Nesta sexta-feira, 16 de dezembro, completam-se 35 anos da chamada “Chacina da Lapa”, o assassinato de três dirigentes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) por agentes do DOI-Codi (centro de repressão do Exército): Pedro Pomar, João Baptista Drummond e Ângelo Arroyo. Drummond foi morto primeiro, depois de ter sido preso e submetido a torturas; Pedro Pomar e Arroyo foram fuzilados sem esboçar qualquer reação quando os agentes invadiram o aparelho, uma casa no bairro da Lapa, onde os membros do Comitê Central do PCdoB estavam reunidos.
Corpos dos dirigentes do PCdoB mortos na Lapa |
Os dirigentes Aldo Arantes, Elza Monnerat, Haroldo de Lima, Joaquim de Lima e Maria Trindade, foram presos e torturados. A ação foi possível graças à traição de Jover Telles, membro do Comitê Central que tinha sido preso e cooptado pela repressão. A Chacina da Lapa foi o golpe de misericórdia na liderança da Guerrilha do Araguaia, cujos integrantes tinham sido quase todos exterminados pelo Exército.
O curioso é que este episódio – o último de matança sistemática de militantes revolucionários pelos órgãos repressivos da ditadura militar – ocorreu sob o comando do general “aberturista” Dilermando Gomes Monteiro, então comandante do II Exército, sediado em São Paulo. No início de 1976, ele havia substituído o facínora colega de farda e patente Ednardo D’Ávila Melo, defenestrado do comando daquela unidade pelo general-ditador Ernesto Geisel. O afastamento ocorrera depois das mortes seguidas, nas dependências do DOI-Codi, de Manuel Fiel Filho, em janeiro daquele ano, e de Vladimir Herzog, em outubro de 1975. Dilermando fazia parte do grupo que apoiava a abertura “lenta, gradual e segura” de Geisel contra a linha-dura, que queria manter a repressão “à outrance”.
General Dilermando |
Um basta à linha dura
Nova morte no Doi-Codi leva à queda do comandante do II Exército
No dia 17 de janeiro, três meses depois do assassinato do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do Doi-Codi em São Paulo (outubro de 1975), o metalúrgico Manoel Fiel Filho foi encontrado morto em sua cela, no mesmo local, um dia depois de ser preso sob a acusação de subversão. Como no caso de Herzog, o II Exército distribuiu nota afirmando que ele se enforcara na prisão. Dessa vez, no entanto, o presidente Ernesto Geisel dá um basta à linha dura e demite o comandante do II Exército, general Ednardo D'Ávila Melo. O episódio marcou o começo do fim do predomínio dos porões da repressão dentro do próprio regime militar.
Analistas especulam que a mão pesada da repressão naquele episódio tenha ocorrido devido à necessidade de Geisel mostrar firmeza frente à oposição armada – mesmo com esta completamente dizimada – depois do afastamento de Ednardo e da neutralização do centro de torturas do DOI-Codi em instalado na rua Tutóia, em São Paulo. A linha-dura estava ferida, mas ainda tinha músculos e força dentro do Exército..
Tanto que essa corrente só deixaria de representar ameaça ao projeto de poder dos “aberturistas” um ano depois, em outubro de 1977, quando Geisel demitiria o ministro do Exército, general Sylvio Frota, líder máximo da linha-dura e autodesignado candidato à sucessão presidencial.
Geisel enfrentou a linha-dura |
A morte de Manoel Fiel Filho (detalhe) na prisão leva Geisel a demitir o general Ednardo D' Ávila Melo |
Nova morte no Doi-Codi leva à queda do comandante do II Exército
No dia 17 de janeiro, três meses depois do assassinato do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do Doi-Codi em São Paulo (outubro de 1975), o metalúrgico Manoel Fiel Filho foi encontrado morto em sua cela, no mesmo local, um dia depois de ser preso sob a acusação de subversão. Como no caso de Herzog, o II Exército distribuiu nota afirmando que ele se enforcara na prisão. Dessa vez, no entanto, o presidente Ernesto Geisel dá um basta à linha dura e demite o comandante do II Exército, general Ednardo D'Ávila Melo. O episódio marcou o começo do fim do predomínio dos porões da repressão dentro do próprio regime militar.
Analistas especulam que a mão pesada da repressão naquele episódio tenha ocorrido devido à necessidade de Geisel mostrar firmeza frente à oposição armada – mesmo com esta completamente dizimada – depois do afastamento de Ednardo e da neutralização do centro de torturas do DOI-Codi em instalado na rua Tutóia, em São Paulo. A linha-dura estava ferida, mas ainda tinha músculos e força dentro do Exército..
Tanto que essa corrente só deixaria de representar ameaça ao projeto de poder dos “aberturistas” um ano depois, em outubro de 1977, quando Geisel demitiria o ministro do Exército, general Sylvio Frota, líder máximo da linha-dura e autodesignado candidato à sucessão presidencial.
General Sylvio Frota |
Derrotado internamente, esse setor partiria para ações terroristas, como o seqüestro de D. Adriano Hipólito, bispo de Nova Iguaçu, os atentados a bomba contra a ABI, a OAB e as bancas que vendiam jornais alternativos. O ápice dessas ações ocorreria em 1981, com a tentativa de fazer explodir o Riocentro que levaria ao afastamento do mago dos aberturistas, Golbery do Couto e Silva, então chefe da Casa Civil.
Terrorista morre ao explodir sua própria bomba acidentalmente, artefato concebido para ser detonado contra o povo em evento no Rio Centro. O ato sanguinário do terrorista era obediencial a orientação dos golpistas da linha dura. |
Hoje, os remanescentes desse bando de assassinos psicopatas estão nos Clubes Militares e nos Ternumas da vida.
Seria bom que a Comissão da Verdade esclarecesse esses fatos e tirasse o sossego dessa canalha...
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