Testamento é diferente e que ateus e agnósticos, quando atacam as religiões, se igualam aos fanáticos religiosos que discriminam homossexuais e não-crentes.

Mas o Estado brasileiro não é laico?
Respondo que, num país como o Brasil, em que ateus e agnósticos são estigmatizados como pessoas sem ética nem moral, em que candidatos a cargos eletivos já tiveram que esconder sua condição de não-crentes para serem aceitos pelo eleitorado, em que crucifixos são pendurados em repartições públicas violando a laicidade do Estado, e em que posições contrárias aos dogmas cristãos – principalmente católicos –, como por exemplo pesquisas com células-tronco, casamento de pessoas do mesmo sexo, aborto e AIDS, são vistas como heresia, é preciso partir para o confronto. Os não-crentes precisam “sair do armário”, como disse Richard Dawkins, e defender suas posições.

Ao fazer isso, eles estarão também defendendo a liberdade de expressão. Sim, porque, como bem sabiam os Pais Fundadores dos Estados Unidos, para garantir a liberdade religiosa e de expressão, o Estado deve ser impedido de promover qualquer confissão religiosa. Aqui, os ateus e agnósticos precisam demarcar terreno, conquistar espaço na sociedade, expor suas idéias – e isso certamente ferirá suscetibilidades religiosas. Talvez depois dessa etapa seja possível encontrar denominadores comuns entre crentes e não-crentes, como fizeram Umberto Eco e D. Carlo Maria Martini, arcebispo de Milão, no memorável diálogo epistolar reproduzido no livro “Em que crêem os que não crêem”.

Rushdie: condenado à morte por blasfêmia
À parte isso, ofender ou ironizar religiões pode não ser de bom tom, mas é um direito democrático líquido e certo. Mas ainda é perigoso e não está totalmente assegurado. Quando Salman Rushdie escreveu Os Versículos Satânicos, no final dos anos 1980, o aiatolá Khomeini se arvorou o direito de emitir uma fatwa (decreto religioso) pedindo a morte dele. O escritor teve que ficar escondido em Londres por quase uma década. Quando o jornal dinamarquês Jyllands-Posten publicou uma série de 12 caricaturas do profeta Maomé como terrorista, em 2005, manifestantes e governos islâmicos de todos os cantos do planeta promoveram ruidosas manifestações e fizeram pressões pedindo a proibição de publicações semelhantes e a punição do jornal. Temendo ferir “suscetibilidades islâmicas” – afinal, a Arábia Saudita, maior produtora de petróleo do mundo, é um Estado teocrático islâmico –, vários governos ocidentais, laicos e democráticos, condenaram publicamente as charges. O próprio governo da Dinamarca criticou o jornal, que acabou pedindo desculpas públicas aos muçulmanos. Duas décadas atrás, grupos católicos fizeram pressão para a proibição do filme Je Vous Salue Marie, de Jean-Luc Godard (conseguiram aqui no Brasil, durante o governo de José Sarney). Há poucos anos, a organização católica ultraconservadora Opus Dei tentou proibir o filme Código da Vinci. Se para evitar ferir suscetibilidades religiosas tivermos que censura obras de arte ou simplesmente espetáculos, o que restará da liberdade de expressão e de pensamento tão duramente conquistada, principalmente abaixo do Equador? Não podemos esquecer Voltaire ("Não concordo com nada do que dizes, mas lutarei até a morte pelo teu direito de dizê-lo"), Rosa Luxemburgo ("a liberdade é a liberdade de quem pensa de modo diferente de nós") e George Orwell ("se a liberdade significa alguma coisa, é o direito de dizer o que as pessoas não querem ouvir").

Ayaan Hirsi Ali: contra a intolerância religiosa
Por isso, creio que o multiculturalismo, por mais bem intencionado que possa ser, é um equívoco. Veja-se o caso da escritora e política somali nacionalizada holandesa Ayaan Hirsi Ali. No seu país de origem, ela foi submetida a uma infibulação do clitóris, numa cerimônia religiosa presidida por sua avó. A família deixou a Somália em 1975, quando ela tinha seis anos. Em 1992, Ayaan conseguiu entrar na Holanda, onde recebeu o status de refugiada, começou a estudar e a se envolver na política. Ela fugira de um casamento arranjado por seu pai, prática comum na tradição clânica da Somália e de outros países. Mas na Holanda, Ayaan começou a enfrentar a pressão de somalis ali residentes, que queriam que ela se submetesse aos costumes culturais e religiosos - no caso, islâmicos - da comunidade. Mas ela não aceitava isso e começou a denunciar a pressão. E o pior é que o Estado holandês protegia a opressão familiar sob a bandeira do multiculturalismo, o que na prática significava fazer vista grossa a práticas medievais como excisão de clitóris, casamentos arranjados e submissão da mulher ao homem.

Isso é tolerância? Ou uma forma sutil de discriminação travestida de comportamento politicamente correto? Ao isolar imigrantes em verdadeiros "bantustões culturais" nos países desenvolvidos, o multiculturalismo europeu compactua com a opressão familiar e religiosa e renega o valor universal dos direitos humanos. Enquanto isso, os europeus brancos e cristãos podem desfrutar das liberdades civis e individuais.
  

FELIZ ANO NOVO!!!

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QUE POVOS COMEMORAM O ANO NOVO EM OUTRA DATA?


