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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O fracasso de Babilônia é um marco na decadência da Globo e da TV



Últimas cenas: o tempo das novelas passou

por : Paulo Nogueira

Num de seus mais admirados discursos da guerra contra o nazismo, Churchill disse: “Não é o fim. 
Não é nem o começo do fim. Mas é, talvez, o fim do começo.”
Depois de apanhar duramente dos alemães de Hitler, a Inglaterra enfim reagira sob Churchill.
Como Churchill magistralmente colocou, o nazismo não fora ainda liquidado. Mas alguma coisa 
mudara na guerra, e definitivamente, contra a Alemanha.
A sentença churchilliana pode-se aplicar, agora, à Globo, com o monumental fracasso de Babilônia.
Não é o fim da Globo, e nem o começo do fim. Mas é, provavelmente, o fim do começo do processo 
de dissolução da casa dos Marinhos.
Babilônia, com sua miserável média de 25 pontos, a pior da história das novelas do horário nobre, é 
um marco. É um registro da obsolescência da televisão como mídia, devastada pela internet.
Muitos teimam em atribuir o desprezo do público à má qualidade da novela, mas é um erro.
É como imaginar que uma carruagem, quando os automóveis começaram a dominar as ruas, vendeu 
pouco porque seu design era feio.
O problema é o produto.
Houve um tempo para novelas no Brasil, mas este tempo passou.
O interesse do público migrou para as enormes possibilidades oferecidas pela internet.
A falácia da explicação do Ibope tísico pela má qualidade se desfaz quando você observa os índices 
de audiência igualmente cadentes do Jornal Nacional, para ficar num caso.
Se fosse um problema meramente de qualidade, o comando do JN teria sido inteiramente trocado já 
faz tempo, mas a dupla Kamel-Bonner está firme.
Quanto tempo até o colapso?
É difícil precisar. Imaginava-se, no caso das revistas, que elas durariam mais tempo, como indústria 
respeitável financeiramente, do que efetivamente aconteceu.
Quatro anos atrás, quem haveria de imaginar que a Abril estaria hoje se desfazendo, como um doente 
que sofre ao mesmo tempo de câncer e de Alzheimer?
O público já tinha abandonado a Abril e suas revistas quando, com algum atraso, os anunciantes 
fizeram o mesmo.
Aí acabou.
Provavelmente é o que acontecerá, em breve, com a Globo. A audiência se foi, e em algum momento 
os anunciantes não terão escolha senão partir também.
Babilônia é um símbolo de que a Era da Tevê terminou.
Não é o fim da Globo, para repetir Churchill. Nem o começo do fim.
Mas tem tudo para ser o fim do começo do desmoronamento.

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