Por Fernando
Brito
Para quem
acredita na “sabedoria do mercado” aí está um bom argumento: o “mercado de
leitores” dos jornais das Organizações Globo – mesmo detendo, aqui no Rio de
Janeiro, um quase-monopólio – não para de encolher.
E que não se
culpe a crise, até porque o Grupo Globo
é o maior pregoeiro do “baixo-astral” econômico não é de hoje.
O coleguinha
Ivson Alves, um herói que mantém há quase 20 na rede o site Coleguinhas, apurou
os dados de circulação das publicações do Infoglobo e da Época (que é da
Editora Globo) e o resultado está a seguir.
Resultado que,
como diz o Ivson, não precisa de muitas considerações, porque se autoexplica e
explica – embora não justifique – as demissões em massa feitas com aquele
critério estranho – mas não raro entre os gestores “modernos” de empresas e
governos – segundo o qual diante de lucros menores barateia-se o produto
perdendo em qualidade.
Com isso,
claro, vende-se (ou arrecada-se) cada vez menos.
Mas isso não
vem ao caso, não é?
Os números do Infoglobo
Minhas fontes
também devem andar um tanto injuriadas com os passaralhos.
Só encontro
essa explicação para a rapidez com que responderam ao pedido de informações
sobre como anda a circulação dos principais veículos do Infoglobo e da Editora
Globo (para efeito de comparação), elas que são sempre tão reservas e lentas.
Aqui estão
eles e, logo abaixo de cada, uma análise – rápida porque não precisa ser
analista de cenário para ler os gráficos e tabelas, cujos números e curvas são
quase autoexplicativos.
1. Nos últimos
36 meses (agosto/2012 a julho/2015), a circulação somada dos dois principais
jornais do Infoglobo caiu 25% (perda de 1 a cada 4 leitores em três anos), de
438.423 para 328.576, com viés de queda constante, especialmente no caso do
Globo. Esse quadro explicaria a decisão de Frederic Kachar de fazer com Ascânio
Seleme (O Globo) e Octávio Guedes (Extra) reportem-se diretamente a ele, o que,
certamente, limitará a autonomia de ambos, se não de imediato, no médio prazo.
2. O caso mais
grave é do Extra, com redução de 32% (menos 1 a cada 3 leitores), de 199.993
(agosto/2012) para 135.815 (julho/2015). Essa forte queda talvez explique a
ordem para que Octávio Guedes dedique-se exclusivamente ao jornal, deixando sua
função na CBN.
3. Embora
melhor, a situação do Globo não se mostra nada confortável. Houve uma queda de
21,6% ( defecção de 1 a cada 5 leitores), de 248.430 para 194.761 (menos do que
o Extra há três anos), no período enfocado. Outro fator a considerar: olhando a
curva, observa-se que a queda do Globo é mais constante do que a do Extra, que
ainda comporta alguns picos, embora não cheguem a alterar significativamente a
trajetória de queda.
(Observação do
Tijolaço: não se pode usar apenas a internet como explicação para o decréscimo
da circulação: O próprio O Globo comemorava, em novembro de 2011, a marca recorde
de 264.382 jornais vendidos por dia no primeiro semestre daquele ano. Comparada
à média do 1º semestre deste ano (
4. Dentro
deste quadro, a Época pode ser considerada um caso de sucesso – talvez por
isso, Frederic Kachar tenha sido transferido da EdGlobo para a Infoglobo: a
queda foi de apenas 2,5%, de 389.698 para 380.018 exemplares, tomando-se por
base o período de 36 meses entre julho de 2012 e junho de 2015. No entanto, há
que se observar dois pontos:
a. A
resiliência dos leitores de revista é maior em comparação com os de jornal no
momento de abandonar a publicação – traduzindo: quem compra revista demorar
mais a deixar de lê-la do que os de jornal, especialmente quando se trata de
cancelar assinaturas.
b. Olhando-se
a tabela e a curva mais de perto, observa-se que entre o pico de novembro de
2013 (412.265 exemplares) e o fina do período (junho/2015) a queda de
circulação acentuou-se, chegando a 7,8% .
Brasil 247
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