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por Fabrício Moreira


CHINA Quando - Fim de janeiro ou começo de fevereiro
Ano atual - 2010
Os chineses seguem o calendário lunar, elaborado com base no tempo que a Lua leva para dar uma volta em torno da Terra - cerca de 29 dias e 12 horas. Antes da celebração, é tradição limpar a casa para afastar os maus espíritos. À meia-noite da virada, todos comem o guioza, um pastel típico. As festividades duram um mês e incluem desfiles e show pirotécnico
JAPÃO Quando - Do dia 1º ao dia 3 de janeiro
Ano atual - 2010
O Réveillon nipônico é um pouco adiantado (por causa do fuso horário), mas também é celebrado no dia 1º de janeiro. A diferença é que lá do outro lado do mundo, a festa dura três dias - um superferiado. Na virada, os japoneses costumam comer macarrão, que representa uma vida longa. Também vão a um templo para rezar e pedir boa sorte para o novo ano
JUDAÍSMO Quando - 1º dia do mês de Tishrei (meados de setembro)
Ano atual - 5771
Tishrei é o nome do primeiro mês do calendário judaico, no qual se comemora o Rosh Hashaná, o Ano-Novo judaico. A data é determinada pelas fases da Lua e é festejada durante dois dias com uma farta refeição. No banquete, carnes ensopadas e doces de frutas e mel, para atrair um ano doce
HINDUÍSMO Quando - 1º de março (sul da Índia), 1º de outubro (leste e no centro indiano) e 14 de abril (comunidade tâmil)
Ano atual - 2067
A Festa das Luzes, o Réveillon hindu, dura cinco dias. A comemoração incluiu lamparinas, incensos e fogos de artifício para afastar as forças do mal. O Ano-Novo hindu varia entre as regiões da Índia, dependendo do estudo dos astros, e celebra o retorno da deusa da prosperidade, Lakshmi
ISLAMISMO Quando - 7 de dezembro
Ano atual - 1432
No ano de 622 d.C., Maomé deixa Meca e vai para Medina. A hégira, como o episódio ficou conhecido, determina o início do ano islâmico - ou 1º de Muharram. Durante a celebração, que dura dez dias, são realizados atos de compaixão e jejum. Como utiliza calendário lunar, a virada do ano é comemorada em datas diferentes todos os anos
FÉ BAHÁ'Í Quando - Entre 2 e 20 de março
Ano atual - 167
A religião, que teve origem na antiga Pérsia (atual Irã), segue um calendário astronômico que tem 19 meses com 19 dias. Em meados de março, os bahá'ís celebram o Ano-Novo. Um período antes da comemoração, eles se purificam espiritualmente e costumam fazer jejum, que só termina quando o Sol se põe - indicando o início do novo ano
WICCA Quando - 31 de outubro
Ano atual - 2011
Os praticantes da religião neopagã Wicca, difundida a partir da década de 1950, comemoram o fim de um ano e o começo de outro no último dia de outubro. Na data, são realizados rituais em altares para recordar aqueles que já morreram e eliminar as energias negativas. Velas, incensos, maçãs, vinho quente e pratos com abóbora e carne fazem parte da celebração
THELEMA Quando - 20 de março
Ano atual - IV:xix (ou 4º ciclo desde 1904, mais 19 anos)
A corrente celto-xamânica comemora o Ano-Novo no dia 20 de março, ou numa data próxima. A virada coincide com o Banquete pelo Equinócio dos Deuses, época em que o Sol passa de um hemisfério para o outro
Pode acreditar
O Dia da Mentira surgiu na França, quando o Ano-Novo mudou de 25 de março para 1º de abril e, depois, para 1º de janeiro. Desde então, as pessoas começaram a sacanear uns aos outros
FONTE - Departamento de Geodésia da UFRGS; embaixada indiana; Comunidade Bahá'í do Brasil; Dicionário Hebraico-Português (Edusp, 1995); Casa de Bruxa - Universidade Livre Holística; Ordo Templi Orientis Brasil - Ordem do Templo do Leste/Ordem dos Templários Orientais.

CONTRA O JÚBILO COLETIVO OBRIGATÓRIO

Antonio Gramsci

Um belo texto do jovem Antonio Gramsci, fundador, teórico e dirigente do Partido Comunista Italiano, sobre a hipocrisia desta época do ano.

Odeio o Ano Novo

Avanti! , 1º de Janeiro de 1916.

Toda manhã, ao acordar mais uma vez sob o manto do céu, sinto que para mim é o primeiro dia do ano.


Por isso odeio estes anos novos a prazo fixo, que transformam a vida e o espírito humano em uma empresa comercial, com sua prestação de contas, seu balanço e suas previsões para a nova gestão. Eles fazem com que se perca o sentido de continuidade da vida e do espírito. Termina-se por acreditar a sério que entre um ano e outro exista uma solução de continuidade e comece uma nova história; fazem-se promessas e projetos, as pessoas se arrependem dos erros cometidos etc. É um equívoco geral que afeta a todas as datas.

Dizem que a cronologia é a ossatura da história. Pode-se admitir que sim. Mas também é preciso admitir que há quatro ou cinco datas fundamentais, que toda pessoa conserva gravadas no cérebro, datas que tiveram efeito devastador na história. Também elas são primeiros dias de ano. O Ano Novo da história romana, ou da Idade Média, ou da era moderna. Elas se tornaram tão invasivas e tão fossilizantes que nos surpreendemos a pensar algumas vezes que a vida na Itália começou em 752, e que 1490 ou 1492 são como montanhas que a humanidade ultrapassou de um só golpe para entrar em um novo mundo e em uma nova vida. Com isso, a data converte-se em um fardo, um parapeito que impede que se veja que a história continua a se desenvolver de acordo com uma mesma linha fundamental, sem interrupções bruscas, como quando o filme se rompe no cinematógrafo e se abre um intervalo de luz ofuscante.

Por isso odeio a passagem do ano. Quero que cada manhã seja um ano novo para mim. A cada dia quero ajustar as contas comigo mesmo e renovar-me. Nenhum dia previamente estabelecido para o descanso. As pausas eu escolho sozinho, quando me sinto embriagado de vida intensa e desejo mergulhar na animalidade para extrair um novo vigor. Nenhum travestismo espiritual. Cada hora da minha vida eu gostaria que fosse nova, ainda que vinculada às horas já transcorridas. Nenhum dia de júbilo coletivo obrigatório, a ser compartilhado com estranhos que não me interessam. Só porque festejaram os avós dos nossos avós etc., teremos também nós de sentir a necessidade de festejar. Tudo isso dá náuseas.


[...]

PT PARAENSE PODERÁ SER OBRIGADO - NA MARRA - A APOIAR CANDIDATO DO PMDB,JOSÉ PRIANTE EM 2012

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 Em 2012 PT nacional dará a arrancada para consolidar o seu mais importante projeto, que consiste em reeleger a presidenta Dilma Roussef para um segundo mandato nas eleições de 2014. Para tal, as principais lideranças do partido já deixaram bem claro que, não haverá concessões nos redutos eleitorais onde os candidatos petistas foram derrotado em 2008 e 2010, como é o caso de Belém do Pará, e cederá estrategicamente estes espaços nas grandes cidades em favor do PMDB e de aliados. A Cúpula, presidentes falcão, Maia e o supremo comandante, Lula da Silva, pressionarão os dirigentes a abrirem mão de cabeça de chapa em 40 das 118 capitais e municípios.

Especula-se que, em Belém, capital do Pará, a indicação do nome de consenso que representará o esforço de Brasília para a  reeleição de Dilma não sairá do PT, por ter sido este derrotado pelos enfraquecidos e desacreditados tucanos em 2010, mesmo estando o partido no comando da poderosa máquina do Estado e contando com o apoio massivo da força do planalto e das figuras de Lula e Dilma, presentes nos principais comícios.
Acredita-se mesmo que, o arranjo natalino que destravou e levou á diplomação do ex-governador Jader Barbalho pelo TSJ, politico que estava a mais de onze meses em 'banho de Maria' por conta das interpretações dos ministros da casa sobre a lei da Ficha Limpa - e desta feita foi devidamente socorrido pelo chamado "voto de qualidade"  ainda dentro de 2011 - , tratou-se de uma moeda de troca para dar moral ao cacique e ajudá-lo á controlar as suas bases na capital e  em mais de quarenta municípios do interior paraense onde o PMDB manda, além de Ananindeua, segundo maior colégio eleitoral paraense, município que fica na Região Metropolitana que conta com quase quinhentos mil eleitores, o único  - fora a capital - onde haverá segundo turno, local onde o PT local encontra-se há muito tempo, subjugado incondicionalmente á liderança do prefeito pmdbista, Helder Barbalho.
Todo esse esforço de alforria ao Barbalhão, é para manter o casamento com o maior partido de sua base aliada no Pará, dentro desta condicionante simbiótica; desviando os Barbalhos da tentação de fechar uma aliança com o PSDB do governador Simão Jatene que, segundo se afirma em varias rodas, teriam um entendimento firmado onde: melhor colocado - do PSDB ou PMDB -  nas urnas em Ananindeua, apoiaria o outro no segundo turno.
o PT estuda ceder ao PMDB nas eleições de 2012 até 13 cabeças de chapa em municípios considerados estratégicos. Com foco na reeleição da presidente Dilma Rousseff, o comando nacional petista pressiona dirigentes locais a desistir de lançar candidatos próprios para apoiar nomes indicados por legendas amigas.

Dilma com Temer; PT e PMBD articulam parceria para as eleições municipais de 2012
Um levantamento interno do PT, a que o Estado teve acesso, mostra que o partido cogita abrir espaço para seus aliados em até 40 das 118 capitais e cidades com mais de 150 mil eleitores - apontadas como prioridades da próxima disputa e batizadas de "joias da coroa"pela direção nacional da sigla.

Caso todas as negociações se confirmem, o PT abrirá mão de disputar uma de cada três prefeituras consideradas importantes. Em 2004, na primeira eleição municipal do governo Luiz Inácio Lula da Silva, a sigla cedeu a cabeça de chapa em 18 das 95 cidades estratégicas - média inferior a uma a cada cinco.

 

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O pensamento de Mao e sua influência no PCB


PARA O ESTUDO DA MEMÓRIA DO PCB: A INFLUÊNCIA DO PENSAMENTO ANTIDIALÉTICO DE MAO TSE-TUNG NA ESTRATÉGIA POLÍTICA DO PCB ("DECLARAÇÃO DE MARÇO" DE 1958, RESOLUÇÕES DO 5º E 6º CONGRESSOS)

Por Anita Leocadia Prestes

Publicado na REVISTA DE HISTÓRIA COMPARADA, Rio de Janeiro,5-2:94-106,2011.

A partir da análise e da comparação do pensamento antidialético de Mao Tse-Tung sobre as contradições com as teses da dialética materialista enunciadas por C.Marx, F.Engels e V.Lenin, é abordada a influência das concepções do líder da Revolução Chinesa na estratégia política do PCB, expressa, a partir de 1958, em seus principais documentos.


Palavras-chave: Mao Tse-Tung, Lenin, contradições, dialética marxista, PCB.

Arquivo em PDF, clique aqui


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Mais uma do Ministro - Marco Aurélio tem memória seletiva quanto ao Código Penal

ministro Marco Aurélio Mello
ministro Marco Aurélio Mello
Mais uma do ministro Marco Aurélio Mello. E essa última é de cabo de esquadra da Marinha paraguaia, para usar de expressão popular empregada em situação de inusitado espanto.
Depois de conceder liminar suspendendo a atuação correcional do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em situação não urgente, pois o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está instalado desde 2005 por força de imperativo constitucional, o ministro Marco Aurélio volta-se contra o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de inteligência financeira do governo federal voltado a detectar movimentações financeiras suspeitas.
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o ministro Marco Aurélio atribuiu conduta criminosa por parte do Coaf  (seu responsável) e ao fornecer dados sigilosos sobre movimentação financeira de magistrados  à Corregedoria do CNJ.
Vale lembrar que os dados foram requisitados (o termo é requisição e não solicitação) à época por uma autoridade judiciária, o vice-presidente do CNJ em função de corregedor. À época, o corregedor era o íntegro ministro Gilson Dipp.
Como sabe até um rábula de porta de cadeia pública, requisição do Poder Judiciário não pode, como regra, ser recusada. A exceção fica por conta de ordem manifestamente ilegal e abusiva, que não era o caso da requisição do então corregedor Gilson Dipp.
Mais ainda, o CNJ é órgão judiciário (na Constituição da República está topograficamente abaixo do Supremo Tribunal Federal). E a atribuição do CNJ  é controlar administrativa e financeiramente o Poder Judiciário e os deveres funcionais dos juízes.
Não se deve esquecer também. Compete ao CNJ conhecer reclamações contra membros (magistrados) ou órgãos do Judiciário: art103-B da Constituição da República.
Com efeito. Não era minimamente razoável que o Coaf deixasse de atender uma requisição do CNJ, subscrita pelo seu vice-presidente e ministro-corregedor. Salvo, evidentemente, o entendimento de um Marco Aurélio Mello, que não viu risco de fuga e mandou, liminarmente e contra posições de colegiados como o Tribunal Regional Federal e o Superior Tribunal de Justiça, soltar o ex-banqueiro Salvatore Cacciola, que enriqueceu mediante insite information do Banco Central.
Esse cavernoso entendimento do ministro Marco Aurélio acerca do CNJ  poderia levar a outro que não o favorece. Está tipificado no Código Penal a conduta de quem, como magistrado, pratica “ato para satisfazer interesse ou sentimento pessoal” (art.319, parte final, do Código Penal). No caso, o CNJ funciona desde 2005 e Marco Aurélio, já vencido com relação à questão da sua legitimidade constitucional, insiste em negar-lhe atribuição. Não bastasse, concedeu liminar quando o plenário do STF, em setembro passado, entendeu tirar da pauta de julgamento a ação de inconstitucionalidade sobre a sua atuação correcional proposta pela Associação de Magistrados Brasileiros: se a matéria fosse urgente não seria adiada, tirada de pauta de julgamento.
Pano Rápido. Não havia urgência que justificasse a concessão de liminar. O ministro Marco Aurélio — no apagar das luzes do ano judiciário — suspendeu as atividades do CNJ, e fez prevalecer a sua canhestra tese quanto à atuação subalterna desse órgão. Um órgão que já sancionou mais de uma dezena de magistrados por desvio de conduta: dentre eles, o ministro Paulo Medina, ex- presidente da AMB, aposentado compulsoriamente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) por vender liminares.
Diz a Constituição: “Compete ao CNJ conhecer das reclamações contra membros ou órgãos judiciários”. Para Marco Aurélio, e várias associações classistas, cabe a apuração pelo CNJ, mas só depois das corregedorias estaduais e federais. E o CNJ, como todos sabem, só foi criado em razão de as corregedorias não atuarem, em especial com relação aos desembargadores de seus tribunais. Importante frisar, o corregedor é eleito pelos desembargadores.

Wálter Fanganiello Maierovitch

TREMOR, TEMOR E O FASCÍNIO DO TERROR


Umberto Eco

Num texto escrito em 1979 (O Sagrado não é uma moda), Umberto Eco analisava a volta da religiosidade no mundo moderno, advinda com a percepção do fracasso do projeto iluminista de emancipação humana, do qual o marxismo tinha sido o último capítulo - e olha que ele escreveu dez anos antes da queda do Muro. Mas, fiel ao legado do Iluminismo, não à sua letra, Eco insiste nas velhas técnicas da razão e da lógica, mas desprovidas da tentação milenarista, para combater o fascínio irracionalista das religiões:

"Ao lado dessas manifestações de religiosidade 'positiva'(crescimento dos fundamentalismos islâmico, cristão e judaico, NR), eis a nova religiosidade dos ex-ateus, revolucionários desiludidos que se atiram à leitura dos clássicos da tradição, os astrólogos, os macrobióticos, os poetas visionários, o neofantástico [...] e, finalmente, não mais textos de Marx ou Lênin, mas obras obscuras de grande inatuais [...] que tinham grande raiva do fazer humano e do mundo moderno em geral.

"Sobre esses elementos, sobre essas inegáveis tendências, parece porém porém que os meios de massa estejam construindo um roteiro que repete o esquema sugerido por Feuerbach, para explicar o nascimento da religião. O homem, de algum modo, sente que é infinito, isto é, capaz de querer de modo ilimitado, de querer tudo, digamos. Mas não percebe não ser capaz de realizar o que deseja, e então precisa imaginar-se um Outro (que possua em medida optimal o que ele deseja de melhor) e a quem se delegue a tarefa de preencher a fratura entre o que se quer e o que se pode. [...]  

Goya, O sonho da razão produz monstros
"A questão é que as ideias de Deus que povoaram a história da humanidade são de dois tipos. De um lado está um Deus pessoal que é a plenitude do ser ("eu sou como aquele que é") e que, portanto, resume em si todas as virtudes que o homem não tem, sendo o Deus da onipotência e da vitória, o Deus dos Exércitos. Mas esse mesmo Deus se manifesta frequemente de maneira oposta: como aquele que não é. Não porque não possa ser nomeado, nem porque não possa ser descrito por nenhuma das categorias que usamos para designar as coisas que são. Esse Deus que não é atravessa a história mesma do cristianismo: esconde-se, é indizível, pode-se chegar a ele apenas por força de teologia negativa, é a suma daquilo que dele não pode ser dito, falamos dele celebrando nossa ignorância e o nomeamos, no máximo, como vórtice, abismo, deserto, solidão, silêncio, ausência.

"Desse Deus alimenta-se o sentido do sagrado, que ignora as igrejas institucionalizadas [...] O sagrado [...] é a intuição de que haja algo não produzido pelo homem e em relação ao qual a criatura sente atração e repulsa ao mesmo tempo. Ele produz um senso de terror, uam irresistível fascinação, um sentimento de inferioridade e um desejo de expiação e sofrimento. Nas religiões históricas esse sentimento confuso tomou a forma, a cada vez, de divindades mais ou menos terríveis. Mas no universo leigo há pelo menos cem anos que ele assume outras formas. O tremendo e o charmoso renunciaram a revestir-se das aparências antropomorfas do ser perfeitíssimo para assumir as de um Vazio, em relação ao qual nossos propósitos são fadados ao fracasso. 

"Uma religiosidade do Inconsciente, do Vórtice, da Falta do Centro, da Diferença, da Alteridade absoluta, da Ruptura atravessou o pensamento moderno como contraconto subterrâneo à insegurança da ideologia oitocentista do progresso e ao jogo cíclico das crises econômicas. Esse Deus tornado leigo e infinitamente ausente acompanhou o pensamento contemporâneo sob vários nomes e explodiu no renascimento da psicanálise, na redescoberta de Nietzsche e de Heidegger, nas novas antimetafísicas da Ausência e da Diferença. Durante o período de otimismo político tinha-se criado uma nítida ruptura entre esses modos de pensar o sagrado, ou seja, o incognoscível e as ideologias da onipotência política; com a crise seja do otimismo marxista seja daquele liberal, essa religiosidade do vazio de que somos entretecidos invadiu o próprio pensamento da assim chamada esquerda.

Angelus Novus, Paul. Klee

"Sobre essas novas telogias negativas, sobre as liturgias que delas derivam, sobre sua incidência no pensamento revolucionário, valerá a pena interrogar-se ao longo dos próximos anos e ver quanto, elas também, permanecem sensíveis à crítica de Feuerbach, por exemplo. Ou seja, ver se através desses fenômenos culturais não está se perfilando uma nova idade média de místicos leigos, mais propensos ao retiro monástico do que à participação citatina. Deveríamos ver de que valia ainda pode ser, como antídoto [...] as velhas técnicas da razão, as artes do Trívio, a lógica, a dialética e a retórica. Pairando a dúvida de que, ao praticá-las ainda com obstinação, se possa vir a ser acusado de impiedade."           




O ano que se encerra

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Via Diário Liberdade
Laerte Braga
Quando Clarence Darrow, no célebre julgamento do macaco, na década de 20, nos EUA, perguntou a William Jennings Bryan, ex-secretário de Estado e três vezes candidato derrotado à presidência dos EUA, que Deus criou Noá, Bryan saiu pela tangente. Disse que deixava a busca de Noá para os agnósticos.
O processo era contra um professor que ensinava a teoria de Charles Darwin num liceu na cidade de Dayton, no Tennessee infringindo um édito proibitivo que perdurou até 1967.
Darrow foi um dos mais importantes advogados da história dos EUA na defesa dos direitos civis e foi a Dayton contratado por um jornal. Provou num processo provocado por um desses pastores que falam diretamente com Deus que os seis dias da criação descritos na bíblia poderiam ter sido milhões de ano, pois não havia a medida de 24 horas para o dia, como a temos hoje.
E dessa forma, nas nossas medidas de tempo, um dia de Deus pode ter durado milhões de anos, logo, uma pedra negada como prova desse fato, poderia ter os mesmos milhões de anos. E não os três mil anos que segundo os evangélicos seria o tempo de existência do mundo desde a sua criação, cálculos feitos pelo bispo de Ulster – se não me engano –. Três anos, não sei quantos dias e tantas horas, minutos e segundos.
No Brasil de hoje os pastores não chegam a essa precisão matemática em torno desse assunto. Só sobre os saldos bancários.
O ano de 2011 não mudou a essência do mundo. Vivemos sob o terror do capitalismo de Estado, duas potências acuando todas as demais nações. As que resistem – e são determinadas por isso – e as que cedem.
Cuba, por exemplo. Resiste e exibe números diversos das que não resistem. Segundo a Organização Mundial de Saúde o país de Fidel eliminou a desnutrição infantil. Nos Estados Unidos, milhares de ogivas nucleares e um arsenal de democracia e ajuda humanitária, perto de 40 milhões de indigentes.
De qualquer forma 2011 marca o ano em que o terror de Estado deixou de lado a máscara e assumiu suas características de barbárie.
O ano em que começa a desaparecer o conceito de nação, substituído pelo de conglomerados. São formados por banqueiros, grandes corporações e em países como o nosso pelos latifundiários (grupo que ainda não conhece a roda e nem garfo e faca, apenas trabalho escravo e pistolagem).
A Europa Ocidental, a chamada Comunidade Europeia, é uma ficção. Transformou-se numa base militar de um complexo maior. ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A. a Rússia desintegra-se no final do reinado de Putin (mesmo que venha a ser reeleito) e nos protestos populares pela volta do comunismo.
Os árabes se levantam contra ditaduras. Militares egípcios vestem duas fardas. A visível, que lhes dá a aparência exatamente de militares egípcios. A invisível que lhes determina o verdadeiro caráter. Submissos ao império terrorista de ISRAEL e EUA.
Numa das pontas a China, o “prodígio” da economia de mercado combinado com o óbvio, trabalho escravo, em condições sub humanas e uma rígida ditadura que teima em se auto rotular de comunista.
Por aqui a América Latina debatendo-se entre a necessidade de integração para sobreviver, mas patinando no maior país da região, o Brasil, sem saber bem que rumo seguir, vivendo a política de uma no cravo e outra na ferradura e sem perceber, ou percebendo e fingindo que não é com ele, transformando-se num grande entreposto do capital internacional.
Sumiu o México, depósito de lixo dos norte-americanos, o Canadá (que os norte-americanos em sua arrogância chamam de “México melhorado”), sobrevivem governos resistentes como os de Cuba, Nicarágua, Venezuela, Bolívia, Uruguai, Paraguai, Equador e Argentina, mas sob constante ataque das principais bases norte-americanas. Uma na colônia de Honduras e outra na colônia colombiana.
A exceção dos protestos que acontecem na Grécia, todos os demais refletem apenas a gota d’água da população diante de um modelo cruel e de ditaduras sanguinárias. Não sabem bem o que querem para o futuro, não definiram um objetivo. Acabam servindo ao próprio capitalismo. Ao próprio vírus da doença da qual padecem.
O ano que se encerra, no entanto, inscreve em sua história, em meio a toda a barbárie que tem caracterizado o complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A, como o da destruição da Líbia, um ato de terror cuja dimensão real ainda não foi percebida, à medida que a mídia de mercado aliena, desinforma, mente, distorce e vende uma realidade de espetáculo em que as pessoas se extasiam com bombas explodindo hospitais, áreas civis, etc, como exemplo de tecnologia de ponta. De “alta precisão”, ao alcance de qualquer garoto numa loja de vídeo game.
Longas filas para adquirir um “iPod” de última geração e fingir que permanecemos humanos.
São milhões que não assistiram 2001, UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, notável filme de Stanley Kubrick e se assistiram não entenderam o momento em que a taça se quebra.
Preferem, se for o caso, ouvir as explicações de um pastor sobre a importância de doar dinheiro para a compra de casas no céu. A praga neopentecostal, semelhante a qualquer nuvem de gafanhotos a destruir tudo, como se agrotóxico fossem, ou transgênicos, no câncer nosso de cada dia.
E risonho, límpida, cristalina, em família e no Hawai, a figura sinistra de Barack Obama. Numa certa medida supera outro dos criminosos contra a humanidade, seu antecessor George Bush. Bush, como a própria palavra explica, é um moita. Obama é só um ventríloquo – o boneco – dos interesses do complexo militar e industrial que privatiza o mundo inteiro, some com nações e culturas, que dizem ser negro, mas tem que ser engraxado e lustrado todos os dias. É branco e representa a supremacia ariana vigente em cada bala de urânio empobrecido despejada contra civis no Afeganistão, no Iraque, ou no assassinato a sangue frio de Osama Bin Laden.
A propósito, a AL QAEDA é aliada dos EUA no golpe que se trama contra o governo Sírio, como o foi na Líbia.
A história do que aconteceu na Líbia pode ser lida letra por letra, no notável trabalho jornalístico de Mário Augusto Jakobskind, em seu “LIBIA, BARRADOS NA FRONTEIRA”.
O ano que se encerra não muda o caráter do ano passado e nem vai mudar o do próximo ano, o que vai começar. Nada de previsões sobre o fim do mundo, mas apenas a consciência que a barbárie capitalista, ferida de morte, vai buscar no arsenal nuclear atemorizar e aterrorizar populações no mundo inteiro.
E assim será enquanto não dermos objetivo à luta das ruas e ganharmos direção.
A direção do socialismo.

STF mantém posse de Jader Barbalho no Senado nesta quarta-feira

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O Supremo Tribunal Federal (STF) negou o mandado impetrado pela senadora Marinor Brito (PSOL-PA) e decidiu manter a posse de Jader Barbalho, marcada para às 15h desta quarta-feira, no Senado. Ele foi beneficiado pela interpretação dada pelo STF à Lei da Ficha Limpa e assume um mandato de sete anos e um mês.

O vice-presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto, que está no exercício da presidência, explicou que a posse de Jader durante o recesso parlamentar constitui "hipótese expressamente prevista" no Parágrafo 4º do Artigo 4º do Regimento Interno do Senado Federal".

A senadora alegou no mandado de segurança que a Constituição Federal prevê que o Congresso Nacional só pode se reunir durante o recesso legislativo se houver convocação extraordinária ou, em caso de prorrogação da sessão legislativa. Ela também sustentou a tese de "abuso de direito", por parte do presidente da Mesa Diretora, José Sarney (PMDB-AP), ao avisar, por meio de ofício, a reunião para a posse.

Ela assumiu a vaga de segunda senadora eleita do Pará em 2010 após ter os registros do segundo e do terceiro candidatos mais votados, Barbalho e Paulo Rocha, respectivamente, terem sido negados de acordo com a Lei da Ficha Limpa. Porém, com a anulação dos efeitos da lei, eles se tornaram novamente elegíveis.

http://www.sidneyrezende.com

Cristina Kirchner se afastará para tratar câncer



Cristina Kirchner se afastará para tratar câncer (Foto: Antonio Cruz/ABr)
(Foto: Antonio Cruz/ABr)
Com um tumor maligno na tireoide, a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, de 58 anos, ficará afastada das funções públicas da próxima semana até o dia 24 de janeiro. A presidenta argentina foi reeleita há dois meses para o segundo mandato. O vice-presidente argentino, Amado Boudou, assumirá a presidência.

No próximo dia 4, Cristina Kirchner será submetida a uma cirurgia para a retirada do tumor, localizado no lobo direito da glândula tireoide, no Hospital Austral, em Buenos Aires, capital argentina.
O secretário de Comunicação Pública da Presidência da República da Argentina, Alfredo Scoccimarro, disse que os exames preliminares feitos ontem (27) pela presidenta mostram que não há metástase (contaminação de outros órgãos) pelo câncer nem comprometimento nos vasos linfáticos.
De acordo com Scoccimarro, Cristina Kirchner ficará em convalescença, após a cirurgia da semana que vem, por 72 horas. Mas, por ordens médicas, ela se afastará das atividades públicas por pelo menos 20 dias. A cirurgia vai ser feita pelo médico Peter Sack e por sua equipe.
Sack é chefe do Departamento de Cirurgia do Hospital Austral e responsável pelo Departamento de Cabeça e Pescoço do Instituto de Oncologia Doutor Roffo Anjo. Localizada no pescoço, a glândula da tireoide é a responsável pela produção de hormônios que regulam a taxa do metabolismo. O hipertireoidismo (tireoide muito ativa) e hipotireoidismo (tireoide pouco ativa) são os problemas mais comuns nesta glândula.
O câncer detectado na presidenta argentina é o quinto caso envolvendo chefes de Estado da América Latina. No Brasil, a presidenta Dilma Rousseff se curou de um linfoma, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz tratamento contra um tumor na laringe.
Na Venezuela, o presidente Hugo Chávez faz quimioterapia contra um câncer que começou com um tumor na região pélvica. O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, fez sessões de quimioterapia em São Paulo e também em Assunção para tratar de um linfoma. 
 
(Agência Brasil)

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Assassinatos no Pará: Brasil é processado na OEA por omissão

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A família e as entidades apresentaram aos governos e ao Judiciário um conjunto de propostas para suspender o processo. 


Diante da omissão do governo do Pará em garantir a segurança de Dezinho, quando ainda estava vivo e ameaçado de morte, e a demora da Justiça em punir os assassinos, sua família, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Justiça Global entraram com um processo na Organização dos Estados Americanos (OEA) contra o Estado brasileiro.
No centro, de boné vermelho, dona Maria Joelma, viúva de Dezinho

Processado pela OEA, o Estado brasileiro propôs um acordo. A família e as entidades apresentaram então aos governos e ao Judiciário um conjunto de propostas para suspender o processo. Entre elas o pagamento de indenização para a família de Dezinho, a construção de um centro de informática na Vila Galvão, a ampliação da sede do sindicato – incluindo um centro de qualificação profissional para trabalhadores rurais e urbanos, a construção de poços artesianos nos Projetos de Assentamento Nova Vitória, José Dutra da Costa e Água Branca, e a retomada de terras públicas no município para o assentamento de famílias sem terra.

O acordo previa ainda a obrigação do governo do Pará e do governo federal em construir um memorial em homenagem a Dezinho e, que, em sua inauguração, teriam que fazer um pedido de desculpa formal aos seus familiares.

Pedido de desculpa

Em nome do governo brasileiro, Maria Ivonete Barbosa Tamboril, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, fez um caloroso pronunciamento no encerramento do evento do dia 26, na Praça da Paz, onde, além da desculpa formal, sublinhou a importância de orquestrar ações conjuntas no âmbito federal para acabar com a impunidade. Um pouco antes, em nome da superintendência do Incra, Ruberval Lopes da Silva havia anunciado a liberação de cerca de R$ 2 milhões em linhas de crédito para os assentamentos e a construção de moradias.

O coordenador regional do Programa Terra Legal, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Castanheira Alves, anunciou a varredura nas glebas públicas ao lado do Ministério Público Federal, além da liberação dos Contratos de Concessão de Uso (CCU), documentos que dão segurança jurídica aos assentados – por meio do título provisório de posse – e estabelecem obrigações.

Em contrapartida, um representante do governo estadual caiu no ridículo ao declarar do alto do palanque – de onde escafedeu-se rapidamente – que a família de Dezinho receberia insignificantes R$ 40 mil como “indenização”, além de R$ 765,00 mensais como pensão vitalícia. E que o Memorial do líder assassinado seria erguido em Marabá, a cerca de 130 quilômetros de Rondon, quem sabe para não importunar os próceres tucanos locais, bastante vinculados ao rastro de sangue.



Por Leonardo Wexell Severo, de Rondon do Pará (PA), para o Brasil de Fato

Dilma impôs estilo e saiu da sombra de Lula em primeiro ano de mandato

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Do Deutsche Welle,Germany

Em um ano de governo, Dilma Rousseff passou de uma desconhecida no cenário internacional a chefe de Estado que ofereceu ajuda à Europa em crise. Vista inicialmente como mera sucessora de Lula, ao longo dos primeiros doze meses de mandato, Dilma impôs seu estilo e saiu da sombra do líder carismático.

"Ela mostrou que tem o próprio perfil, que não seguiria apenas a política de Lula, mas traria a sua própria tônica", analisa Claudia Zilla, especialista do Instituto Alemão de Relações Internacionais e de Segurança (SWP) em conversa com a DW Brasil. Mas a capacidade brasileira de apoiar a Europa é vista com reservas. "A pergunta é: como a economia brasileira vai se desenvolver daqui para frente? Haverá ainda espaço para tanta autoconfiança?", questiona a pesquisadora sobre o futuro da habilidade financeira do país diante da crise que assola os mais ricos.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQzaCZX4KVmZ9HiSu-vJbcTrVKKQEMGNiHiPY0wM3i9FQSlBxMgPvamy2ELFBPUERnnm7t8yk185MThT82avFeO7ni7Q_GmMh23ppTz6bxWTezaLPtDoLL9ZesmLXfEKjNjgqN04Ci0bAV/s1600/Dilma-Guerreira-Onde-Estao.jpg.
Essa investida do Brasil por mais espaço na comunidade internacional, que Dilma buscou com menos afinco que Lula, ainda é um pouco "incompreendida". "Os europeus não sabem se essa oferta de ajuda é um jogo de cena, um jogo de relações públicas para se projetar internacionalmente, ou se o país tem condições de concretizar esse apoio", avalia Rafael Duarte Villa, diretor do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP).
http://faithandsurvival.com/wp-content/uploads/2011/04/economic-collapse.jpg
Em seu primeiro ano, a presidente não conseguiu comprovar a capacidade de auxiliar efetivamente a Europa. De qualquer maneira, a líder esteve bastante ocupada com problemas internos de grande repercussão: a queda de sete ministros, seis deles envolvidos em denúncias de corrupção.
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Perdas, mas com ganhos

A saída em série começou aos seis meses de governo: Antonio Palocci, ex-ministro da Casa Civil, foi o primeiro a deixar o cargo acusado de enriquecimento ilícito. Os ministros do Transporte, da Agricultura, do Turismo, do Esporte e do Trabalho renunciaram depois – só Nelson Jobim, ex-ministro da Defesa, deixou o posto por motivos não ligados à corrupção, em julho.
http://blogs.diariodepernambuco.com.br/politica/wp-content/uploads/2011/12/dilma-e-a-faxina.bmp
Apesar dos escândalos, o maior desafio de Dilma se converteu em ganhos. "O lado positivo desse cenário é que ela enfrentou os problemas, tomou decisões, demonstrou sensibilidade às denúncias", ressalta Jorge Abrahão, do Instituto Ethos. E acrescenta: "Não que a corrupção tenha sido maior nesse ano. O potencial de escândalos de corrupção sempre foi alto em todos os governos. A postura que a presidente tem tido é positiva ao enfrentar essas questões."
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Para Duarte Vila, a postura da presidente foi "inovadora" ao decidir "não negociar a corrupção". O povo brasileiro também parece estar satisfeito: o estilo Dilma Rousseff de governar é aprovado por 72% da população. Para 56% dos cidadãos, a administração da primeira presidente do país é "ótima", revelou a pesquisa da CNI-Ibope de dezembro.

Nesse quesito, a sucessora superou o mentor: Lula encerrou o seu primeiro ano de governo, em 2003, com aprovação de 42% da população, segundo pesquisa do Instituto Datafolha.

http://noticias.r7.com/blogs/adriana-araujo/files/2010/11/lula-dilma-ok.jpg

Continuidade e estilo

Dilma seguiu com os programas sociais implantados na administração passada, baseados na transferência de renda. A presidente acertou em continuar com a "luta contra pobreza", pontuou Claudia Zilla. Nos próximos anos, no entanto, Dilma pode encontrar mais dificuldade: "Há cada vez menos dinheiro para ser distribuído. Então, os programas sociais que são baseados na transferência de renda ficam sob pressão", justifica Zilla, lembrando o contexto internacional de recessão.

Com um estilo bem mais discreto e menos mediático, a presidente passou doze meses tentando controlar a inflação, cuja previsão é de 6,5% em 2011, como também tentou preservar a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto, que deve ser de 3% neste ano. "Se não acontecer nenhum fato interno que faça Dilma perder as rédeas do rumo político, o restante do mandato deve ser tranquilo", prevê Duarte Villa.

Promessa assumida durante a campanha eleitoral, o desenvolvimento sustentável ainda não virou uma marca do governo, opina o representante do Instituto Ethos. "Há muitos investimentos sendo feitos, muitos sem considerar padrões sociais, ou ambientais. É desejável que o governo tenha uma postura que equilibre essas dimensões. Crescimento de um país não é só crescimento econômico."


Por Nádia Pontes
Revisão: Carlos Albuquerque

Crianças imigrantes não denunciam abusos por medo de deportação

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A infraestrutura e segurança que são precárias em escolas públicas da América Latina e do Caribe são determinantes para a ocorrência de abuso sexual contra crianças e adolescentes. Esta é uma das conclusões de um relatório elaborado por organizações não governamentais que atuam na região. Entre os países pesquisados, Colômbia, México, Equador e Bolívia registraram o maior número de casos.

 
O relatório alerta que crianças, adolescentes e jovens imigrantes são mais vulneráveis a esse tipo de violência. Na maioria dos casos, eles não contam com documentos e não denunciam por medo de seus pais serem deportados para o país de origem.
Na Colômbia, entre 2004 e 2005, a Procuradoria recebeu 542 queixas de maus tratos e abusos sexuais cometidos em colégios públicos do país. Desse total, apenas 32 casos tiveram resolução.

http://media.salon.com/2011/05/when_a_parent_is_the_pimp-460x307.jpg
A situação mexicana aparece como a mais grave. Apenas na Cidade do México, entre 2001 e 2010, pelo menos 3.242 menores foram maltratados ou abusados no ambiente escolar.
O Equador registra um caso de abuso sexual a cada quatro estudantes. No país, segundo o Banco Mundial, existe uma "grave crise de violência sexual na população jovem”.
Já nas escolas bolivianas, mais de 100 agressões sexuais ocorrem somente em 2004. Neste caso, a punição máxima é a transferência de unidade, quando o agressor é o próprio professor.


Por Jorge Américo, na Radioagência NP

As Veias Abertas da América Latina – Download


Resenha PasseiWeb
Download catado no rodopiou.com
As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano
Essa é uma das grandes obras clássicas da literatura latino-americana. Leitura imperdível para aqueles que gostam, querem ou precisam entender a História da América Latina.
As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, foi publicado pela primeira vez em 1970 e editado em praticamente todos os países do continente, vários países da Europa e nos EUA.
Na obra o autor propõe um inventário dos 500 anos da história do continente retratando as suas principais bases: a economia agrícola e mineradora dominada pelo mercado internacional, com o objetivo de gerar lucros para a potência dominadora; a pobreza social como resultado de um sistema econômico externo e excludente, que privilegia uma minoria financeiramente capaz de integrar-se aos padrões de consumo; a opressão de governos centralizadores contra as minorias, produzindo genocídios e o caos social; a exploração do trabalho e as péssimas condições de sobrevivência para a grande maioria de sua população.
Num relato informal, para entender a história e a atual situação da América Latina, Galeano narra os fatos fora de uma seqüência cronológica, fazendo com que passado e presente conversem entre si na mesma obra, determinando o ponto de vista do autor: o continente foi e é peça importante no enriquecimento de poucas nações, e o preço que paga por isso é o seu subdesenvolvimento crônico, suas eternas crises sociais e seu status de colônia. A riqueza das potências é a pobreza da América Latina, diz Galeano em certa passagem do livro.
O livro mostra como os espanhóis e portugueses chegaram àquelas terras virgens no século XV e se aproveitaram das riquezas que o continente possuía. Os espanhóis, fixados desde o planalto mexicano até os Andes, tiveram sorte e encontraram ouro e prata nas primeiras andanças. Os portugueses, ocupando a faixa litorânea do Oceano Atlântico, tiveram de construir um império colonial à base da cana-de-açúcar enquanto não encontravam os metais. Embora em áreas diferentes, a tônica da exploração foi a mesma: trabalho forçado, agressão física, enriquecimento, opressão colonial. Os espanhóis encontraram dois exércitos de mão-de-obra disponíveis: os índios astecas no México e os incas no Peru. Estas civilizações, para o autor, retratam o caráter do domínio colonial: socialmente e militarmente evoluídas, foram destruídas nas minas e com o trabalho forçado nas mitas e encomiendas. Já os portugueses, depois de tentar a exploração dos índios nos engenhos de açúcar e não obter sucesso, transformaram-se no maior traficante de negros mundial. Vindos da África, os negros deixavam à força seus reinos para, em terras brasileiras, ser escravos e motor da produção açucareira.
Após narrar a glória desses centros produtivos de riqueza colonial que, como faz questão de ressaltar, não ficava na Espanha e nem em Portugal: destinava-se a pagar as dívidas que estes países tinham com a potência que lhes roubaria o domínio econômico da América: a Inglaterra, Galeano traz a exploração para o presente e fala da decadência dessas regiões. Citando a teoria marxista da divisão do trabalho entre operário e patrão, Galeano afirma que enquanto a Europa era o cavaleiro que levava as glórias, a América era o cavalo que fazia todo o serviço.
Apesar de longo, encontramos na obra de uma linguagem simples, não-acadêmica, que atrai o leitor. O autor procura compreender o processo de formação da região, discutindo os vários interesses existentes, desde as contradições internas, até a postura do imperialismo britânico e norte americano, dedicando inclusive alguns capítulos ao Brasil.